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Quanto investir para receber R$ 7,7 mil por mês?

A Reforma da Previdência que completa cinco anos, dificulta acesso ao teto

Quanto investir para receber R$ 7,7 mil por mês?
Quanto investir para receber R$ 7,7 mil por mês? Foto: Adobe Stock

A aposentadoria com o teto do INSS, atualmente em R$ 7.786,02, sempre foi um objetivo para muitos trabalhadores. No entanto, as mudanças implementadas pela Reforma da Previdência em 2019 tornaram essa meta um pouco mais distante.

Isso porque, as novas regras exigem um tempo de contribuição maior e uma média salarial ainda mais elevada, dificultando a obtenção do benefício máximo.

Esta reforma estabeleceu novos requisitos: mulheres devem ter ao menos 62 anos e 15 anos de contribuição, enquanto homens só podem requerer o benefício aos 65 anos, após 20 anos de contribuição. Essa regra se aplica a todos que começaram a contribuir após a reforma, sancionada em 2019.

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Para aqueles que já contribuíam, existem normas de transição complexas, como pedágios de até 100% do tempo que faltava para aposentadoria ou sistemas de pontos ajustados anualmente.

Diante desse cenário, é normal buscar alternativas para garantir uma renda digna na aposentadoria sem depender exclusivamente do INSS. O E-Investidor conversou com especialistas financeiros para descobrir quanto é necessário investir para alcançar os R$ 7,7 mil mensais, o teto atual da aposentadoria pública.

Segundo Josias Bento, especialista em mercado de capitais da GT Capital, acumular cerca de R$ 974,5 mil em investimentos poderia garantir uma renda mensal vitalícia de R$ 7,7 mil. Esse montante pode parecer inalcançável inicialmente, mas com um investimento mensal de aproximadamente R$ 314,15 em uma carteira diversificada de renda fixa que renda ao menos 0,8% ao mês (10% ao ano), esse objetivo poderia ser alcançado em aproximadamente 34 anos.

Atualmente, existem várias opções de investimentos conservadores que conseguem alcançar essa taxa de rendimento mensal. O Tesouro Selic, um título público vinculado à oscilação da taxa de juros básica, por exemplo, oferece atualmente um retorno de 0,76% ao mês, já com o desconto do Imposto de Renda (IR), desde que o investimento seja mantido por mais de 720 dias. Além disso, há alternativas privadas, como Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) ou do Agronegócio (LCAs), que superam esse rendimento.

Mantendo o valor investido em uma carteira de renda fixa com um retorno de 0,8% ao mês e realizando saques de 0,8% mensais do montante acumulado (R$ 7,7 mil), é possível garantir uma renda mensal vitalícia. Isso significa sacar apenas os juros, preservando o capital inicial.

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O E-Investidor também explicou que além de investimentos individuais, como Tesouro Selic e Certificados de Depósito Bancários (CDBs), os fundos de previdência privada surgem como uma alternativa para aqueles que preferem uma gestão profissional de seus recursos. Esses fundos oferecem vantagens fiscais, como a ausência do “come-cotas”, cobrança antecipada de IR, e permitem escolher entre PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), dependendo do tipo de declaração de IR do investidor.

“Não existe um ‘melhor investimento’ para aposentadoria. O mais usado é a previdência privada, que é um bom produto, já que tem muitos benefícios fiscais e possui carácter sucessório”, explica Bento, da GT Capital.

Outra opção são os títulos do Tesouro Direto, como o Tesouro IPCA+, que protege contra a inflação e oferece juros reais. Nesta categoria, o título com vencimento mais distante, para 2055 (daqui a 30 anos), atualmente paga mais de 6% de juros reais ao ano (acima da inflação).

Investindo aproximadamente R$ 614,81 mensalmente no Tesouro IPCA+ até o prazo de vencimento, seria possível acumular o valor necessário para uma renda mensal de R$ 7,7 mil na aposentadoria.

“Este título público é essencial para quem busca proteger seu poder de compra na aposentadoria, já que corrige o valor aplicado pela inflação e ainda oferece uma taxa de juros real”, diz Marlon Glaciano, planejador financeiro. “Para quem deseja renda mensal na aposentadoria, a modalidade com juros semestrais pode ser interessante. Esses cupons pagos a cada seis meses podem ser usados como complemento da renda, proporcionando um fluxo constante de caixa, já ajustado pela inflação.”

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A plataforma do Tesouro Direto oferece também o título chamado “RendA+”. Esse investimento, que rende a inflação somada a uma taxa prefixada, permite ao investidor obter uma renda mensal por 20 anos após um período de acumulação. Para garantir uma renda de R$ 7,7 mil mensais durante 20 anos, é necessário investir R$ 285,64 por 36 anos. Caso o investidor deseje reduzir o tempo de acumulação para 20 anos, o valor do investimento mensal precisaria ser de R$ 1.260,63.

Para quem ainda não tem o montante necessário, especialistas recomendam começar a poupar o que for possível. Segundo especialistas, reservar mais de R$ 200 por mês já pode significar um bom complemento de renda na aposentadoria, especialmente se diversificar os investimentos entre Tesouro IPCA+, Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) e fundos de previdência.

“Não existe uma receita de bolo para o valor que o investidor precisa poupar por mês. Porém, levando em consideração que o recolhimento mínimo para a previdência social é em torno de R$ 105, o investidor que conseguir reservar mais de R$ 200 por mês para a aposentadoria pode ter um bom complemento de renda ao se aposentar”, reforça Bento, da GT Capital.

“Uma estratégia eficiente envolve a diversificação entre Tesouro IPCA+ (50% da carteira), garantindo proteção contra a inflação; FIIs (30% da carteira), oferecendo rendimentos mensais; e fundos de previdência (20% da carteira), que trazem eficiência fiscal e planejamento sucessório”, diz Glaciano, apresentando seu pensamento sobre a renda para garantir uma aposentadoria.

Colaborou: Gabrielly Bento.

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