O governo do ministro Paulo Guedes se encontra de mãos atadas diante da crise do novo coronavírus. Apesar de ter traçado um plano bastante bonito, que eu particularmente gostaria que tivesse sido concretizado, as coisas em Brasília não funcionaram da forma como o economista queria.
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Enquanto as privatizações, o corte de gastos públicos e a articulação no congresso não andam para frente, o governo mexe na taxa básica de juros, a Selic.
Recentemente, me reuni com Bernardo Pascowitch, do Yubb, Bea Aguillar, do Papo de Bolsa, e Lucas Pit Money, do aplicativo Inside, para a nossa live semanal QG Do Mercado, que acontece no Instagram às quartas-feiras, 18h. Conversamos sobre a decisão do Banco Central de aumentar a taxa Selic e como esta ação pode impactar a economia brasileira e a vida do investidor como um todo.
Taxa de juros atual
Apesar de não conseguir lidar com outros problemas da economia nacional, o governo sempre pode cortar a taxa Selic. Eles decidiram diminuir o índice como se fosse um plano maravilhoso, no entanto, isso infelizmente não se tornou verdade. Para não dar uma sinalização negativa para o mercado de que as coisas não saíram como o planejado, resolveram abaixar a taxa até onde dava. O famoso “agora vai”.
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Entretanto, quando a Selic bateu a mínima de 2% ao ano, a inflação já estava em uma tendência de alta e, muito provavelmente, o IPCA ainda deve romper a meta anual. O certo seria subir a taxa para 2,75% ou mais, já que a política econômica até o momento simplesmente não andou – e o País também.
O segundo ponto é que com o retorno do ex-presidente Lula no cenário político, Bolsonaro vai aderir ao populismo se quiser ter alguma chance de se reeleger. Com isso, existe uma chance considerável de não respeitarem o teto de gastos públicos. Além disso, ele pode interferir nas próximas semanas nos preços dos combustíveis da Petrobras (PETR4).
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Alta do dólar
Durante a conversa, Bernardo Pascowitch, do Yubb, comentou que a inflação está subindo demais. Segundo ele, em vez de a preocupação ser com uma política de redução de gastos, reformas na máquina pública e privatizações para atrair capital estrageiro e aliviar o dólar, pensamos apenas em reduzir a taxa de juros como se isso fosse fazer o Brasil andar.
O certo seria atrair capital estrageiro para privatizar as estatais. Porém, manter uma Selic de 2%, sem nenhuma outra medida econômica eficaz, é quase irreal. Não adianta aumentar a taxa apenas para conter o preço do dólar e inflação. As políticas governamentais devem seguir caminhos mais relevantes para a economia.
Investimentos mais atrativos
Para Bea Aguillar, do canal Papo de Bolsa, quando falamos do mercado como um todo, alguns segmentos podem se beneficiar da alta do juros.
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Por exemplo, as seguradoras, que conseguem rentabilizar um pouco mais com o dinheiro parado. Por outro lado, os fundos de papel já tem ido muito bem, principalmente porque parte dos títulos são atrelados ao IGPM, IPCA e CDI, então esses fundos vão bem. Quando falamos de fundo de tijolo, ainda não terá grande impacto em função da Selic. Enquanto não tiver uma Selic acima de 6%, não temos como comparar com a renda variável.
Segundo o economista e youtuber Lucas Pit Money, do aplicativo Inside, está correto o raciocínio da Bea Aguilar. As seguradoras não colocam dinheiro na Bolsa.
Elas colocam em títulos de renda fixa. Com a renda fixa subindo, estas se beneficiam porque o dinheiro que estava parado ali acaba rendendo mais caso o juros suba de fato. Porém, os investidores ainda não podem agir como se estivéssemos em um país ideal para a renda fixa, pois ainda este não é o nosso caso.
Leia agora sobre a alta da Selic e assista ao QG do Mercado sem censura:
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