Diferentemente do que muitos acham, o relatório Focus não é uma bola de cristal sobre a economia. Para deixar claro desde o inicio, o report é uma pesquisa feita pelo Banco Central com os principais players de mercado (tesourarias, gestores, corretoras e outros) para criar um “consenso” de mercado, ou seja, eles colhem semanalmente as expectativas em relação aos principais indicadores econômicos, consolidam em uma mediana e divulgam.
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Essa pesquisa é feita sempre entre quarta-feira e sexta-feira, com a divulgação na segunda-feira logo cedo. Os players colocam durante esses dias suas projeções para indicadores como PIB, inflação, juros, dólar (além de diversos outros) para o fim do ano vigente e próximos anos.
“Ah mas eles sempre erram”…errado. Eles atualizam suas projeções semanalmente de forma a acompanhar as novidades do mercado, como um aumento do petróleo que pode levar a mais inflação, um número de vendas no varejo pior do que o esperado que pode levar à uma atividade econômica mais fraca e outros exemplos.
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Ninguém sabe, e nem tenta, adivinhar projeções longas porque isso é impossível. É por esse motivo que temos um reajuste semanal de acordo com as mudanças macroeconômicas locais, internacionais, commodities, política, enfim…tudo!
Eu gosto muito desse relatório e trago atualizado sempre no meu grupo de Whatsapp com comentários sobre as principais mudanças e como podemos justificar ou entender as projeções. Afinal, é importante entendermos o que causou a mudança de expectativa sobre algum indicador e se essa mudança tende a ficar ou não.
Em relação aos investimentos, gosto de usar o Focus como base ao fazer novas aplicações e, de tempos em tempos, até fazer uma revisão da minha carteira.
Um exemplo de como usar é quando você vai investir na renda fixa e tem a opção de um pré-fixado (garantindo uma taxa), pós-fixado (ganhando o juros médio do período) e também um titulo com ipca (inflação) + pré-fixado. Usando o relatório Focus, conseguimos ver o que é esperado como consenso para os juros e inflação nos próximos anos e, a a partir de uma matemática simples, podemos fazer simulações de quais títulos podem render mais.
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Se o consenso tem uma inflação esperada para 2025 de 5% e um juros de 8%, fica fácil simular qual rendimento seria mais vantajoso quando pego, por exemplo, um titulo que vai me pagar 120% dos juros (pós) ou um IPCA+5%. A resposta eu coloco ao final do texto!
A ideia de rebalancear a carteira existe justamente porque o mercado muda sempre e com isso as projeções e preços e é aí que voltamos a usar o relatório como ponto de partida para analisarmos o que temos hoje versus o que esse rendimento pode trazer daqui para frente.
Toda segunda-feira eu comento lá no grupo sobre os destaques e faço algumas simulações para que fique claro sempre como podemos usar o relatório ao nosso favor. É obvio que ele é apenas uma das inúmeras ferramentas e informações que devemos usar ao desenhar uma carteira ou fazer uma revisão dos investimentos. Assim como o relatório Focus, há diversas outras ferramentas e “ideias” para esse tipo de gestão mais ativa dos investimentos e pretendo trazer cada vez mais conteúdos assim aqui.
Voltando para o exemplo acima: um título pagando 120% de rendimento de 8% de juros pagará 9,60%, enquanto a segunda opção, de IPCA+5%, sendo IPCA projetado de 5%, teremos um total de 10% de remuneração.
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Quase a mesma coisa, certo? Sim, mas ai entra a segunda análise: “será que a inflação será apenas de 5% no período?” por exemplo… Entendeu? Use e tente interpretar sempre o relatório Focus pois ele pode ser um grande aliado em seus investimentos!