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Comportamento

Férias: é mais barato viajar para a Argentina ou Chile?

Os dois países oferecem paisagens deslumbrantes, experiências gastronômicas e passeios de tirar o fôlego

Férias: é mais barato viajar para a Argentina ou Chile?
É mais barato viajar para o Chile ou Argentina. Foto: Adobe Stock
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  • É muito difícil comparar a Argentina com o Chile, pois são destinos totalmente diferentes em termos de gastronomia, passeios, vida noturna e outros aspectos.
  • Outro ponto é que muitas pessoas optam por pagar os hotéis diretamente em dólar, ou cartão de crédito internacional, pois acabam tendo a isenção do Imposto sobre Valor Agregado que chega a quase 19%.
  • Caso o turista tenha dúvida entre Chile e Argentina e, a decisão for meramente financeira, é evidente que há um maior poder de compra da moeda brasileira nos produtos argentinos por conta da desvalorização da moeda argentina, entretanto há um risco maior dessa volatilidade de a qualquer momento você ter mudanças na situação cambial do peso argentino.

Quando o assunto é escolher um destino na América do Sul, a Argentina e o Chile são opções que atraem os brasileiros. Ambos os países oferecem paisagens deslumbrantes, experiências gastronômicas e passeios de tirar o fôlego. No entanto, para muitos viajantes, a decisão pode se basear no custo da viagem. Afinal, qual destino é mais econômico para o bolso do turista brasileiro?

Atualmente, R$ 1 equivale a 164 pesos argentinos e 169 pesos chilenos. Essas taxas de câmbio são os primeiros detalhes a serem observados, mas vamos explorar outros fatores que influenciam essa escolha, desde o preço das passagens aéreas até os custos com alimentação e hospedagem.

Os destinos mais procurados dos países são Buenos Aires e Santiago. A Decolar enviou uma simulação exclusiva ao E-Investidor, comparando os preços dos destinos com base em períodos de alta e baixa temporada, respectivamente julho e abril.

Passagens aéreas

Alta temporada – julho

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O valor médio das passagens ida e volta de São Paulo para Santiago, em julho de 2024, é de R$ 1.560. Agora, partindo de São Paulo para Buenos Aires, no mesmo período, o valor médio é de R$ 1.489. De acordo com o levantamento, comparando 2024 com 2023, houve queda no preço médio tanto para o destino Santiago quanto para Buenos Aires. Para Santiago houve uma queda de 18%. Já para Buenos Aires houve uma queda de 5%.

Baixa temporada – abril

O valor médio das passagens ida e volta de São Paulo para Santiago, em abril de 2025, é de R$ 1.121. Agora, partindo de São Paulo para Buenos Aires, no mesmo período, o valor médio é de R$ 902. Ainda de acordo com a pesquisa, comparando 2024 com 2023, também houve queda no preço médio para ambos os destinos. Para Santiago houve uma queda de 14%. Já para Buenos Aires houve uma queda de 26%.

Vale mencionar que, segundo a Decolar, os preços das passagens aéreas são dinâmicos por diferentes razões, pois dependem da disponibilidade de fornecedores, do fator de ocupação, sazonalidade, tipo de serviço, antecipação da compra, permanência médica, entre outros.

Hospedagem

Chile

Alta temporada – julho

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De acordo com uma simulação feita pela Decolar, um pacote para a última semana de julho, considerando 6 diárias em uma hospedagem mais modesta no “Hostal Providencia”, custa a partir de R$ 4.674, cerca de R$ 2.337 por pessoa, incluindo voo de ida e volta partindo de São Paulo, pela companhia low cost Sky Airline, com direito a apenas uma mochila ou bolsa. Agora, se optar por um voo de ida pela Latam e volta pela Sky Airline, com direito a mochila ou bolsa, bagagem de mão e mala para despachar, o custo sobe para R$ 5.774, cerca de R$ 2.887 por pessoa.

