- O CEO do Itaú, Milton Maluhy Filho, reafirmou na última quarta-feira (19) a possibilidade de o banco distribuir “dividendos extraordinários” até o final de 2024
- O E-Investidor conversou com analistas e gestores para entender o que os investidores podem esperar dos proventos do Itaú
- Analistas projetam Dividend Yield (DY) entre 7% e 8,5% em 12 meses
O CEO do Itaú (ITUB3; ITUB4), Milton Maluhy Filho, tem alardeado – e a última fala pública sobre ocorreu no dia 19, durante o Itaú Day – a respeito da possibilidade de o banco distribuir “dividendos extraordinários” até o final de 2024. Isto significa que, além do porcentual mínimo obrigatório, de 25% do lucro líquido ajustado, a instituição pode remunerar o acionista com um bônus.
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O executivo já havia comentado sobre esse pagamento extra em maio, após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre deste ano, conforme noticiamos aqui. Na ocasião, Maluhy disse que não esperava uma distribuição menor do que 30% dos lucros este ano.
O E-Investidor conversou com analistas e gestores para entender o que os investidores podem esperar dos proventos do Itaú. Apesar de ser complexo definir qual seria, especificamente, o tamanho desse dividendo extraordinário, analistas como Larissa Quaresma, da Empiricus Investimentos, e Matheus Nascimento, da Levante Inside Corp, projetam um “Dividend Yield” (DY) interessante para o banco.
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Dividend Yiel ou “rendimento do dividendo” mede o quanto o provento representa em relação ao preço da ação. Quaresma vê esse indicador entre 7% e 8% nos próximos 12 meses, considerando o volume de pagamentos feitos pelo Itaú no ano passado, de 60% dos lucros, e a projeção para os resultados em 2024. “Acreditamos que o Itaú deve distribuir entre 50% e 60% do lucro gerado neste ano na forma de dividendos. Isso resultaria em uma distribuição entre R$ 20 e R$ 26 bilhões, o que corresponde a esse DY de 7% e 8% para os próximos 12 meses”, afirma a analista da Empiricus.
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Nascimento, da Levante, calcula um DY parecido, de 7% a 7,5%. “Isso, considerando o pagamento médio que o banco já vem trabalhando”, diz. Contudo, o especialista não acha “difícil” que o banco faça um segundo pagamento extraordinário, fora este que foi apontado pelo CEO. “O Itaú tem um nível de excesso de capital que possibilitaria isso”, afirma.
Victor Bueno, sócio e analista de ações da Nord Research, calcula uma distribuição ainda maior, de cerca de 10%, considerando as ações ordinárias (ITUB3) da instituição financeira. Ele afirma que, nos últimos 12 meses, a ITUB3 apresentou um DY de 8,5%. Logo, pensando para frente, é totalmente factível, na visão de Bueno, que esse porcentual ultrapasse os 10% – o que faria o Itaú se aproximar do nível de distribuição feito pelo Banco do Brasil (BBAS3), concorrente que costuma ser o principal nome do setor bancário quando o assunto são dividendos.
“Não recomendamos as ações preferenciais por uma questão de preço e por esse dividend yield maior das ordinárias”, diz o especialista.
Hora de comprar ações do Itaú?
O Itaú vem se destacando entre os pares. No primeiro trimestre deste ano o banco registrou lucro líquido gerencial de R$ 9,7 bilhões, 15,8% superior ao montante obtido no primeiro trimestre de 2023. As receitas com as prestações de serviço subiram 4,9% no período, para R$ 10,9 bilhões, enquanto o custo do crédito caiu 3,2%.
Bueno, da Nord Research, possui recomendação de compra para ITUB3, as ações ordinárias do Itaú, e aponta que o banco serve de exemplo de extrema solidez. “Entrega um crescimento de lucro de 12% a 15% ao ano, mesmo em períodos bastante desafiadores”, diz. “A instituição consegue, ao mesmo tempo, distribuir dividendos e entregar crescimento para os seus acionistas. Esse é o melhor dos mundos pensando em uma estratégia rentável a longo prazo.”
Quaresma, da Empiricus, também indica a compra dos papéis. Ela ressalta que, embora os resultados do Itaú estejam melhores do que bancos como Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC3; BBDC4), ainda tem múltiplos em linha com os dois concorrentes.
“Então, você está pagando o mesmo preço por uma operação que é mais rentável e cresce mais, caso do Itaú – um dos nossos top picks (preferidos) do setor financeiro, juntamente com o BTG Pactual (BPAC11)”, diz a analista. Nascimento, da Levante, tem uma visão parecida e recomenda a compra para ITUB4, com preço-alvo de R$ 35. Ou seja, um potencial de alta de 7,8% em relação ao patamar negociado até a última terça-feira (25), de R$ 32,44.
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Entre os especialistas consultados pela reportagem, apenas Milton Rabelo, analista da VG Research, não recomenda a compra das ações do Itaú. Isto porque, para ele, o melhor veículo de exposição ao banco são os ativos da Itaúsa (ITSE3; ITSA4), holding de investimentos do Itaú, considerada a maior do País.
A Itaúsa se beneficiaria de atualizações feitas no âmbito da reforma tributária, uma vez que, na interpretação de analistas, o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) não seriam aplicados a dividendos e resultados de subsidiárias. Portanto, o grupo se livraria de uma taxação de 9,25% do Programa de Integração Social e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins), hoje aplicada em cima dos juros sobre capital próprio (JCP) das subsidiárias.
- Itaú ou Itaúsa: quem vai pagar mais dividendos em 2024?
“Recomendamos Itaúsa pelo potencial de alta em função da regulamentação da reforma tributária, que deve diminuir o desconto de holding e provocar uma reprecificação das ações. Além disso, a companhia possui um portfólio de empresas investidas de boa qualidade e paga proventos em um volume satisfatório”, diz Rabelo. Além do Itaú, a Itaúsa tem participações em empresas como Alpargatas (ALPA4), Dexco (DXCO3) e CCR (CCRO3).