- Lançamento do iPhone 15 não foi suficiente para mudar o humor em relação às ações da companhia
- Companhia tem mostrado dificuldades em crescer receita
- Apple enfrenta agora um grande revés em um de seus maiores mercados, responsável por 1/4 de suas vendas
O mercado se decepcionou com a Apple (AAPL) nesta terça (12) após o lançamento do iPhone 15. O evento não foi suficiente para mudar o humor em relação às ações da companhia, impactada negativamente com notícias vindas da China.
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Desde o último dia 5, quando bateu o sua maior marca de todos os tempos, a US$ 189,69, as ações da empresa caíram 7%. Na terça, em seu pior momento do dia, os papéis chegaram a cair 2,44% e abriram estáveis nesta quarta (13), a US$ 175,50.
Com o mercado pagando pela empresa um múltiplo de 27 vezes seu valor patrimonial, para alguns analistas a resposta é que os papéis já atingiram o seu teto.
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O anúncio demonstrou perda de fôlego para a Apple impor preço aos novos produtos. A linha do iPhone 15 será comercializada pelo mesmo valor do modelo anterior, com exceção do seu top de linha, o iPhone Pro, que teve um aumento de US$ 100.
“A Apple tem mostrado dificuldades em crescer receita, com três trimestres consecutivos de queda no balanço “, avalia o estrategista global da XP, Paulo Gitz.
A Apple enfrenta agora um grande revés em um de seus maiores mercados, responsável por 1/4 de suas vendas globais de iPhone, aparelho que representa metade de suas receitas. A China teria proibido o uso de smartphones de marcas estrangeiras por funcionários do governo central e está expandindo as restrições para governos locais e empresas estatais. “É uma notícia difícil de quantificar o impacto, mas pode chegar a 100 milhões de pessoas”, diz Gitz.
Guilherme Gentile, head de análise da Dividendos.me pondera que o mercado estima um crescimento de lucro de 3% nos próximos 2 anos, o que tornaria a atual relação preço / lucro da empresa muito esticada e injustificável. “É importante considerar que o mercado também leva em conta a qualidade da empresa e suas oportunidades de crescimento futuro, seja através do lançamento de novos produtos ou da expansão de suas ofertas existentes.”
Mercado de smartphones anda de lado
O sócio da Arbor Capital Matheus Popst avalia que o futuro é incerto para a fabricante do iPhone. “É uma empresa que está num mercado maduro, cujo pico de vendas foi alcançado em 2016”, diz. “Estamos em 2023 e o mercado de smartphones está nos mesmos níveis de 2013″, comenta.
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Para os analistas, a empresa de Tim Cook vai precisar se mostrar e, neste sentido, a companhia aposta em três frentes. A primeira seria a venda de assinaturas, como icloud, Apple TV e Apple Music e outros serviços, que já vem melhorando a qualidade da receita da empresa.
Ao embarcar na história de ser uma companhia de margem, a Apple também tem conseguido verticalizar a produção de chips, melhorando os resultados. “Mas sem crescer receita, a estratégia tem um limite”, avalia Gitz.
No longo prazo, outra aposta são os novos produtos como os óculos de realidade virtual e a terceira vertente seria melhorar o mix, impondo o seu pricing power, ou poder de ditar preços, quesito que decepcionou neste evento de lançamento do iPhone 15. Encarando esses fatores, e considerando os riscos geopolíticos, “é difícil de se animar”, diz Popst. “Parece difícil olhar o risco e esperar um retorno bom olhando para frente”.
Outro aspecto a ser considerado na operação são as taxas de juros em ascensão nos Estados Unidos. Juros têm relação inversa com a bolsa. Quanto maiores, menor devem ser os múltiplos das empresas que vão passar a ter menos lucros.
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Com todos os desafios colocados, para uma empresa que já chegou a ser negociada a 30 vezes lucro, ser avaliada a 27 vezes parece ser um múltiplo ainda mais esticado.