- O retorno dos títulos do Tesouro Direto está em disparada nesta quarta-feira (13). Agora, o tão discutido IPCA + 7% na renda fixa virou realidade
- Por volta de 12h, o Tesouro IPCA+ 2029 era oferecido a um retorno de 7,01% ao ano, além da variação de inflação do período; é a maior taxa já oferecida pelo ativo desde que ele começou a ser negociado
- O Tesouro Prefixado também renova suas máximas nesta quarta-feira, com taxas entre 13,4% e 13,2%
O retorno dos títulos do Tesouro Direto está em disparada nesta quarta-feira (13). Depois de abrir a sessão em alta, como mostramos aqui, os rendimentos oferecidos continuaram a subir. Agora, o tão discutido IPCA + 7% na renda fixa virou realidade.
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Por volta de 12h, o Tesouro IPCA+ 2029 era oferecido a um retorno de 7,01% ao ano, além da variação de inflação do período. O Tesouro Educa+ 2026 também oferecia a mesma taxa.
Como explicamos com detalhes nesta outra reportagem, os 7% de juro real é considerado a grande oportunidade da renda fixa hoje pelos especialistas. E é bastante raro. Um levantamento feito pela Quantum Finance mostra que, desde que está em negociação, o Tesouro IPCA+ 2029 nunca tinha ultrapassado os 7% na ponta prefixada. O único entre os 3 títulos IPCA+ oferecidos hoje no Tesouro Direto que já bateu esse nível foi o com vencimento em 2035 – ainda assim, a taxa de 7% só apareceu em 4,74% das sessões dos últimos 10 anos.
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“É um patamar extremamente raro. A primeira vez que vimos níveis parecidos foi no ano do impeachment da Dilma, em 2016”, destaca Charo Alves especialista da Valor Investimentos. “Para o investidor que busca títulos mais conservadores, uma taxa acima de 6,7% já é uma excelente oportunidade; são pouquíssimas classes de ativos que conseguem entregar uma rentabilidade real tão atrativa.”
O Tesouro Prefixado também renova suas máximas nesta quarta-feira. O título com vencimento em 2027 oferece 13,45% de retorno ao ano, enquanto o com vencimento em 2031 rende 13,24% ao ano. Ambos estão na maior taxa do ano.
Por que as taxas do Tesouro dispararam hoje
Andressa Bergamo, especialista em mercado de capitais e sócia-fundadora da AVG Capital, explica que o IPCA + 7% reflete como o mercado está exigindo maior prêmio de risco diante das incertezas fiscais. Investidores aguardam há semanas a definição do pacote de corte de gastos públicos prometido pelo Executivo, mas a discussão entre membros do governo federal ainda não chegou em uma definição.
“A taxa adicional (o prêmio real) é, de fato, uma compensação que o mercado exige para lidar com o risco de desancoragem das expectativas inflacionárias”, explica. “Essa desancoragem ocorre quando as expectativas futuras para a inflação se distanciam das metas estabelecidas, indicando que o mercado enxerga risco no controle da inflação, geralmente por fatores como uma política fiscal expansionista ou choques econômicos adversos. A precificação dos títulos atrelados ao IPCA nesse patamar alto demonstra que os investidores exigem uma proteção significativa frente a um cenário inflacionário que pode ser persistente.”
O descontentamento com a demora do pacote de cortes de gastos vem fazendo preço já há algum tempo. Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, a incerteza deve seguir gerando volatilidade nos juros brasileiros até que as medidas sejam apresentadas. “Eventualmente, se o governo entregar um pacote que o mercado goste, vai compensar e isso vai ser devolvido.”
Ele destaca ainda uma pressão vindo do exterior. Lá fora, a divulgação do CPI, um dos principais indicadores de inflação nos Estados Unidos, deixou o mercado mais cauteloso com a continuidade das reduções de juros no país. Isso impacta os Treasuries ao longo da sessão, com reflexos na curva de juros brasileira também.
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