- A TIM (TIMS3) viu seu lucro subir 53% no 3TRI23
- No 2TRI23, a alta foi superior a 100%
- A matriz tem 26 bilhões de euros em dívidas
A TIM (TIMS3) viu seu lucro subir 53% na comparação entre o terceiro trimestre de 2023 com igual etapa de 2022. A tele obteve R$ 724 milhões de julho a setembro deste ano, o que reforça a tese de que a companhia tem uma operação saudável no Brasil. No entanto, o Grupo Tim, da Itália, dono do ativo brasileiro, sofre pressão para vender a empresa.
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A matriz tem 26 bilhões de euros em dívidas e a solução, proposta por alguns de seus acionistas, passa pela alienação de parte do portfólio, incluindo a TIM Brasil, mesmo em face dos lucros recorrentes que a empresa apresenta. Para se ter ideia, no segundo trimestre de 2023 a tele reportou alta de 104% nos lucros, e alta de 4% no 1TRI23.
Na prática, os acionistas preferem reforçar o caixa do Grupo TIM, de maneira a evitar demissões na Itália, bem como impedir que ativos italianos sejam vendidos a conglomerados estrangeiros. Outro ponto que torna a decisão controversa é o fato de o Grupo TIM ser controlado pela francesa Vivendi (23,8%). O governo italiano, por sua vez, figura no quadro de acionistas por meio do Banco CDP (9,8%).
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Grande reestruturação
O especialista em renda variável e sócio da Davos Investimentos, Marcelo Boragini, explica que o Grupo TIM passa por uma grande reestruturação na Itália, após dívidas bilionárias, e a venda da subsidiária brasileira tem sido considerada.
Segundo ele, a Vivendi se mostra satisfeita com o plano de reestruturação apresentado pela administração, mas o governo italiano pode modificar o projeto e até forçar a venda da subsidiária brasileira.
“Os papéis do governo italiano são golden share, ou seja, dão direito a veto em questões estratégicas. Ainda que a venda da TIM Brasil avance, não dá para projetar o que pode acontecer com a ação da companhia”, diz, acrescentando que o mercado local se mostra otimista para com o ativo”. “O papel teve um rally forte recentemente, reportando alta de 35% esse ano.”
Em relação a uma possível adquirente, Boragini descarta a hipótese de compra por parte da Claro ou Vivo (VIVT3), por conta do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e da própria Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL). “Estas, dificilmente aprovariam o negócio, lembrando que recentemente aconteceu o fatiamento da OI Móvel entre as três principais teles do Brasil”, ressalta.
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Desta forma, se a venda acontecer, provavelmente será um comprador estrangeiro.
Sem chances de ‘prosperar’
Já Pedro Guedes Brock, analista da Hike Capital, afirma que apesar do movimento por parte de um grupo minoritário de acionistas ter solicitado a renúncia do presidente da companhia, Pietro Labriola, e a venda da TIM Brasil ter levantado dúvidas, a alienação não tem chances de prosperar.
“Os acionistas apresentam um discurso nacionalista, e mesmo que o governo se posicione ao lados deles, ainda assim continuam sem votos suficientes para avançar com as iniciativas propostas”, ressalta, citando, inclusive, o golden share do CDP.
O analista lembra, ainda, que o Grupo TIM e o governo Italiano já fecharam o acordo para a venda da Necom (braço da TIM na Itália no segmento de fibra ótica) à KKR (EUA), aparente estopim para a iniciativa, garantindo certo nível de controle da companhia pelo governo local.
Entretanto, se a TIM Brasil for vendida, a tendência é de valorização das ações, segundo Brock, para quem tanto a Claro quanto a Vivo poderiam fazer alguma proposta, principalmente porque já contam com uma estrutura montada e robusta no mercado brasileiro.
Concentração de mercado
Para Brock, a TIM Brasil, assim como as demais empresas de telecomunicações, têm sido beneficiadas com a saída da OI (OIBR3; OIBR4) da telefonia móvel. Também pelo fim dos pagamentos pelas companhias à infraestrutura adquirida da OI.
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Ele destaca que com a concentração de mercado e a racionalização deste, ela está aumentando a margem por cliente em um segmento em que é forte: a telefonia móvel.
Ainda que a mudança na tributação dos juros sobre capital próprio e a competitividade do setor limitem a capacidade de crescimento da TIM, elenca, a companhia apresenta resultados sólidos com a consolidação da sua carteira de clientes de telefonia móvel e uma larga avenida de crescimento em outros setores como telefonia fixa e internet por fibra. “Portanto, as ações têm se valorizado, sustentadas em bons resultados e boas perspectivas”, conclui.