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Ibovespa hoje: Azul (AZULL4), Gol (GOLL4) e Embraer (EMBR3) são os destaques negativos do dia

Ibovespa hoje: Azul (AZULL4), Gol (GOLL4) e Embraer (EMBR3) são os destaques negativos do dia
Foto: Divulgação
  • O Ibovespa encerrou o pregão desta terça-feira (29) em baixa de 1,15%, aos 93.580,35 pontos, e teve giro financeiro de R$ 23,5 bilhões
  • As três ações que mais perderam preço no dia foram Azul (AZULL4), Gol (GOLL4) e Embraer (EMBR3)

Nas duas primeiras sessões desta semana, o Ibovespa, pressionado pelos temores de que a situação fiscal se agrave por iniciativa do governo, perdeu as linhas de suporte de 95 mil e de 93,8 mil, após ter iniciado a semana anterior cedendo outra referência importante, abaixo dos 97 mil. Hoje, fechou em queda de 1,15%, aos 93.580,35 pontos.

O dia negativo no exterior, em meio à expectativa para o primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden na disputa pela Casa Branca, contribuiu para que a B3 seguisse ao sabor da ventania de ontem.

Agora no menor nível de fechamento desde 16 de junho (93.531,17 pontos), o índice emendou a terceira sessão negativa, hoje com giro financeiro a R$ 23,5 bilhões, após os R$ 27,5 bilhões do dia anterior, quando o governo pareceu jogar gasolina na fogueira ao destacar um líder político, Ricardo Barros (PP-PR), para explicar diretamente ao mercado a ideia de usar recursos destinados a precatórios e ao Fundeb para financiar o futuro Renda Cidadã, programa que deve substituir o auxílio emergencial a partir de 2021.

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Sem sinais de que o governo voltará atrás, o mal-estar se estendeu à sessão de hoje, conforme se esperava. Na semana, o Ibovespa acumula perda de 3,52%, elevando a do mês a 5,83% e a do ano a 19,08%.

Ontem, a referência do ministro Paulo Guedes ao “timing político” – após ter afirmado recentemente que confia na intuição política do presidente Bolsonaro – e a ausência de integrantes da área econômica na aproximação ao mercado fizeram acender uma luz amarela: o poder de influência do fiador da política econômica teria encolhido ou, ainda pior, Guedes estaria dando anuência a sugestões da ala política mesmo que ao custo de pilares como o teto de gastos. Assim, a palavra “pedalada”, que marcou o fim do governo Dilma Rousseff, em 2016, retornou ontem ao vocabulário corrente – e mesmo outro termo nada eufemístico, “calote”.

“Redirecionar verba que seria para dívida não paga é decretar pela segunda vez que a dívida não será paga – e há pareceres de juristas contra isso. Redirecionar recursos do Fundeb para complementar orçamento para os mais carentes é um desvio de finalidade, que não terá apoio de prefeitos e governadores. O que tivemos então, mais uma vez, foi uma proposta ruim em um momento ruim”, observa Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura, chamando atenção para o déficit público que tem se acumulado com as medidas excepcionais adotadas durante a pandemia.

Hoje, o presidente Jair Bolsonaro fez um apelo ao mercado financeiro por sugestões para solucionar problemas sociais em 2021 e citou um “possível estudo” de vendas de estatais para bancar programas como o Renda Cidadã – mas a indicação não arrefeceu o mercado, acostumado a idas e vindas na retórica presidencial, especialmente sobre empresas públicas.

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Em conversa na manhã de hoje com apoiadores, o presidente pediu ajuda “com sugestões e não com críticas”. Apesar de negar estar mandando um recado ao “pessoal do mercado”, Bolsonaro afirmou que “se o Brasil for mal, todo mundo vai mal”.

Com a aversão ao risco político, as perdas se distribuíram por empresas e setores na sessão. As três piores perdas foram de Azul (-7,71%), seguida por Gol (-5,72%) e Embraer (-4,09%). Confira o que influenciou o desempenho desses três papéis.

Azul (AZULL4): -7,71%
Gol (GOLL4): -5,72%
Embraer (EMBR3): -4,09%

Com relatório do Bradesco BBI rebaixando recomendação dos papéis preferenciais de Azul de ‘outperform’ (desempenho acima da média do mercado) para neutra, além das preocupações envolvendo o avanço de uma segunda onda da pandemia do novo coronavírus na Europa, as ações ligadas a companhias aéreas e viagens encerraram a sessão desta terça-feira como as quatro principais quedas no Ibovespa. Azul PN recuou 7,71%, Gol PN caiu 5,72%, Embraer ON teve perda de 4,09% e CVC ON se desvalorizou em 3,88%.

“Existem três fatores bem claros pesando no setor aéreo nesses últimos dias: há a questão da aversão generalizada ao risco que acaba impactando os papéis, mas também a segunda onda do coronavírus e o fato deles estarem com preços bem esticados”, aponta Paloma Brum, economista da Toro Investimentos. Ela aponta que a retomada econômica apresentada até aqui ajudou as ações a recuperar parte do valor perdido desde o início da pandemia, mas as vê em um topo.

No relatório do Bradesco sobre a Azul, os analistas Victor Mizusaki e Gabriel Rezende veem que, em um cenário otimista, com a aprovação de uma vacina contra a covid-19 e sua disponibilização a uma ampla camada da população, o preço-alvo da Azul iria a R$ 40, 67% acima do último fechamento. No entanto, uma segunda onda da pandemia no País ou a alta do dólar a R$ 6 levariam o preço a cair a R$ 15, ou 59,6% abaixo do preço de hoje.

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“Tanto Gol quanto Azul são empresas que provavelmente vão ver suas operações retornando aos patamares habituais quando a situação do coronavírus se resolver. Mas esse é o grande problema, ainda não sabemos de fato quando isso vai acontecer, e essa segunda onda mostra como essa recuperação ainda é incerta”, pondera a economista.

“Para piorar ainda há toda a questão fiscal aqui no Brasil e essa volatilidade que vai se manter nos mercados de Nova York até a definição das eleições norte-americanas”, diz Gabriel Mota, operador de renda variável da RJ Investimentos. Ele aponta que CVC e Embraer costumam acompanhar o movimento porque elas atuam em pontas diferentes da cadeia do setor aéreo. “Você só vai voltar a vender pacotes de viagens ou fazer novos pedidos de aeronaves quando a situação estiver controlada.”

Dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) divulgados na manhã desta terça-feira mostram que a demanda global por transporte aéreo (medida pela relação passageiro-quilômetros transportados, ou RPK, no jargão do setor) apresentou queda de 75,3% em agosto na comparação com igual mês de 2019 e retomada tímida na comparação com julho, quando foi registrada queda contra igual mês de 2019 de 79,5%.

*Com Estadão Conteúdo

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