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Investimentos

Franklin Templeton descarta empresas endividadas e busca ativos de valor

Unidade local da gestora americana mudou o perfil de sua carteira

Franklin Templeton descarta empresas endividadas e busca ativos de valor
(Mônica Zarattini/Estadão)
  • Franklin Templeton prevê corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic para 3,25% ao ano
  • Gestor projeta que taxa básica de juros estará entre 2,75% e 3% ao ano no final de 2020
  • Executivo de renda variável acredita que incerteza já está precificada no valor dos ativos

Diante da volatilidade que atingiu o preço dos ativos nos últimos dois meses (março e abril), a gestora Franklin Templeton vai perseguir a estratégia de manter suas carteiras com proteção, além de mantê-las mais balanceadas em maio. “Essa incerteza sobre os impactos da pandemia complica muito a visibilidade, mas muito disso já foi precificado”, diz Frederico Sampaio, diretor de renda variável da Franklin Templeton Investimentos Brasil, ao ser questionado sobre os riscos para o curto prazo.

Por causa da atual crise, ele contou que a gestora zerou participações em empresas muito endividadas em sua carteira. “Selecionamos empresas de qualidade e líderes em seus respectivos setores. Construímos uma carteira mais balanceada entre negócios beneficiados pelo covid-19, como comércio eletrônico (B2W e Lojas Americanas), empresas com receitas em dólar (Vale e JBS) e empresas com valuations muito deprimidos (Itaú, Bradesco, CPFL, Hapvida)”, afirma o gestor.

Em abril, o fundo em questão, o Franklin Valor e Liquidez  FVL FIC FIA entregou retorno de 10,51%, enquanto o Ibovespa subiu 10,25%. No ano, a carteira ainda mostra perda de 31,39%, ao passo que o Ibovespa recuou 30,39% no mesmo período.

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Sampaio argumenta que o mercado brasileiro caiu mais em março e foi o que se recuperou menos em abril. “Tivemos saída de dois ministros (da Saúde e da Justiça), preocupação com uma possível saída do Guedes (ministro da Economia) e ruídos políticos demais como citações de impeachment (do presidente Bolsonaro). Esse ambiente político e a falta de uma base do governo diminui a expectativa de andamento das reformas”, diz ele.

O diretor da Franklin compara o Brasil com o exterior, onde apesar da crise causada pela pandemia de covid-19, as notícias sobre o afrouxamento das restrições são melhores. “A epidemia começou a suavizar na Itália, a Alemanha anuncia volta às aulas, os governos da Europa estão programando a saída gradual da quarentena. Também tivemos pacotes de estímulos lá fora, tanto fiscais como monetários que equivalem a 8% do PIB Global (aproximadamente US$ 7 trilhões), e o Brasil também está seguindo esse receituário”, afirma.

Redução da Selic

Para Renato Pascon, gestor de fundos multimercados e renda fixa da Franklin Templeton Investimentos Brasil, o mais provável é que o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central reduza a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual ao término da reunião de quarta-feira (06/05), para 3,25% ao ano. “Mas não estou entre aqueles que acredita que a Selic vai parar em 1% ao ano. Nossa expectativa é que a Selic fique entre 2,75% ou 3% no final de 2020. O BC tem muita preocupação com o lado fiscal, e sempre deixou isso muito claro em seus comunicados e atas sobre a importância da continuidade das reformas”, diz.

Pascon lembrou que os ativos de renda fixa sofreram com a volatilidade e a precificação a mercados em março e abril. “Houve medo de ativos de crédito privado derem o calote, mas também teve um movimento de busca de liquidez, em que os gestores não encontravam compradores e tiveram que se desfazer dos papéis a qualquer preço”, afirma.

Para o cenário de maio, Pascon acredita que o Banco Central vai atuar para normalizar o mercado de dívida pública e privada no País. “Essa medida aprovada para o BC comprar títulos foi criada para isso, para endereçar essa armadilha de liquidez. E o BC vai ganhar muito dinheiro com isso. Exemplo, no secundário, há Letras Financeiras (LF) do Bradesco com excelente qualidade de crédito sendo oferecida a 160% do DI”, exemplificou.

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Para o investidor com horizonte de longo prazo, o gestor diz que os ativos de renda fixa estão com preços atrativos. “Mas pode ter muita volatilidade no curto prazo, antes de apresentar resultados”, alerta.

Na gestora, o fundo macro Icatu Seg Franklin Templeton Previdência Multimercado teve ganho de 2,27% em abril, e rentabilidade acumulada de 1,80% no ano, enquanto o DI avançou 1,30% no mesmo primeiro quadrimestre. “Em captação líquida, ficamos no zero, tivemos resgate de quem precisava de liquidez, mas também tivemos aportes em abril”, conta o gestor.

Segundo dados da Anbima, a Franklin Templeton Investimentos Brasil, a unidade local da conhecida gestora americana Franklin Templeton, registrava patrimônio de R$ 5,62 bilhões sob gestão no Brasil em março, e mostrava resgate líquido de R$ 88,3 milhões no primeiro trimestre de 2020.

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