Baixa temporada – abril

Se a intenção for uma estadia mais luxuosa, o “Icon Hotel” apresentou os melhores preços para a primeira semana de abril. Considerando seis diárias, o pacote para duas pessoas sai a partir de R$ 5.032, aproximadamente R$ 2.516 por pessoa. Este valor inclui o voo de ida pela Latam e o retorno pela JetSMART, com direito a uma mochila ou bolsa e bagagem de mão. Para aqueles que precisam despachar uma mala, o custo total sobe para R$ 5.682, ou cerca de R$ 2.841 por pessoa.

Argentina

Alta temporada – julho

Caso a intenção seja economizar na estadia durante a alta temporada, o “Acogedor Apartamento en San Telmo Para Escapadas en Pareja” apresentou os melhores preços para a última semana de julho. Considerando seis diárias, o pacote para duas pessoas, incluindo voo de ida e volta pela Latam com direito a uma mochila ou bolsa e bagagem de mão, custa a partir de R$ 4.128, aproximadamente R$ 2.064 por pessoa. Se optar pelo voo de ida e volta pela Turkish Airlines, incluindo o despacho de mala, o custo total sobe para R$ 4.462, cerca de R$ 2.231 por pessoa.

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Baixa temporada – abril

Para a primeira semana de abril, o “Savoy Hotel” apresentou os melhores preços considerando seis diárias. O pacote para duas pessoas, com voo de ida e volta pela Ethiopian Airlines, incluindo uma mochila ou bolsa, bagagem de mão e uma mala para despachar, sai a partir de R$ 3.822, aproximadamente R$ 1.911 por pessoa.

Passeios

Chile

Cercada pela Cordilheira dos Andes, Santiago oferece uma variedade de passeios que agradam a todos os gostos, desde um dia de diversão em um parque de neve até uma tarde tranquila para degustar vinhos em uma vinícola histórica. No entanto, é importante ressaltar que existem inúmeras agências de turismo que oferecem passeios variados com preços diferentes. Após pesquisa, a “Bora Pro Chile”, apresentou os melhores preços.

Um dia em um parque de neve, como Farellones, Valle Nevado, El Colorado e La Parva, custa a partir de 30.000 pesos chilenos, cerca de R$ 177. Vale lembrar que, este valor é apenas para o transporte, o ingresso para o parque Farellones por exemplo, custa aproximadamente R$ 200 e o aluguel de roupa mais R$ 230. Uma excursão para Portillo, com direito a conhecer de perto a Laguna del Inca e um piquenique com lhamas, custa a partir de 40.000 pesos chilenos, cerca de R$ 235.

Já uma degustação de queijos e vinhos na vinícola Concha y Toro custa a partir de 55.000 pesos chilenos, cerca de R$ 325, enquanto a degustação de vinhos na vinícola Undurraga sai a partir de 40.000 pesos chilenos, cerca de R$ 236. Agora, para aproveitar as águas termais aquecidas pelo Vulcão San José, no Termas Valle de Colina, o custo é a partir de 60.000 pesos chilenos, cerca de R$ 355.

Argentina

Conhecida por suas famosas empanadas, os espetáculos de tango e o icônico estádio La Bombonera, além dos bairros históricos como San Telmo e La Boca, Buenos Aires também é um destino que oferece atrações para todos os gostos. Após pesquisa, encontramos os melhores preços com a agência “Real Turismo” e “Civitatis”.

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A agência Real Turismo oferece um pacote com apenas o ingresso para o espetáculo de tango no “Señor Tango” a partir de R$ 379. Já o pacote que inclui translado, jantar em três etapas e meia garrafa de vinho custa a partir de R$ 615. O pacote do “City Tour”, passando por sete pontos turísticos da cidade como a Flor Metálica e a Casa Rosada, além de degustação de vinhos em San Telmo e uma parada na famosa estátua da personagem “Mafalda”, custa a partir de R$ 149. Outro passeio popular é o “Passeio ao Delta Tigre”, um tour de barco pelas Ilhas de Tigre, conhecida como “Veneza Argentina”, com custo a partir de R$ 205.

