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Como o risco de déficit fiscal em 2024 impacta os títulos IPCA+

Entenda como as falas de Lula sobre o déficit zero influenciam o rendimento dos títulos atrelados à inflação

Como o risco de déficit fiscal em 2024 impacta os títulos IPCA+
Fernando Haddad, o ministro da Fazenda (Foto: Reuters/ Adriano Machado)
  • Aumento dos ruídos político-econômicos faz o mercado acreditar que o governo não cortará gastos
  • Mercado já havia precificado a dificuldade do governo em atingir a meta de déficit 0 no final de 2024
  • É importante manter uma carteira de renda fixa bem estruturada e diversificada

O título público IPCA + com 6% na ponta prefixada é considerado o número mágico do mercado financeiro. Entre gestores de investimentos e de fundos de pensão é visto como melhor investimento no longo prazo. E, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai à imprensa para falar que não vai cumprir a meta fiscal, ele dá o canto da sereia para a entrada no ativo.

Na última sexta-feira (27), o presidente Lula disse em coletiva que o déficit zero dificilmente seria alcançado em 2024, pois o governo não vai cortar investimentos. Quando a notícia estourou no início da tarde daquele dia, as taxas do DI futuro com vencimento de 10 anos marcava a menor cotação do mês de outubro, a 11,45% ao ano. Desde então, os juros passaram a beirar os 12%.

O mesmo aconteceu no site do Tesouro Direto. Na sexta, os títulos mais longos, como o Tesouro IPCA 2055 marcavam IPCA + 5,84%. Nesta segunda-feira (30), o mesmo papel já pagava IPCA + 5,93% e outros, como o Tesouro Renda + 2055, já estavam nos 6% de prefixado.

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A fala do presidente também repercutiu na previsão de inflação para 2024. No Boletim Focus divulgado na segunda, pelo Banco Central, com os agentes de mercado projetaram uma taxa de 3,90%, contra 3,87% do boletim divulgado na semana passada.

Lula paga mais aos credores

“As falas de sexta e desta segunda resultaram em uma abertura das curvas de juros, melhorando o ponto de entrada dos ativos prefixados e os atrelados ao IPCA. Vemos um prêmio importante nas curvas de juros, o que justifica alocações nesses indexadores”, avaliou Odilon Costa, estrategista de renda fixa e crédito privado do Grupo SWM.

O especialista também faz referência à reação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que se negou a responder se o governo está comprometido com a meta de zerar o déficit das contas públicas no ano que vem.

O analista Vitor Miziara, sócio da Performa Ideias e colunista do E-Investidor, lembra que o aumento dos ruídos político-econômicos, faz o mercado acreditar que o governo não cortará gastos e precisará se endividar mais pagando mais juros a seus credores, ou seja, o investidor de títulos públicos.

“Em cenário de juros altos, sorri aquele que pode investir, chora aquele que precisa de dinheiro emprestado”, diz Miziara.

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Quando o governo fala que vai gastar mais, o mercado começa a embutir mais juros na curva de médio e longo prazo, esperando mais inflação no futuro, apesar de o comportamento de curto prazo ser benigno. É esperado que o Banco Central corte as taxas de juros nesta quarta-feira em 0,5 ponto percentual, baixando a taxa Selic dos atuais 12,75% para 12,25% ao ano.

Prefixado para quem tem fé

Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos diz que, independentemente de os juros reais a serem pagos pelo governo, é importante manter uma carteira de renda fixa bem estruturada e diversificada com inflação e juros pré e pós-fixados.

“Como a expectativa de inflação tende a subir, a alta dos títulos prefixados tende a ser maior em proporção aos títulos indexados à inflação”, diz Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos.

Esta posição, no entanto, só é válida para quem acredita que a pressão inflacionária não terá impactos no longo prazo. Ou seja, é ideal para o investidor que acredita que as declarações de Lula são apenas ruído político e que o governo, apesar das dificuldades de entregar o déficit zero, não vai flertar com a irresponsabilidade fiscal.

Caso contrário, os juros voltam a patamares ainda mais elevados e assim, os títulos prefixados começam a ter marcação negativa com base nos preços atuais.

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Isso acontece porque, ao aplicar nestes títulos, o investidor deve considerar como a inflação pode impactar o valor real do dinheiro ao longo do tempo. Quem fecha num título que paga 11,69% ao ano, como era o caso do Tesouro Prefixado 2029 nesta segunda (30), precisa torcer por uma inflação decrescente no período, de forma a obter um rendimento real menos impactado pela flutuação dos preços.

“Como o momento é de muita incerteza, uma carteira equilibrada de renda fixa deve prezar pela diversificação, com um pouco de inflação, um pouco de pós e um pouco de pré”, diz Sueishi, lembrando que os título prefixados têm o indexador de maior risco e volatilidade da carteira.

Carteira bem fundamentada é anti-ruído

O professor Marcos Milan, da FIA Business School, concorda que a o ruído causado pelo presidente Lula abre espaço para o investidor que busca ganhar com a especulação. “O resultado é mercado financeiro em polvorosa, queda na Bolsa, alta no dólar e perspectiva de alta nos títulos públicos indexados à inflação (nosso sempre querido IPCA+)”.

Milan lembra que o mercado já havia precificado uma dificuldade de o governo de atingir a meta de déficit 0 no final de 2024, “mas uma coisa é a precificação do mercado, outra coisa é ouvir isso saindo da boca do próprio presidente da república”.

Apesar do ruído, o professor diz que o investidor não deve mudar sua estratégia de investimentos, já que uma política de investimentos eficiente atende necessidades de curto, médio e longo prazos. Isso, naturalmente, envolve ativos que protejam o dinheiro da inflação. “O Tesouro IPCA+ está entre os ativos que devem compor uma estratégia bem estruturada.”

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Na avaliação de Milan, uma eventual necessidade de balanceamento na carteira de investimento, seja para aumentar ou reduzir sua posição em IPCA+, não deve ocorrer após uma fala, “ainda que seja do presidente da República, mas de uma análise fria e fundamentada da sua carteira e do ambiente econômico como um todo.”

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