- O grande destaque de Magalu foi o lucro líquido, que atingiu os R$ 232 milhões, o que representa um aumento de 39,8% se comparado com o 4T19
- Por sua vez, a Marfrig também reportou resultados sólidos no 4T20. Seu lucro líquido atingiu R$ 1,17 bilhões. Com isso, o conselho de administração da companhia propôs à assembleia geral extraordinária a distribuição de dividendos
- Para os especialistas da Ágora Investimentos, apesar dos bons resultados obtidos por Marfrig e Magalu, os balanços não surpreenderam
Na esteira da temporada de resultados, mais duas empresas divulgaram balanços referentes ao quarto trimestre de 2020: Magazine Luiza (MGLU3) e Marfrig (MRFG3). Os das duas empresas saíram na segunda-feira (8).
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As ações de Marfrig registram alta de 10,61% no acumulado de 2021, enquanto os papéis de Magalu amargam queda de 5,61% no mesmo período. O papel MRFG3 encerrou o pregão de terça-feira (9) cotado a R$ 15,93, enquanto MGLU3 terminou o dia cotado a R$ 23,39.
O grande destaque de Magalu foi o lucro líquido, que atingiu os R$ 232 milhões, o que representa um aumento de 39,8% se comparado com o 4T19. O resultado foi puxado, principalmente, pelo crescimento das vendas totais, que alcançaram os R$ 14,9 bilhões, alta de 66% no período quando comparada com o mesmo momento de 2019.
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Tanto as vendas no e-commerce – que registraram um aumento de 121% no período – quanto as de lojas físicas, que evoluíram 16% no total, cresceram no 4T20.
Por sua vez, a Marfrig também reportou resultados sólidos no 4T20. Seu lucro líquido aumentou estrondosos 4252% ante o mesmo período de 2019, atingindo R$ 1,17 bilhões. Com isso, o conselho de administração da companhia propôs à assembleia geral extraordinária a distribuição de dividendos referentes ao ano passado no montante de R$ 141 milhões, ou seja, aproximadamente R$ 0,20 por ação.
Outro ponto positivo para Marfrig é que a companhia apresentou, ao final do 4T20, o menor nível de alavancagem de sua série histórica, medido pela relação entre dívida líquida e EBITDA (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização), que alcançou 1,60x em dólares e 1,57x em reais.
O E-Investidor conversou com especialistas para saber o que eles acharam dos resultados.
Magazine Luiza
A queridinha dos investidores brasileiros inaugurou 64 novas unidades no 4T20, totalizando 1301 lojas, sendo 942 convencionais, 205 virtuais e 154 quiosques. Segundo Flávia Meireles, analista da Ágora Investimentos, a companhia teve um bom balanço. “Mostrou um forte crescimento tanto em e-commerce quanto em lojas físicas, uma sólida lucratividade. Contudo, [os números] estavam dentro do esperado. Então, desta vez, apesar dos bons resultados, Magazine Luiza não surpreendeu como nas últimas vezes”, diz.
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Atualmente, o Magazine Luiza possui mais de 26 milhões de itens disponíveis em sua plataforma, tanto de estoque próprio, como os vendidos em seu marketplace.
De acordo com Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos, 2020 foi um ano chave para o Magazine Luiza, principalmente para seus canais de venda. “Ano passado foi um período em que poucos setores se beneficiaram, e as empresas de varejo que estavam bem posicionadas no online conseguiram aproveitar este momento, em especial o Magalu”, diz.
Vale lembrar que, no ano passado, a companhia adquiriu uma série de empresas, entre elas, a fintech de pagamentos Hub, por R$ 290 milhões. Com a aquisição, o Magazine Luiza vai oferecer conta digital para vendedores que anunciam em seu marketplace.
Apesar dos bons resultados, Meireles acredita que no curto prazo a ação já está precificada. “Nós continuamos vendo Magazine Luiza como uma empresa vencedora no longo prazo, no que diz respeito ao e-commerce. Por isso, mantemos nossa recomendação como neutra e um preço-alvo de R$ 30 para o final de 2021”, diz.
Marfrig
Por sua vez, a Marfrig obteve bons resultados por meio do aumento das receitas. Somente a operação da América do Sul atingiu um recorde de receita líquida, com R$ 5,61 bilhões, o que representa um aumento de 23% quando comparado ao mesmo período de 2019.
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Na América do Norte, onde a operação corresponde a 69% do total, a companhia atingiu os US$ 2,32 bilhões de receita. Contudo, o indicador não aumentou em relação ao 4T19.
“A Marfrig é uma empresa que apresentou um resultado sólido. O grande destaque foi a queda de alavancagem, atingindo o menor nível nos últimos anos. Outro detalhe foi o crescimento do Ebitda na ordem de 30% na comparação com o mesmo período de 2019”, diz Bertotti.
Por conta da desvalorização do real perante outras moedas, o cenário para as exportações é bem positivo. Com nossa moeda mais fraca, os preços praticados no exterior tornam-se mais competitivos.
Para Ricardo França, analista da Ágora Investimentos, foi um resultado bom e sólido, mas dentro do esperado. Capturou a tendência, principalmente do mercado norte-americano. “Com números bem sólidos, destaco o crescimento de quase 40% em base anual de Ebitda, ou seja, são números bons, mas sem nenhuma surpresa”, diz.
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O grande destaque para França foi a retomada da distribuição de dividendos. Segundo informações da plataforma de investimentos Status Invest, a Marfrig não distribuía proventos desde 2011.
“Temos uma boa perspectiva para o setor das proteínas em 2021. Mas para a Marfrig, temos uma visão mais neutra, pois o ciclo de gado nos EUA pode começar a desacelerar a partir do segundo trimestre e isso deve afetar o ímpeto do crescimento de lucros da empresa”, conclui França.