- Apesar do corte nos juros no último dia de janeiro, o mês foi visto com entusiasmo para o Tesouro Selic (pós-fixado), com taxa ainda de dois dígitos. Alguns títulos prefixados e atrelados à inflação, todavia, tiveram variação negativa no segundo mês do ano.
- Victor Tâmega, gestor de crédito privado e infraestrutura da Rio Bravo, explica que houve uma abertura importante na curva de juros, principalmente dos vencimentos médios e longos.
- Com mais uma reunião do Copom marcada para março, com indicativo de mais um corte na taxa básica de juros, a expectativa é de redução de rentabilidades dos títulos pós-fixados. Outro ponto de atenção recai no resultado do IPCA.
O cenário para o Tesouro Direto tomou rumos distintos em fevereiro para as opções de títulos disponíveis no mercado. Apesar do corte nos juros no último dia de janeiro, o mês foi visto com entusiasmo para o Tesouro Selic (pós-fixado), com taxa ainda de dois dígitos. Alguns títulos prefixados e atrelados à inflação, todavia, tiveram variação negativa no segundo mês do ano.
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“Fevereiro iniciou com uma taxa Selic menor, uma vez que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), anunciada em 31 de janeiro, reduziu a taxa para 11,25% ao ano”, contextualiza Maria Luisa Nepomuceno, analista de renda fixa da Nord Research.
A analista considera “atrativa” a rentabilidade dos títulos pós-fixados, mas já adianta que um novo corte na taxa, possivelmente de 0,50 ponto porcentual neste mês de março, deve reduzir os ganhos desses títulos. “Neste mês teremos mais uma reunião do Copom (19 e 20 de março), que deve reduzir a Selic para 10,75% ao ano. Com isso, os títulos Tesouro Selic devem passar por uma nova queda na rentabilidade”, sinaliza Nepomuceno.
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Sharon Halpern, sócia e private banker da Blackbird Investimentos, acrescenta que a curva de juros dos pós-fixados fechou fevereiro perto da estabilidade, com uma pequena inclinação. Entre a semana encerrada no sexta-feira (23) e a que se iniciou nesta segunda-feira (26), por exemplo, ela detalha que a diferença entre contratos com vencimento em janeiro de 2026 e de 2033 saiu de 0,839% para 0,865%.
“A curva, portanto, apresentou um ganho singelo na inclinação, influenciado principalmente pela ata do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) com tom hawkish (mais duro), pelas incertezas acerca da dinâmica da economia norte-americana e pelas perspectivas mais positivas para o cenário fiscal doméstico”, diz Halpern.
Títulos do Tesouro Direto prefixados e IPCA+
Victor Tâmega, gestor de Crédito Privado e Infraestrutura da Rio Bravo, explica que houve uma abertura importante na curva de juros – o que significa uma expectativa de juros mais altos no futuro –, principalmente dos vencimentos médios e longos. “Esses prefixados tiveram retorno negativo. Vimos movimento semelhante nos títulos indexados à inflação, as NTN-Bs (nome técnico dado ao Tesouro IPCA+), com abertura principalmente nas mais curtas e com menor intensidade nas mais longas”, diz Tâmega.
O impacto na curva de juros ocorreu principalmente pela divulgação de dados referentes ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro, acima das expectativas do mercado. “O resultado abalou os juros futuros, resultando em aumentos nas taxas de prefixados e títulos IPCA+ no mês de fevereiro”, diz Nepomuceno. Com isso, os prefixados de vencimentos longos e os títulos IPCA+ com vencimentos curtos apresentaram altas, o que reduziu a rentabilidade no mês para os investidores posicionados para a queda da taxa de juros, destaca a analista da Nord.
Além dos dados domésticos, também foi fonte de pressão para essas classes de títulos dados relativos aos juros futuros dos Estados Unidos, bem como de expectativas de inflação.
Entre os destaques, Halpern aponta que, após a divulgação do Boletim Focus desta semana, os ativos prefixados demonstraram uma alta, com destaque para o papel com vencimento em 2031. “No dia 27, o rendimento da maioria dos títulos de inflação operou em alta. Os papéis do Tesouro IPCA+ 2029 e 2035 subiram a 5,52% e 5,65%. Já o de vencimento em 2045 teve leve queda a 5,73%”, acrescenta a sócia da Blackbird.
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Veja a seguir como oscilaram as principais taxas dos títulos do Tesouro Direto neste mês.
O que esperar para março no Tesouro Direto?
Com mais uma reunião do Copom marcada para março e indicativo de mais um corte na taxa básica de juros, a expectativa é de redução de rentabilidades dos títulos pós-fixados. Outro ponto de atenção recai sobre o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). “Conforme a sazonalidade, o resultado deve apresentar reduções em serviços subjacentes e, consequentemente, pode auxiliar na queda das taxas de juros futuras. O IPCA-15 de fevereiro antecipou a possibilidade deste resultado”, indica Nepomuceno.
Dados vindos do exterior também trazem impactos. Uma sinalização nos Estados Unidos de que os cortes nos juros estão próximos pode ajudar a reduzir as taxas futuras no Brasil, auxiliando na redução das taxas dos títulos prefixados e do IPCA+.
“Se vermos um fechamento na curva de juros, os ativos prefixados têm chance de ter uma marcação a mercado positiva. Porém, isso depende muito dos dados macro que sairão ao longo do mês”, observa Halpern. “No caso dos títulos IPCA+, também dependemos dos dados macroeconômicos e da expectativa de inflação. Ambos vindo melhores do que o esperado, teremos uma performance positiva (na rentabilidade).”
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