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Light (LIGT3): como fica a empresa após plano de recuperação

A administração da companhia está confiante que em alguns meses iniciará um processo de transformação da empresa

Light (LIGT3): como fica a empresa após plano de recuperação
Foto: Divulgação/Light

Diante de uma significativa aprovação do plano de recuperação judicial (PLJ) da Light, correspondente a mais de 99% dos passivos, a administração da companhia está confiante que em alguns meses iniciará um processo de transformação da empresa, que incluirá não só a desalavancagem, mas a melhora da prestação de serviços e a execução de investimentos.

“A aprovação quase unânime do plano, quase simbólica, é uma crença, não só dos credores, mas também dos acionistas, na continuidade da Light, da sua operação e da sua recuperação, essa é a grande mensagem que a gente pode colher do resultado obtido hoje”, disse o diretor-presidente da companhia, Alexandre Nogueira, em entrevista ao Broadcast Energia.

Ele se refere ao fato de que o plano de recuperação aprovado inclui não só novos termos e condições para os cerca de R$ 11 bilhões em dívidas, como a conversão de parte dessas dívidas em capital e o compromisso, por parte de acionistas de referência, de aporte de recursos da ordem de R$ 1 bilhão.

Conversão de dívida

Diante da significativa aprovação do plano de recuperação judicial (PRJ), a administração da Light tem boa expectativa de que será bem sucedida na obtenção do apoio de credores que aceitem converter parte de seus créditos em ações da companhia.

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O plano prevê a conversão de até R$ 2,2 bilhões de dívidas em ações. Por isso, a empresa precisa obter a adesão de credores correspondentes a até R$ 6,3 bilhões em dívidas, pois eles precisam se comprometer com a conversão de pelo menos 35% de seus créditos.

“Baseado nessa votação, e na confirmação dos credores da viabilidade da companhia e do que a companhia apresentou de plano, a gente entende que vai ter uma adesão significativa para chegar nesse quórum de R$ 2,2 bilhões de conversão”, disse o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Light, Rodrigo Tostes.

Ele comentou que, ao longo das negociações do plano junto aos credores, observou-se significativo interesse de muitos deles na opção pela conversão. “Tanto é que foram negociadas condições melhores para esses credores que vão converter”, disse, salientando que a empresa nem deve voltar a campo para buscar elevar a adesão à opção pela conversão.

Pelo plano aprovado, credores conversores terão suas dívidas repactuadas com um prazo menor e remuneração mais elevada em relação aos não conversores. Além disso, terão amortização linear e receberão um bônus de subscrição para cada duas ações subscritas (warrants de 01:02).

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Pelo processo de recuperação judicial, o próximo passo é justamente a implantação de um sistema de escolha, no qual cada um dos credores vai optar entre ser um “credor apoiador conversor” ou um credor “não conversor”. Os credores terão o prazo de 30 dias para realizar sua escolha.

Será a partir do resultado dessas opções que o plano será efetivamente homologado. A expectativa é que isso seja concluído até julho.

Futuro

A conversão de dívida em ações, bem como a capitalização estão associadas à obtenção de um novo contrato de concessão da distribuidora, que ainda será discutido junto ao governo. Por isso, em um primeiro momento não está prevista grande desalavancagem da companhia.

Sinalizações dadas nos últimos dias por autoridades públicas do setor elétrico apontam para um futuro promissor nessa esperada renovação da concessão de distribuição de energia, como o fato da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ter arquivado um processo que ameaçava penalizar a Light com uma caducidade do contrato – o que inviabilizaria a renovação da concessão.

Adicionalmente, o Ministério de Minas e Energia encaminhou à Casa Civil uma minuta de decreto com as diretrizes para a os novos contratos com propostas favoráveis à Light, como a possibilidade de fixar tarifas diferenciadas para áreas consideradas de “severa restrição” para o combate a furtos e inadimplência.

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Os executivos da Light evitaram falar sobre esse processo ainda por acontecer, mas admitiram que os movimentos recentes foram importantes e contribuíram para dar mais confiança ao plano de recuperação proposto.

Eles consideraram também a aprovação do plano e seu encaminhamento como “um primeiro passo na desalavancagem” da companhia, que já sinaliza uma tendência, embora a efetivação ainda dependa de “condições precedentes”. “Não vai ter desalavancagem, não terá como contabilizar a redução, mas vai ter tempo e fôlego até chegar essa desalavancagem”, disse Tostes, referindo-se ao período de carência de pagamento da dívida.

Já Nogueira disse vislumbrar um cenário virtuoso à frente, no qual haverá uma “Light Revigorada”. “A empresa vai ganhar robustez financeira para os desafios futuros, e olhando pra frente estamos olhando para uma companhia diferente, que vai passar por uma transformação, para buscar entregar um melhor serviço e fazer os investimentos que devem ser feitos na sua área de concessão para atender o seu mercado e a qualidade requerida, ou seja, um cenário virtuoso à frente, não só em termos de desalavancagem financeira – que é esse primeiro passo que hoje foi aprovado -, mas também no equilíbrio econômico-financeiro do contrato e na melhoria da prestação do serviço”, disse Nogueira.

Acertos finais

A aprovação do plano de recuperação judicial de mais de 99% foi possível após a companhia conseguir alinhar com bondholders um documento anexo ao Plano de Recuperação Judicial (term sheet), relacionado exclusivamente ao títulos emitidos no mercado internacional. Até ontem, 28, fontes sinalizavam que havia aspectos jurídicos ainda em aberto com esses credores.

Tostes esclareceu que a possibilidade de fazer um acordo em paralelo com os bondholders, sem modificar o plano, já estava prevista na última versão do PRJ apresentado, tendo em vista acordo alinhado justamente com esse grupo. Isso foi feito porque poderia haver um problema de cronograma para ajustar todos os termos do plano a tempo das assembleias de debenturistas convocadas para avaliar o PRJ.

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Segundo ele, o documento anexo deve conter aspectos específicos relacionados a esses títulos internacionais, que estão submetidos a legislação diferente.

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