- No top 10 de maior valorização mensal na carteira do Ibovespa, aparecem três empresas do setor de materiais básicos: CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4)
- A retomada econômica da China, impulsionada pela alta demanda por minério de ferro e o alto preço do dólar, ajudam a explicar o bom desempenho do setor
- O setor bancário também foi destaque no mês. Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4) registraram valorização superior a 14% no mês
O mês de outubro encerrou com boas notícias para os setores de mineração e siderurgia na B3. No top 10 da maior valorização mensal na carteira do Ibovespa, que caiu 0,69% no período, aparecem três empresas do setor de materiais básicos: CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4). A retomada econômica da China, impulsionada pela alta demanda por minério de ferro e o alto preço do dólar, ajudam a explicar o bom desempenho.
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Nesta sexta-feira (30), a CSN encerrou o último pregão do mês com a maior valorização mensal (25,09%) do principal índice da bolsa brasileira, com a ação cotada em R$ 20,64.
Usiminas e Gerdau ocuparam a sétima e a décima posição, respectivamente, entre as dez ações com maior crescimento no Ibovespa em outubro. Enquanto a USIM5 cresceu 8,67%, a GGBR4 avançou 5,77% no período.
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Ainda que o setor de siderurgia tenha alcançado um bom patamar de produção, atendendo à demanda brasileira, Paloma Brum, economista da Toro Investimentos, explica que o cenário positivo é reflexo do resultado das exportações de commodities.
“As companhias conseguiram um resultado mais positivo na siderurgia, vendendo para o mercado interno, mas é o segmento de mineração que se beneficiou da forte demanda da China. O minério de ferro que elas vendem para o mercado externo é o que traz resultado em peso”, analisa Brum.
A economia chinesa cresceu 4,9% no terceiro trimestre deste ano, na contramão de diversos países que ainda tentam se reerguer após os duros efeitos da pandemia de covid-19. Neste contexto, a demanda por matéria-prima, como o minério de ferro, para a produção de aço é alta no gigante asiático, que continua investindo fortemente em infraestrutura e construção civil.
“O preço do minério de ferro continua em um nível atraente, apesar de ter caído abaixo dos US$ 120 a tonelada, e está em torno de US$ 116. Mas é um patamar de preço bom para as mineradoras”, diz José Falcão, especialista em renda variável da Easynvest.
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O especialista também chama atenção para o desempenho da Gerdau, que teve como um dos seus principais impulsionadores a demanda do setor de construção civil do Brasil, que continuou em fase de expansão durante a pandemia.
“A Gerdau também tem uma carteira pulverizada, em alguns países pelo mundo. A depreciação do real nos últimos 12 meses favoreceu o resultado da companhia, principalmente na operação norte-americana”, diz Falcão.
A valorização do dólar frente ao real também ajuda a o feito dessas companhias exportadoras, que tiram grande proveito do câmbio. Em 2020, o real se desvalorizou cerca de 43% em relação ao dólar. Nesta sexta-feira (30), a moeda norte-americana fechou em queda de 0,50%, cotado a R$ 5,7380.
“Quando se está em um período de dólar bastante apreciado em relação ao real, toda empresa que tem maior exposição à moeda estrangeira, as exportadoras, no caso, tendem a ser beneficiadas”, afirma José Francisco Cataldo, head de research da Ágora Investimentos.
Bancos também tiveram recuperação
O setor financeiro foi outro destaque em outubro. No top 10 do Ibovespa, se destacou o Santander (SANB11), na terceira posição, com valorização mensal de 14,99%. Mas, estendendo o ranking para as 15 maiores altas do mês, aparecem também o Itaú Unibanco (ITUB4) e o Bradesco (BBDC4), com altas de 4,85% e 4,44%, respectivamente.
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“Vimos os bancos se recuperando em outubro porque estavam com os papéis muito descontados”, justifica Cataldo. O head de research da Ágora Investimentos também destaca que, com uma menor necessidade de provisionamento para perdas, o Santander superou as expectativas do mercado após divulgação do balanço do terceiro trimestre. “Esse resultado é algo que deve se repetir nos outros grandes bancos”, projeta.
Vale lembrar que o setor financeiro foi fortemente afetado pela pandemia, tanto que a maioria dos ativos de bancos acumulam perdas robustas na bolsa.
“As provisões ficaram muito altas no segundo trimestre de 2020. Ou seja, os bancos tiveram que segurar recursos e deixaram de pagar bons dividendos, que é uma característica muito forte desse setor. Isso acabou impactando muito negativamente e os papéis ficaram para trás”, contextualiza Brum, da Toro.
Mas os esforços iniciados ainda durante a crise, para evitar o já esperado aumento da inadimplência, gerou boas expectativas no mercado. No caso do Bradesco, por exemplo, tanto as ações ordinárias (BBDC3) quanto as preferenciais (BBDC4) abriram o mês na bolsa com indicadores descontados, como o de preço sobre lucro. “Esses papéis estavam negociados a um preço de menos vezes o lucro do banco nos últimos 12 meses. Isso torna o papel mais atrativo”, diz Brum.
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A economista também ressalta que o banco tem o diferencial de atuar com mais força do que os seus pares no segmento de Seguros, que representa 30% do seu resultado.
Confira as 10 maiores altas de outubro no Ibovespa
Nome | Código | Retorno (%) | |
1 | CSN | CSNA3 | 25,09% |
2 | WEG | WEGE3 | 16,74% |
3 | Santander | SANB11 | 14,99% |
4 | Magazine Luiza | MGLU3 | 11,35% |
5 | Braskem | BRKM5 | 9,86% |
6 | Suzano | SUZB3 | 9,73% |
7 | Usiminas | USIM5 | 8,67% |
8 | MRV | MRVE3 | 7,60% |
9 | Localiza | RENT3 | 7,20% |
10 | Gerdau | GGBR4 | 5,77% |