- Investimentos maciços em tecnologia e apetite de compra de outras empresas são algumas das vantagens competitivas de Magazine Luiza (MGLU3)
- Entrega consistente de resultados, que continua surpreendendo os investidores, ajuda a explicar a precificação do papel, acima dos pares
- Há quem entenda, porém, que os preços já estão esticados e não há grande potencial de valorização para o papel
O setor de varejo eletrônico ainda vive um bom momento. Depois de um belo empurrão no primeiro semestre, quando o confinamento obrigatório mostrou à população as maravilhas das compras on-line, os primeiros sinais de uma retomada da economia são um novo alento para as vendas.
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O Dia das Crianças deste ano deu uma boa amostra da vitalidade do e-commerce. De acordo com a Ebit|Nielsen, as vendas digitais para essa data saltaram 28% em relação a 2019, chegando a R$ 3,1 bilhões.
E os meses que faltam até o final do ano têm tudo para registrar novo aumento no ritmo dos negócios. Afinal, novembro é a vez da Black Friday e, logo depois, o País já entra em ritmo de compras de Natal.
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Principal player do setor, a Magazine Luiza (MGLU3) acaba de fazer mais um desdobramento de ações, de uma para quatro, o que facilita a entrada de mais investidores pessoa física. Ela tem muitos trunfos a seu favor, mas, devido aos preços já esticados, há casas que não recomendam a compra do papel.
Tecnologia, entrega de resultados e aquisições são vantagens competitivas
Pedro Serra, gerente do research da Ativa Investimentos, diz que o mercado tem uma visão muito positiva de Magazine Luiza porque a empresa é bem gerida e fez investimentos maciços em tecnologia. “Ela tem uma operação logística muito redonda, que funciona bem e é reconhecida pelo consumidor, o que gera solidez”, afirma.
Outra vantagem competitiva é o apetite de compra de outras empresas de varejo eletrônico, como Netshoes, Estante Virtual e Hubsales. “Tudo isso gera muito valor, as margens dilatadas estão aí. E a ela ainda está aberta a continuar com as aquisições, o que pode ampliar sua participação no mercado”, diz Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.
Carolina Ujikawa, head de equity research da Mauá Capital, afirma que a valorização da empresa é fruto de sua assertividade e capacidade de entrega, com resultados que vêm surpreendendo positivamente o investidor há pelo menos quatro trimestres.
“Ela negocia a múltiplos mais altos que os pares. Mas continua crescendo, gerando receita com rentabilidade. A B2W, por exemplo, cresceu por muito tempo sem dar lucro”, compara.
Via Varejo é rival que deve ser considerada
João Guilherme Penteado, CEO da Apollo Investimentos, também vê na entrega de resultados consistentes o motivo pelo qual Magazine Luiza está precificada acima dos pares. Por essa razão, ele diz que a empresa é um case confortável para os investidores mais conservadores.
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“Por outro lado, há outros atuantes que estão subprecificados e podem representar oportunidades maiores, mas também com risco maior”, pondera. “A Via Varejo era mal precificada por causa da gestão anterior, mas agora está sendo remodelada e isso está se corrigindo.”
José Francisco Cataldo, superintendente de research da Ágora Investimentos, diz que a Via Varejo (VVAR3) hoje tem um valuation mais atraente que a rival. “Mas, em termos de resultados, tudo dependerá da parte financeira”.
A Toro Investimentos tem recomendação neutra para o papel da companhia de Luiza Trajano, mesmo reconhecendo o êxito de sua operação digital eficiente e bem azeitada.
“Enxergamos um potencial limitado de crescimento dos preços no horizonte de médio prazo. Apesar de ser uma excelente empresa, não entendemos que o preço da ação está atrativo”, justifica o analista Lucas Carvalho.
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Ele também reconhece os méritos da Via Varejo, que fez uma forte imersão no canal digital. “Não é à toa que seus preços se valorizaram tanto do inicio da pandemia para cá. Em março o papel custava R$ 3,50 e hoje negocia na faixa de R$ 18 a R$ 20.”
A Ativa é outra com recomendação neutra para Magazine Luiza, que, segundo a corretora, está com os preços “muito esticados”.
“Nossa recomendação de compra é para Lojas Americanas, que consideramos o melhor player do setor. É uma empresa muito capitalizada, que também está investindo pesado em tecnologia, mas com um nível de valuation melhor que o de Magazine Luiza”, afirma Pedro Serra, gerente de research da corretora.
Ujikawa diz que a Mauá está comprada em Magazine Luiza desde setembro de 2017. Ela também gosta da Via Varejo, mas ressalva que o histórico da empresa com a nova gestão ainda é curto e, por isso, o investidor de longo prazo tende a preferir os resultados seguros de Magazine.
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“Os dois players negociam bem com fornecedores e possuem equipes de suprimentos e logística muito boas. Ambos têm capacidade de aumentar seu market share“, conclui.