

Após a divulgação do resultado do segundo trimestre de 2025 do Banco do Brasil (BBAS3) muita gente se surpreendeu nos dois extremos: um balanço horrível e a alta das ações no mercado nos dias seguintes.
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Após a divulgação do resultado do segundo trimestre de 2025 do Banco do Brasil (BBAS3) muita gente se surpreendeu nos dois extremos: um balanço horrível e a alta das ações no mercado nos dias seguintes.
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Deveria ser fácil explicar o porquê de alguns movimentos, principalmente após ele ter acontecido, mas não sei bem se é o caso agora.
Na minha última coluna e no grupo do WhatsApp, comentei sobre a ação estar atrativa para o investidor de longo prazo, que mesmo com mais quedas ainda projetaria dividendos altos para o investidor e interessantes para quem utiliza da estratégia de “buy and hold” (“comprar e segurar” em tradução livre), e sobre aproveitar os proventos pagos para aumentar ao longo do tempo a quantidade de ações na carteira.
Com a ação perto dos R$ 20,00 o valor ainda se mostra atrativo por algumas métricas como o preço em relação ao valor patrimonial (P/VP), que se mantém abaixo de 0,7x – neste caso, o investidor deve entender que a ação está valendo 70% do que o banco tem de patrimônio. Esse indicador deveria ser utilizado de forma exclusiva se fosse apenas isso que vale olhar no setor bancário, mas que não é o caso.
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Outro ponto que os investidores avaliariam também para a posição vem do dividend yield – o porcentual de dividendos em relação ao preço da ação, que hoje está por volta dos 11% –, embora ainda abaixo da taxa de juros atual de 15% ao ano. Ou seja, comprar o banco apenas pela ótica do dividendo também não parece interessante.
Soma-se a isso o fato da empresa ser uma estatal e ter sido utilizada diversas vezes para ajudar a economia, nem sempre com prioridade para o retorno ao investidor.
No último resultado o banco divulgou uma queda de 11% na margem financeira, resultado principalmente da forte exposição ao agronegócio, que vem sofrendo com o aumento das recuperações judiciais no setor – conheça a fundo aqui a inadimplência do BB. Olhando o lucro líquido o resultado pode ser considerado pior ainda, pois veio 22% abaixo do consenso do mercado.
Além disso o banco suspendeu dividendos extraordinários e acabou com o guidance (projeções para o ano), ou seja, não “promete” mais resultados e deixa o mercado sem parâmetro para balizar suas expectativas. E mesmo assim a ação subiu!
As narrativas, em geral, foram duas e já deixo claro que para mim, são passageiras.
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Na teleconferência o diretor financeiro (CFO) do Banco do Brasil, Marco Geovanne Tobias, disse que o pior já passou, enquanto a presidente do BB, Tarciana Medeiros, afirmou que “o ano de 2025 é de ajuste para aceleração de crescimento”.
Nesse primeiro ponto, me assusta a parte do mercado que acreditou nas declarações, já que o que importa são números e, na minha visão, eles devem continuar pressionados e com uma dose extra de pimenta na fórmula.
O Banco tem uma carteira de crédito em agro que soma mais de R$ 400 bilhões e esse cenário não deve melhorar no curto prazo, já que o pedido de recuperação judicial no setor e as margens pressionadas seguem e dificilmente veremos uma melhora no curto prazo.
A parte da “pimenta” vem da nova regra imposta pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a resolução nº 4.966, que impõe aos bancos mais provisões sobre a “perda esperada” afim de trazer uma visão mais conservadora sobre a qualidade dos seus ativos e cuja medida pode aumentar em muito o reconhecimento de riscos.
Além disso, o reconhecimento de receitas em renegociação e com mais carência também mudou. Assim, veremos ainda alguns trimestres de ajustes, como diz a presidente do Banco do Brasil: “Parte do problema é uma questão técnica”.
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Uma frase, em especial na videoconferência de resultados do 2T25, do CFO do banco estatal me soou mais como um pedido por esperança do que um ajuste real: “Os agricultores precisam comercializar a safra para depois acertar as contas.” Bela explicação.
O segundo ponto que o mercado usou para justificar a alta (e aqui dou mais valor) vem do fato de que haviam muitas apostas de queda da ação no dia seguinte ao balanço do 2T25 e quando ela não aconteceu, esses investidores correram para zerar suas ordens. Aquele que apostou que ia cair e vendeu a ação, precisava, então, recomprar o papel para sair da posição – logo, houve um fluxo de compra para BBAS3.
Fato é que o resultado do BB foi muito fraco, principalmente quando analisamos o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês, a capacidade de gerar lucro em relação ao seu patrimônio). Enquanto o Banco do Brasil apresentou um ROE de 8,5% (abaixo dos 15% esperado), outros bancos, como Itaú (ITUB3; ITUB4) e Bradesco (BBDC3; BBDC4), reportaram 23,3% e 14,5% respectivamente.
Na ótica do investidor, por que comprar um banco estatal com retorno pior ao acionista quando há opções “privadas” com retornos maiores?
Dado que o cenário agro não deve melhorar, que a gestão não se muda do dia para noite e que o ROE deve permanecer baixo, por que comprar Banco do Brasil?
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Se você leu minha última coluna, eu trouxe justificativas para mostrar que no longo prazo os resultados do Banco do Brasil devem retornar à media e é na hora do estresse que devemos montar posições caso você acredite na recuperação.
Fato é que o Banco do Brasil é a instituição financeira mais antiga do Brasil e deve continuar existindo para o investidor de longo prazo, mesmo recebendo retornos menores em dividendos que outros bancos, o desconto frente ao valor patrimonial e a expectativa de melhora de números pode resultar em uma escolha de investimento.
Aqui separamos o investidor de curto e longo prazos, já que pode demorar para a ação recuperar valor e valer o que valia na máxima do ano, em torno de R$ 30 – um alvo de quase 50% de retorno ante o preço atual (R$ 21), além de dividendos do Banco do Brasil projetados que hoje, na minha matemática, deve se manter por um tempo na casa dos 8% ao ano.
Nessa semana vou trazer um compilado das principais análises feitas do banco e um analisa do setor para discutir o caso do BB para quem enxerga o momento atual como a oportunidade para se tornar sócio de ações do Banco do Brasil (BBAS3) – não para quem quer adivinhar o dia de amanhã ou justificar movimentos para trás, como a maioria dos “engenheiros de obra pronta” que vemos por aí.
Fica o convite para o grupo (clique aqui para entrar). Um abraço.
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