- A meta da Petrobras é reduzir o seu endividamento para US$ 67 bilhões até o final de 2021
- Outro grande fator descrito no plano estratégico da estatal é o desinvestimentos de operações que não fazem parte do core da companhia. Exploração do pré-sal ganha ainda mais destaque
- Preocupação com a sustentabilidade ambiental também chamou a atenção no plano. A remuneração dos executivos deve estar atrelada a diminuição de emissões de poluentes
Na composição do Ibovespa, as duas ações da Petrobras (PETR4 e PETR3) têm um peso enorme para o sobe e desce da bolsa de valores. Em valor de mercado, a empresa supera os R$ 360 bilhões. Mesmo com esse tamanho, a petroleira sofreu durante o ano de 2020 com as restrições impostas pelo coronavírus, que diminuíram a demanda por combustível no mundo todo. O choque nos preços do petróleo – o tipo WTI negociou abaixo de zero em abril – também foi um desafio para a gigante brasileira e para o mercado de óleo e gás.
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No recorte anual, os papéis da companhia PETR4 e PETR3 ainda estavam em queda de, respectivamente, 8,78% e 11,30%, para R$ 27,53 e R$ 28,10, até o fechamento de sexta-feira (4). Contudo, com o caminho mais claro em relação ao curso da pandemia e os ajustes no preço da commodity, a Petrobras já entra em ritmo rápido de recuperação: só nos últimos 30 dias, as ações subiram mais de 30% – e estão entre as mais recomendadas para o mês de dezembro.
Além de superação da crise do coronavírus, o futuro da estatal também está cheio de metas e reestruturações. Depois de um ano tão atípico, a Petrobras lançou na segunda-feira, 30 de novembro, seu plano estratégico, que deve ser o guia de 2021 a 2025, no chamado ‘Petrobras Day’.
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“Comparando o histórico, a companhia nunca teve um plano estratégico tão realista. Isso é positivo não só para a própria Petrobras, mas para os acionistas”, afirma Paloma Brum, analista da Toro Investimentos. “Esse relatório também traz a visão de que a estatal está sendo usada com foco em gerar valor, e não para fins políticos.”
O E-Investidor selecionou os 3 principais pontos de atenção que devem definir o caminho de empresa nos próximos cinco anos.
1 – Endividamento: equilíbrio financeiro
No plano estratégico, a Petrobras deixou claro a preocupação com a gestão da dívida bruta da companhia, que era um dos problemas mais sensíveis da estatal. A meta é reduzir esse endividamento para US$ 67 bilhões até o final de 2021 e chegar aos US$ 60 bilhões no fechamento de 2022. “Isso é muito positivo porque mostra que a companhia segue comprometida com essa linha para melhorar o fôlego, a saúde financeira do negócio”, explica Brum.
Para Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, outro ponto positivo foi a transparência em relação ao tempo para que a dívida diminua. “Eles foram claros sobre o patamar de dívida, já tinham o objetivo de ter um endividamento bruto de US$ 60 bilhões de dólares no plano passado, isso se manteve, mas foram mais claros nesse alcance para 2022”, explica.
O especialista lembra que, pelas novas regras, a maior distribuição de dividendos pela companhia acontecerá quando o endividamento bruto for inferior à meta de US$ 60 bilhões. “Esse era o nível de endividamento que a companhia tinha no começo da década, em 2010”, diz Arbetman.
2 – Desinvestimentos: redução de custos
Outro grande fator descrito no plano estratégico da estatal é o desinvestimentos de operações que não são core da companhia. Com isso, o investimento mais pesado passa a ser em operações de maior retorno, como a exploração do pré-sal.
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“Em vez de estar preocupada em fazer uma produção em larga escala de várias coisas, ela tem focado no produto de maior retorno, que tem baixo custo de exploração e traz margens mais altas”, destaca Brum.
Durante o ano de 2020, por exemplo, a Petrobras embolsou US$ 1 bilhão vindos da venda de ativos. Ano passado, esse número chegou a US$ 16 bilhões. “Mas temos mais de 50 ativos à venda, muitas transações já chegando ao seu estágio final, ou para a assinatura do acordo de compra e venda, ou para o closing, e teremos ainda bons resultados a mostrar, nos próximos seis, sete meses”, disse Roberto Castello Branco, presidente da estatal, durante apresentação.
Na visão de Brum, esse segundo aspecto é bastante positivo, apesar do mercado ter ficado receoso quando a Petrobras divulgou a estimativa de produção abaixo do esperado, em função dos cortes de custos. “Olhando agora para o ano de 2025, vemos uma produção total de 3,3 milhões antes de desinvestimentos e uma produção de 2,7 milhões após os desinvestimentos”, explicou Castello Branco.
Os desinsvestimentos são focados em terra e águas rasas, de onde a estatal sairá integralmente, e também a saída dos campos petrolíferos de Albacora e Albacora Leste. De acordo com Arbetman, é natural ver um ajuste na produção, devido também ao impacto do coronavírus.
3 – Sustentabilidade ambiental: confiança
A terceira questão relevante dentro das metas para os próximos cinco anos e que também chamou positivamente a atenção do mercado, é a preocupação em reduzir o impacto da exploração no meio ambiente. A remuneração dos principais executivos, além de ser variável, será atrelada a métricas sustentáveis.
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“Todos os executivos da companhia têm uma meta de topo de emissão de gases de efeito estufa, que é uma média ponderada das emissões da exploração e produção do petróleo e do refino”, afirmou Castello Branco.
Segundo os especialistas, essa preocupação torna a companhia mais longeva e converge com as novas exigências do mercado. “Tende a gerar valor para os acionistas no longo prazo”, afirma Brum. “Fora que evita que os investidores tenham surpresas desagradáveis, como uma multa por dano ambiental ou algum acidente grave.”
Arbetman concorda. “É claro que a indústria de óleo e gás tem muitas preocupações nesse ponto, mas é muito positivo esse compromisso. A Petrobras faz o que pode”, explica. Na última terça-feira (01), a companhia voltou a integrar o Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3.
Recomendações
As recomendações tanto de Arbetman, quanto de Brum, são de compra para os papéis da Petrobras. “Acreditamos que diferentemente de outros tempos, a empresa formulou um plano mais enxuto, mas mais possível de ser feito. O case de Petrobras me soa mais atrativo, inclusive, do que o case do segmento de petróleo em geral”, afirma o analista da Ativa de Investimentos.
“Vemos os papéis muito descontados ainda, a recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 30. Acreditamos que as ações serão beneficiadas a medida que as pessoas voltem a circular, acelerando assim a demanda por combustíveis”, diz a especialista da Toro.
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