- Um dos sinais recentes de turnaround da petroquímica foi a reversão do prejuízo de R$ 2,92 bilhões no quarto trimestre de 2019 para lucro líquido de R$ 846 milhões no mesmo período de 2020
- A saúde financeira da empresa, também refletida nas ações negociadas na Bolsa, é explicada por alguns fatores, segundo especialistas ouvidos pelo E-Investidor. Um deles é o aumento do chamado spread petroquímico
- Em análise técnica feita para o E-investidor, a Easynvest mostra que é possível desfrutar do movimento de alta esperado para o médio e longo prazos
Reestruturação é o diagnóstico de analistas que ajuda a explicar a performance da ação BRKM5, da Braskem, que protagoniza uma das maiores valorizações deste ano na B3. Com alta acumulada de 58,25% até a última sexta-feira (19), o papel só fica atrás da ação ordinária EMBR3, da Embraer, que soma ganhos de 62,60% no mesmo período.
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Um dos sinais recentes de turnaround da companhia petroquímica foi a reversão do prejuízo de R$ 2,92 bilhões no quarto trimestre de 2019 para o lucro líquido de R$ 846 milhões no mesmo período de 2020 – um ano difícil para a empresa, que amargou com uma perda anual de R$ 6,69 bilhões.
A saúde financeira da companhia, também refletida nas ações negociadas na Bolsa, é explicada por alguns fatores, segundo especialistas ouvidos pelo E-Investidor. Um deles é o aumento do chamado spread petroquímico, um indicador que consiste na diferença entre os preços da nafta usada como matéria e os produtos vendidos pela empresa.
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Um relatório do banco Safra, assinado pelos analistas Conrado Vegner e Victor Chen, destaca que os spreads no Brasil saltaram 26% para resinas e 25% para químicos na comparação trimestral, enquanto nos Estados Unidos o aumento foi de 18%.
Francisco Caetano, analista da Planner Corretora, lembra que a empresa enfrentou diversos obstáculos ao longo dos últimos anos, como multas internacionais e problemas de atraso na divulgação dos balanços, que levaram à suspensão da negociação dos ADRs na bolsa de Nova York, dificuldades na operação no México.
Caetano frisa que a alta recente indica apenas uma parte da reestruturação, uma vez que o papel, negociado a R$ 37,30, na última sexta (19), era cotado a R$ 59,82 em 17 de setembro de 2018. Apesar de estar longe desse pico, a ação caminhou consideravelmente, se considerar que há um ano, em 23 de março de 2020, a cotação era de R$ 10,07.
“O que nós estamos assistindo neste momento é o início da solução dos problemas. Além do aumento dos spreads, tem a questão em Maceió, que não está resolvida, mas pelo menos os prejuízos estão dimensionados, e são razoáveis e passíveis para a empresa pagar sem maiores problemas”, diz Caetano. No início deste ano, a Braskem retomou a produção de cloro-soda e dicloretano da sua unidade no bairro do Pontal da Barra em Maceió, no Alagoas, que estava paralisada desde maio de 2019.
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No final de dezembro, a empresa anunciou que fechou acordos para encerrar duas ações civis públicas (ACPs), que pediam cerca de R$ 20 bilhões em reparações por danos socioambientais, referente ao evento geológico em Maceió por conta da extração de sal-gema. Com o acordo, a petroquímica estima provisões totais de R$ 10,1 bilhões com os termos do acordo. Esse era um imbróglio que impedia a venda de participação da Odebrecht na petroquímica.
Já em fevereiro, outra notícia que trouxe fôlego foi que a joint venture com a Idesa no México, a Braskem Idesa, estaria perto de fechar um acordo com o governo local para retomar a produção de polietileno e restabelecer o fornecimento de gás natural ao Complexo Petroquímico do México, paralisado desde dezembro do ano.
O que esperar das ações
A visão do mercado é de que a companhia deverá viver um bom ciclo neste ano. “Observamos nos últimos resultados já uma perspectiva favorável para as margens de polipropileno. O avanço da cotação do petróleo contribui para isso, além de que o dólar em patamar ainda elevado tem que ser colocado na conta”, diz Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.
Em análise técnica feita para o E-Investidor, Hugo Carone, analista de ações da Easynvest, explica que é possível desfrutar do movimento de alta esperado para o médio e longo prazos, fugindo das variações de curto prazo.
“Temos pela frente uma importante resistência [força vendedora] na faixa dos R$ 39, onde os preços tendem a realizar ou trabalhar de forma lateral. Aí sim novas oportunidades de posicionamento comprado devem ser avaliadas”, observa Carone.
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Atualmente, a Easynvest tem recomendação neutra para o papel e preço-alvo de R$ 35. A Planner tem recomendação de compra, mas o preço-alvo mais recente, de R$ 35, será revisado devido à boa avaliação dos últimos resultados da empresa. A Guide também recomenda compra do papel, com preço-alvo de R$ 36.