- Os dois bancos foram responsáveis pelo avanço da bancarização no Brasil e têm trajetória semelhante no mercado de ações
- Desde a estreia nas bolsas de valores dos Estados Unidos, o mercado acompanhava com dúvidas a capacidade das instituições de gerar lucro
- Hoje, os neobancos reportam lucros bem acima dos trimestres anteriores. No entanto, os analistas têm o seu papel preferido. Veja!
Os bancos digitais Nubank (NU) e Inter (INTR) têm conquistado a confiança do mercado à medida que mostram a sua capacidade de gerar valor aos seus acionistas. Em fevereiro, as duas instituições financeiras com listagem em bolsas nos Estados Unidos reportaram lucros acima da expectativa dos analistas durante a divulgação do balanço referente ao último trimestre do ano passado.
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As empresas apresentam ganhos de até 55% desde o IPO (Oferta Pública de Ações). Apesar dos avanços vistos dos dois lados, os analistas de mercado têm a sua preferência.
O Inter foi o primeiro a apresentar os seus resultados aos investidores. Nos meses de outubro a dezembro de 2023, o banco digital entregou um lucro líquido de R$ 160 milhões. O volume corresponde a uma alta de 53% em relação ao trimestre anterior e cinco vezes maior em relação ao mesmo período de 2022. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) também agradou aos investidores ao subir 6,9 pontos percentuais em um ano. O indicador saiu de 1,6% no quatro trimestre de 2022 para 8,5% no último trimestre.
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“Os resultados refletiram sólida geração de receitas e ganhos de eficiência, enquanto a qualidade dos ativos permaneceu controlada”, informou o Bank Of América em relatório sobre os resultados do Inter. As melhorias operacionais da companhia dos últimos trimestres se refletem no desempenho do papel. As ações do Inter, negociadas na bolsa Nasdaq, nos Estados Unidos, subiram 55% desde o seu IPO, em junho de 2022, segundo dados da Economatica.
O mesmo movimento acontece com o Nubank (NU). Assim como o Inter, as ações do roxinho também são negociadas nos EUA, na bolsa de Nova York. Recentemente, como mostramos nesta reportagem, o banco digital ganhou holofotes ao recuperar pela primeira vez em dois anos a cotação de US$ 9, precificada durante o seu IPO. Além disso, o neobanco conseguiu igualar os custos e despesas operacionais com a receita no terceiro trimestre de 2022. Na época, o Nubank surpreendeu o mercado com um lucro líquido de US$ 7,8 milhões e uma receita de US$ 1,3 bilhão.
Agora, no quatro trimestre de 2023, o roxinho entregou um lucro líquido ajustado de US$ 395,8 milhões, um crescimento de 248% em comparação ao mesmo período do ano passado. Se olharmos o resultado do ano, o lucro foi de US$ 1,2 bilhão. Ou seja, quase seis vezes maior do que o montante registrado em 2022, que ficou na casa dos US$ 204 milhões.
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“Ambos são bancos que possuem boas perspectivas para 2024, especialmente pela postura agressiva em produtos e serviços, além de um nível de custo fixo muito mais baixo quando comparado aos incumbentes do segmento”, diz Matheus Nascimento, analista da levante corp.
Qual é a ação preferida dos analistas?
As melhorias operacionais dos dois bancos são evidentes e conquistaram a confiança do mercado nos últimos meses. No entanto, os resultados positivos não significam automaticamente uma oportunidade de investimento diante dos desafios que ainda pairam em torno do negócio das empresas. Rafael Ragazi, sócio e analista de Ações da Nord Research, por exemplo, enxerga que o banco Inter deve ter prioridade na carteira dos investidores por apresentar múltiplos menores em comparação aos do Nubank.
“O Nubank negocia a 10 vezes o seu patrimônio líquido, enquanto o Inter negocia a 1,4 vezes seu patrimônio líquido. O Inter também tem um potencial semelhante ou até maior de crescimento em relação ao Nubank”, diz Ragazi. A diferença entre outros indicadores também torna o Inter mais atraente em relação ao seu concorrente. A receita média por cliente do roxinho é de apenas R$ 1 a mais do que a do seu concorrente, enquanto o custo de aquisição de clientes do Inter costuma ser mais baixo do que o do Nubank.
Milton Rabelo, analista da VG Research, também possui a mesma perspectiva. Embora o Nubank tenha avançado nos seus resultados operacionais, ele avalia que há uma precificação exageradamente positiva. “Em função do valuation e por ter um ecossistema mais completo de serviços, acreditamos que as ações do Banco Inter oferecem mais margem de segurança”, diz Rabelo.
Já o Itaú BBA pensa diferente. O banco reitera a sua preferência pelas ações do Nubank por enxergar um potencial de crescimento maior em relação ao Inter, além de possuir uma operação de crédito mais qualificada. “O Nubank teve sucesso em escoar produtos de crédito, principalmente, voltados para o cartão de crédito. Por exemplo, um terço da base dos clientes do Inter tem cartão de crédito. Já no Nubank, mais de 60% dos seus clientes têm cartão de crédito”, destaca Pedro Leduc, analista de bancos e serviços financeiros no Itaú BBA.
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A perspectiva sustenta a recomendação de compra para o Nubank com um preço-alvo de US$ 12 para o ano de 2024. Em relação ao Inter, o Itaú BBA enxerga melhorias operacionais e o bom desempenho do que banco, mas prefere manter uma recomendação neutra com um preço-alvo de US$ 6.