

A Eneva (ENEV3) registrou prejuízo líquido de R$ 962,6 milhões no quarto trimestre de 2024, perda 3,3 vezes maior que os R$ 290,6 milhões de prejuízo anotados no mesmo período do ano anterior. No ano, a companhia lucrou R$ 42 milhões, 80,7% abaixo do verificado no exercício de 2023. Para analistas do mercado financeiro, o balanço foi poluído e fraco, mas a tese de investimentos da empresa continua atrativa.
Às 14h, as ações da Eneva recuavam 3,55%, a R$ 12,31. Na visão da equipe do Safra, os resultados da Eneva ficaram abaixo das expectativas, principalmente devido aos fracos resultados das unidades de energia renovável e comercialização. A companhia relatou um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda na sigla em inglês) ex-lucro patrimonial de R$ 605 milhões no quarto trimestre de 2024, queda de 42% na comparação com o mesmo período do ano passado. O número também ficou 59% abaixo das estimativas do Safra.
“O balanço da Eneva foi principalmente impactado por itens não recorrentes, mas os números ajustados ficaram abaixo das expectativas com os resultados negativos dos braços renováveis e de comercialização”, explicam Daniel Travitzky, Carolina Carneiro e Mario Wobeto, que assinam o relatório do Safra.
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Para os analistas do BTG, a empresa foi bem onde eles estimavam que iria mal e foi mal onde eles estimavam que a companhia iria bem. Eles temiam que os resultados da unidade de Sergipe pudessem sofrer um grande impacto no trimestre após a interrupção do fornecimento. “Com agilidade e conhecimento — e, naturalmente, se beneficiando de um portfólio de ativos térmicos — a Eneva conseguiu compensar totalmente esse impacto potencial”, argumentam Antonio Junqueira, Gisele Gushiken e Maria Resende, que assinam o relatório do BTG.
Já na parte do Ebitda, os analistas comentam que o resultado foi pior que o esperado por um impacto de R$ 43 milhões das plantas de carvão, dada uma incompatibilidade nos preços do carvão, o que impactou a margem variável. No entanto, eles dizem que os impactos do carvão e do GNL não devem ser problemas recorrentes e que a aquisição solar não foi uma boa alocação de capital.
“Trimestre após trimestre, temos recebido notícias negativas sobre muitas plataformas renováveis no setor. As renováveis foram construídas com a economia esperada que não conseguiu precificar muitos dos riscos que eventualmente se mostraram recorrentes”, relatam Antonio Junqueira, Gisele Gushiken e Maria Resende.
Na perspectiva de Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, a Eneva divulgou resultados muito poluídos e abaixo das expectativas. Segundo ele, os números foram ajudados por melhores despachos e reajuste das receitas da Eneva no Complexo Parnaíba e Roraima, além da contribuição positiva das térmicas recém-adquiridas (Linhares, Tevisa, Povoação e da Gera Maranhão).
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“As recentes aquisições trouxeram um grande incremento nos custos e despesas, que também foram afetados por outros efeitos como maiores custos variáveis com geração. No entanto, vale notar que o problema de endividamento — um dos grandes receios dos investidores nos últimos anos — está cada vez mais endereçado”, diz Hungria, ao comentar que isso faz com que o resultado não seja ruim como todos afirmam.
O que fazer com as ações da Eneva?
Mesmo com o resultado visto como ruim, os especialistas recomendam compra para a ação da Eneva em sua maioria. O Safra é o único a ter recomendação neutra com preço-alvo de R$ 13.90, alta de 10% em relação ao fechamento de quinta-feira (20), quando a ação encerrou o pregão a R$ 12,68. A recomendação neutra acontece devido ao preço da ação, que para os analistas já precifica tudo que a empresa entrega.
O BTG tem recomendação de compra para ENEV3 com preço-alvo de R$ 18,00, alta de 42% na comparação com o fechamento de quinta-feira (20), quando a ação encerrou o pregão a R$ 12,68. “Os próximos eventos principais em termos de criação de valor e redução de riscos de história de patrimônio são: o leilão de capacidade de reserva de junho e a conclusão da construção da usina térmica Azulão”, explicam Antonio Junqueira, Gisele Gushiken e Maria Resende, que assinam o relatório do BTG.
A Ágora Investimentos também recomenda compra com preço-alvo de R$ 16,00, crescimento de 26,2% em relação ao último fechamento de R$ 12,68. A Empiricus diz que a Eneva (ENEV3) é negociada a cerca de 8 vezes o valor da empresa/Ebitda e com tendência de melhora de resultados pela frente. Por isso, a companhia segue em diversas carteiras da casa de análise.