Após uma manhã de instabilidade e troca de sinais, o dólar à vista perdeu força ao longo da tarde, em meio a novas máximas do Ibovespa, e encerrou a sessão desta terça-feira (12), em queda de 0,07%, cotado a R$ 4,9748. Mais uma vez, as oscilações da taxa de câmbio foram modestas, de menos de quatro centavos entre a mínima (R$ 4,9590) e a máxima (R$ 4,9947), ambas na primeira etapa de negócios.
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Lá fora, a moeda americana ganhou força em relação a pares e à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities. A leitura do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) em fevereiro ratificou a percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) vai esperar até junho para iniciar o processo de corte de juros.
O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, atribui o comportamento do real a uma possível entrada de fluxo comercial, dado que o ambiente global – marcado por alta dos retornos dos Treasuries e perda de fôlego das commodities – deveria levar a uma depreciação da moeda brasileira.
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“O CPI não foi bom e preocupa. A taxa da T-note de 2 anos está subindo e o minério de ferro recua. Não temos melhora dos termos de troca para justificar a performance do câmbio. Parece mais fluxo do que fundamento”, diz Borsoi, para quem pode ter havido entrada de recursos de exportadores após a divisa se aproximar de R$ 5,00.
O CPI subiu 0,4% em fevereiro, como esperado. Já seu núcleo – que exclui os voláteis preços de alimentos e energia – avançou 0,4%, acima das estimativas (+0,3%). As leituras anuais também superaram um pouco as expectativas dos investidores. Monitoramento do CME Group mostra que as chances de corte de juros pelo Fed em junho se mantiveram na faixa de 70% após a divulgação do índice. As apostas para a redução total em 2024 se dividem entre 75 e 100 pontos-base.
Borsoi afirma que havia expectativa de que a taxa de câmbio pudesse se situar com mais frequência ao redor de R$ 4,80 neste primeiro trimestre, com quadro fiscal doméstico melhor, dada a arrecadação forte, fluxo comercial e eventual corte de juros nos EUA, que acabou não se concretizando. “No segundo semestre, a questão do ‘carrego’ preocupa mais, com o diferencial de juros mais apertado”, afirma Borsoi, referindo-se ao fato de que o BC brasileiro deve seguir reduzindo a taxa Selic nos próximos meses.
Por aqui, o IPCA acelerou de 0,42% em janeiro para 0,83% em fevereiro, superando a mediana de Projeções Broadcast, 0,78%. Apesar do resultado cheio ter surpreendido, analistas classificaram a leitura do IPCA como benigna, dada a queda do índice de difusão e a desaceleração dos núcleos de inflação.
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“Tivemos um estresse pontual no câmbio na semana passada com a questão de dividendos da Petrobras, mas o real já deve voltar a performar em linha com seus pares”, afirma o diretor de investimentos da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig. “Já está na conta do mercado que o BC vai continuar a cortar a Selic em 0,50 ponto, embora sem espaço para levar a taxa abaixo de 9%, e que o Fed vai reduzir os juros em junho”.
O gestor afirma que já teve, contudo, uma visão mais construtiva para o desempenho do real. Ele vê chances reduzidas de o dólar buscar níveis mais baixos, perto de R$ 4,50, e trabalha com a taxa de câmbio operando em um intervalo entre R$ 4,85 e R$ 5,00 no curto prazo. “As commodities como minério de ferro e soja têm atrapalhado, além de o carrego ser menor. E há outros ativos domésticos mais atrativos, como a bolsa e a parte longa da curva de juros”.