- A distribuição de bons dividendos é um sinalizador importante da solidez de uma empresa
- Somadas, a distribuição de dividendos da Petrobras e Vale alcançaram quase o mesmo valor do que as outras 351 empresas
- A diminuição na distribuição de dividendos reflete os humores do mercado
Além de fazer a alegria dos acionistas, a distribuição de bons dividendos é um sinalizador importante da solidez de uma empresa. Quem paga dividendos com regularidade demonstra estabilidade financeira, gestão confiável e, como consequência, se revela atrativo para a captação de novos investidores.
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Neste final de ano, acionistas de diversas empresas listadas na B3 (B3SA3) devem receber um presente recheado do Papai Noel. Porém, uma análise de todas as empresas — excluindo as gigantes Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3) — mostra que houve um recuo nos dividendos pagos até setembro. O montante chegou a R$ 95,1 bilhões contra R$ 160,5 bilhões no ano passado. O valor é o menor desde a pandemia, como se pode observar na Tabela 1.
Somadas, Petrobras e Vale distribuíram quase o mesmo do que as outras 351 empresas: R$ 94,2 bilhões, o que dá uma ideia do seu peso no mercado. O montante, porém, representa uma queda substancial em relação ao que pagaram no ano passado: R$ 230,7 bilhões. No entanto, é bom lembrar que, em 2021 e 2022, a dupla se destacou por encher o bolso dos acionistas.
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No ano passado, a Petrobras bateu o recorde de volume de dividendos pagos por uma empresa de capital aberto: R$ 194 bilhões. De qualquer forma, as projeções indicam que ambas devem desembolsar até dezembro R$ 119,7 bilhões, o que representaria um recuo de 48% em relação a 2022 e de 19% em relação a 2021.
A diminuição na distribuição de dividendos reflete os humores do mercado. Desde incertezas em relação à reforma tributária, com discussões sobre tributação de dividendos e o fim dos juros sobre capital próprio (JCP), à uma abordagem mais cautelosa das empresas, priorizando a manutenção de recursos em caixa em vez de distribuí-los aos acionistas.
No caso da Vale e da Petrobras, a primeira sofreu com as consequências da redução da demanda global por minério de ferro, principalmente por causa da desaceleração da economia chinesa; na Petrobras houve uma reorientação do governo em relação à política de distribuição de dividendos.
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A análise por setor revela fotografias interessantes. Mostra, por exemplo, que os intermediários financeiros foram o destaque em 2020, 22 e 23, enquanto as empresas de energia elétrica lideraram em 2021 (aqui uma vez mais excluindo Petrobras e Vale).
Dos 42 setores verificados até setembro, dezoito (233 empresas) desembolsaram mais de R$ 1 bilhão em dividendos. Os três setores mais representativos -- intermediários financeiros, energia elétrica e previdência e seguros, somando 65 empresas --, responderam por mais 50% do total distribuído pelas empresas da amostra.
A lista dos que pagaram mais de R$ 2 bilhões em dividendos até o terceiro trimestre (Tabela 2) soma 11 empresas. Traz a Petrobras no primeiro posto, com R$ 76,4 bilhões, e a JBS (JBSS3) fechando o levantamento, com R$ 2,2 bilhões. Destaque para a BB Seguridade (BBSE3), que distribuiu R$ 6,9 bilhões em nove meses, aumento de 77% em relação aos 12 meses de 2022. Itaú Unibanco (ITUB3; ITUB4) e Weg (WEGE3) também superaram os valores de 2022, em 47% e 22%, respectivamente.
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O ano foi de queda, é verdade, mas longe de azedar a ceia de Natal.