Para os amantes do esporte, a Civitatis oferece o passeio “Tour do futebol”, uma excursão para os dois estádios de futebol mais famosos da Argentina: o do Boca Juniors, La Bombonera, e o do River Plate, o Monumental, a partir de R$ 1.186. Além disso, a agência também oferece espetáculos de tango, como por exemplo, o espetáculo no “Tango Porteño”, a partir de R$ 199,50, com direito a apenas o ingresso e, a partir de R$ 278, com direito a translado, open bar e duas empanadas por pessoa. Já com jantar incluído, o preço é a partir de R$ 492.

Alimentação

Chile

O Chile oferece uma gastronomia ampla, desde frutos do mar e carnes até massas. Alguns dos restaurantes mais procurados por turistas em Santiago são o “Baco”, “Mestizo” e o “Restaurante Giratório”. O Baco, por exemplo, oferece uma salada vegetariana de lentilhas, por 9.000 pesos chilenos, cerca de R$ 53, segundo a cotação atual. Já um strogonoff, acompanhado de batatas fritas, custa 14.000 pesos chilenos, cerca de R$ 82.

O Mestizo dispõe de entradas, como um atum selado com molho de ervas, por 14.200 pesos chilenos, cerca de R$ 83 e, de prato principal, um risoto de couve-flor, castanha de caju e berinjelas grelhadas, por 13.900 pesos chilenos, cerca de R$ 82. O restaurante é super charmoso a noite, com direito a cobertores para ajudar com o frio e velas nas mesas.

Sem dúvidas, o Restaurante Giratório é o que oferece a proposta mais diferente, como o próprio nome diz, o chão tem uma plataforma rotativa. Ou seja, você tem uma vista panorâmica de 360° da cidade enquanto faz a refeição. A volta completa dura cerca de 60 minutos e é quase imperceptível, não se preocupe. De entrada, o menu conta com uma burrata mediterrânea, por 17.500 pesos chilenos, cerca de R$ 103. De prato principal, o “Filete a la vasca”, oferece um filé selado com molho de alho, acompanhado de bolinhos de batata, por 22.000 pesos chilenos, cerca de R$ 118.

Argentina

Não é novidade que a Argentina é conhecida por suas tradicionais empanadas e carnes. Em Buenos Aires, um dos restaurantes mais bem avaliados é o “Don Julio”, eleito no ano passado o melhor restaurante de carnes do mundo, além de o “Niño Gordo” e “El Sanjuanino” que aparecem nas indicações dos turistas brasileiros. No Don Julio, por exemplo, um “Bife de chorizo ancho”, que costuma servir duas pessoas, custa 61.080 pesos argentinos, cerca de R$ 372, segundo a cotação atual e, de acompanhamento, uma porção de batatas fritas, por 9.930 pesos argentinos, cerca de R$ 60.

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O Niño Gordo traz a proposta de churrasco asiatico, o prato “Arroz frito picante” composto de arroz, panceta, camarão, lagostim e lula, sai por 35.000 pesos argentinos, cerca de R$ 212. Já o “Girgolas”, com cogumelos, ervilhas e purê de couve-flor e tofu, sai por 16.800 pesos argentinos, cerca de R$ 102. No El Sanjuanino, é possível encontrar empanadas de diversos sabores como carne e queijo com cebola, a partir de 15.000 pesos argentinos, cerca de R$ 92. É importante ressaltar que, tanto no Chile quanto na Argentina, os restaurantes costumam cobrar taxa de serviço.

