- Inácio Ponchet estudou o universo dos investimentos nos últimos três anos e criou um fundo de investimento para fazer parte do processo educacional do investidor brasileiro em direção ao risco
- A BLP Asset vai lançar um novo fundo em 31 de março: o BLP LSH2 FIC FIM é um passo adiante do BLP Multiestratégia
Na sexta-feira, 5 de março de 2021, o fundo de investimentos BLP Multiestratégia completou o primeiro ano desde que foi aberto para captação. Nas palavras de Inácio Ponchet, esse é um fundo long and short de menor volatilidade com atrativo Sharpe. Com uma carreira bem-sucedida no Banco Garantia, no Credit Suisse e na Duna Asset, essa característica parece não combinar com o histórico de Ponchet, que sempre comandou “fundos porrada”, ou seja, de alta intensidade para buscar o maior retorno possível. “O investidor pessoa física adora risco quando está ganhando dinheiro”, diz Ponchet. “Mas esse conceito de vol muita gente ainda não tem.”
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A opção de Ponchet é uma adequação de suas experiências anteriores ao apetite de risco do brasileiro, que ele estudou bastante nos últimos anos. Na visão do gestor, o investidor pessoa física está num momento de transição da carteira de investimentos, tentando se adequar à necessidade de mais risco para obter um retorno maior do que o oferecido pelos tradicionais produtos de renda fixa. A Taxa Selic no piso histórico pegou todo mundo desprevenido. Por isso criar o “fundo long and short de menor volatilidade com atrativo Sharpe” vai justamente nesse sentido. Ou, para nós leigos, um fundo de investimento com um retorno atrativo, porém com risco bastante controlado.
“A opção é gerar valor com a volatilidade que o investidor pessoa física consegue carregar”, afirma Ponchet. Em números, o BLP Multiestratégia quer entregar para o investidor CDI mais 5% ao ano. “Para o investidor começar a se conhecer e subir nessa grade de vol”, diz o gestor.
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Nesse primeiro ano, o retorno do fundo foi de 13,18%, com volatilidade de 3,96% e Sharpe de 2,80. Para Ponchet, foi um período atípico e esse resultado não será recorrente, principalmente para o nível de risco que ele busca no BLP Multiestratégia (investimento inicial de R$ 5 mil, resgate em D+13 e patrimônio líquido atual de R$ 24,3 milhões).
“Escolher um fundo em função do risco-retorno é algo que já está bem desenvolvido lá fora. O investidor sabe que quer sofrer um determinado tipo de risco”, diz Felipe Bevilacqua, CIO da Levante Advice, uma plataforma criada para servir de hub com todas as informações do universo dos fundos de investimento. “Mas é importante que a mensuração de risco seja bem correta. Para mercado de capitais, vol é um bom indicativo. Se bem ajustada para ativos mais líquidos, funciona bem. Para menos líquidos, não.”
Toda equipe da BLP sabe que existe um processo educacional para que o investidor entenda o retorno ajustado ao risco, principalmente porque o que mais chama a atenção são os fundos que aparecem nas primeiras posições em termos de rentabilidade. “Esse é um erro que a maioria dos investidores comete”, afirma Ponchet. “É preciso conhecer a história da cota e o processo de gestão, pois dependendo do que aconteceu o retorno não é replicável
Treino é treino, jogo é jogo
A frase atribuída ao meio-campo Didi, bicampeão mundial com a Seleção Brasileira em 1958 e 62, inventor da folha seca, vale também no campo dos investimentos. Desde abril de 2019, Ponchet e a equipe de gestão da BLP Asset estavam rodando o fundo para calibrar o conceito de volatilidade que tinham em mente. A ideia era ajustar no detalhe para entregar um retorno interessante com o risco sob as rédeas. Tudo ficou na mais perfeita ordem nos 10 meses de testes, até que o jogo, de fato, começou.
Em 9 de março de 2020, nos primeiros dias de fechamento da cota com o fundo aberto, o resultado foi de queda de 1%. O pensamento que correu na equipe de gestão da BLP foi um só: três anos estudando o mercado para lançar o fundo e a gente começa com um retorno de -1?!
A explicação é que jogo e treino guardam uma enorme diferença. O 9 de março de 2020 ficou conhecido como a “segunda-feira negra” no mercado global de ações. Essa foi a maior queda registrada pelas bolsas no mundo desde 2008, durante a recessão provocada pela crise do subprime nos Estados Unidos. Para completar, a ação da Petrobras, que era a maior posição da carteira, sofreu a maior redução em seu valor de mercado em um único pregão na história, com a queda de quase 30% com o mergulho de 24% no preço do barril de petróleo em razão da disputa entre Arábia Saudita e Rússia.
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Os primeiros dias não se estenderam até o fim daquele primeiro mês, quando o BLP Asset fechou em alta de 6,3% em março – até aqui são 10 meses positivos ante dois negativos.
Para os próximos meses, Ponchet enxerga um movimento forte de liquidez global com a reabertura total, principalmente, nos Estados Unidos. O ritmo de vacinação (que vai dar uma ideia clara da volta do setor de serviços em todo o mundo) está bem avançado, o que vai mexer bastante com a economia americana. E, ao contrário de 2008, o americano médio não está endividado, tem emprego e uma vontade enorme de consumir. “O balanço americano é muito melhor desta vez”, diz ele.
Um novo fundo, com mais risco
Embora os desafios no Brasil sejam enormes, com a curva de juros “empinada”, a pressão inflacionária batendo na porta do Banco Central e um novo superciclo das commodities que, desta vez, pode pressionar o real em razão da bagunça local, a BLP Asset vai lançar um novo fundo em 31 de março. O BLP LSH2 FIC FIM é um passo adiante do produto que está na prateleira de Genial, Guide, Nova Futura, Vitreo, Warren entre outros. Com o dobro de risco, é um fundo voltado para o investidor qualificado que vai operar com ativos predominantemente fora do País.
“A ideia é sermos mais diversificados, olhando para uma base maior de clientes e não ser uma casa com produtos únicos e iguais no cardápio”, diz Ponchet. É dessa maneira, com gestão de risco e diversificação, que o gestor que sempre viveu em alta intensidade vai se adequando ao que o investidor quer e procura.