De acordo com Carlos Alberto Di Agustini, professor de MBAs da FGV, é muito difícil comparar a Argentina com o Chile, pois são destinos totalmente diferentes em termos de gastronomia, passeios, vida noturna e outros aspectos. No entanto, caso haja dúvida entre os dois destinos, o professor explica que a Argentina pode ser mais complicada devido à volatilidade de sua moeda. “Você nunca sabe quanto vai estar valendo a moeda argentina, a qualquer momento o peso argentino pode se desvalorizar. Você pode fazer o cálculo agora, por exemplo, e quando chegar lá tudo mudou”, afirma.

Hoje, um dólar está valendo em torno de 1.000 pesos argentinos, “em torno” porque depende da casa de câmbio, depende do momento e depende da forma de conversão do pagamento. É muito difícil fazer esse tipo de cálculo, mas resumidamente, o pagamento com cartão de crédito, vai incidir IOF de 4,38% e não se pode esquecer que na Argentina muitos passeios não costumam aceitar cartão de crédito, conta Carlos Alberto.

Além da volatilidade da moeda, ele explica que a Argentina tem três taxas de câmbio: o dólar blue, chamado de dólar paralelo, que geralmente vale 20% mais que a cotação do dólar oficial, o câmbio oficial, aquele que você faz nos bancos e o câmbio MEP, que é aquele cambio feito quando se paga com cartão de crédito ou débito no âmbito internacional. É importante ressaltar que o dólar blue é feito nas casas paralelas que não são vistoriadas pelas autoridades monetárias.

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Quando chegar na Argentina, o professor da FGV não aconselha fazer a troca de uma única vez já que a mudança de cotação nas casas de câmbio é muito grande. Em relação a despesas maiores que forem pagas com pesos argentinos, às vezes é preciso ficar esperando a contagem do dinheiro. “Tem aquelas maquininhas de contar dinheiro e isso pode demorar um pouco. Ou seja, a melhor coisa é já levar reais ou dólares e um limite no cartão de crédito para não ficar fazendo esse cálculo”.

Já no Chile a situação é bem mais estável, segundo Carlos Alberto, pois não há a volatilidade da situação econômica do país e as cotações são até parecidas, um dólar está valendo cerca de 930 pesos chilenos e um real em torno de 170 pesos, isso varia bastante, você tem a volatilidade das casas, do comércio, que é algo natural. “No Chile existe uma concentração de casas de câmbio, principalmente na Avenida Pedro de Valdivia, no bairro de Providencia, que você pode comparar melhor como está uma ao lado da outra, mas de novo, o turista vai levar um monte de moeda chilena, você vai praticar 8 mil pesos, 10 mil, isso dificulta um pouco para saber se o produto está caro ou barato”.

Outro ponto é que muitas pessoas optam por pagar os hotéis diretamente em dólar, ou cartão de crédito internacional, pois acabam tendo a isenção do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) que chega a quase 19%. Isso geralmente é interessante para as grandes compras, mas o professor da FGV reforça que, mesmo para o Chile, onde tem uma estabilidade da situação monetária do país, existe a volatilidade das casas de câmbio que varia dependendo do horário e quantidade de turistas no local.

Caso o turista tenha dúvida entre Chile e Argentina e, a decisão for meramente financeira, é evidente que há um maior poder de compra da moeda brasileira nos produtos argentinos por conta da desvalorização da moeda do país, entretanto, há um risco maior dessa volatilidade de a qualquer momento você ter mudanças na situação cambial do peso argentino.

Por outro lado, a educadora financeira Mariana Pinto, explica que tradicionalmente, o segundo semestre é quando os turistas brasileiros mais viajam para países como Argentina e Chile em busca de esportes de inverno e vinícolas. A profissional conta que o destino mais barato geralmente depende da época do ano e também do gosto pessoal. No entanto, como regra geral, a Argentina tende a ser mais barata que o Chile em termos de custo de vida, acomodação e alimentação. Se considerar cidades como Buenos Aires  Santiago, é 30% mais barato viver na capital argentina do que na capital chilena.

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