- Os jogos NFT representaram mais da metade das transações de criptoativos nos últimos três meses de 2021, mas ainda integram um mercado volátil e imaturo.
- Depois que um game sai do ar, os ativos digitais vinculados perdem o valor, gerando prejuízo a usuários e investidores.
- Golpes, falhas de segurança e projetos malconcebidos estão entre os motivos que fazem um jogo de blockchain sumir do universo digital.
Os jogos de tokens não fungíveis (NFT) foram responsáveis por 55% das transações de criptoativos no último trimestre de 2021, de acordo com um relatório da Cointelegraph Research. Mesmo com toda essa empolgação, o mercado ainda é imaturo, sem regulamentação e muito volátil.
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Milhares de novos games baseados na blockchain são lançados diariamente, mas a maioria desaparece sem se tornar famosa. Os jogos envolvem a compra de NFT que podem perder o valor totalmente quando uma plataforma fica inativa.
Quais são os riscos dos jogos NFT?
O maior risco de um jogo NFT é a falta de interesse dos jogadores, o que pode provocar uma desvalorização dos ativos. “Se o game for divertido para sempre, as pessoas jogarão para sempre”, comenta Cauê Dias, gerente de inovação da NTT Data.
A maioria dos jogos no setor é play-to-earn, um modelo em que o usuário é remunerado para jogar. “Nesse tipo de game, o jogador pode usar o personagem somente dentro do próprio jogo”, disse. Dessa forma, o usuário depende de um ecossistema limitado para manter o ativo valorizado.
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Mas os jogos NFT envolvem também games baseados em mundos virtuais, que estão sendo chamados de metaversos, como o SandBox. Nesse caso, os acessórios adquiridos são compatíveis com outras plataformas, mitigando o risco de perdas financeiras para o jogador.
Jogos NFT que deram prejuízo a investidores
Antes de investir, o jogador deve fugir de jogos NFT produzidos por empresas de baixa confiabilidade para reduzir os riscos. “É preciso saber de quem está comprando e não entrar em projetos apenas por conta do white paper”, recomenda Dias.
Confira quatro jogos NFT que sumiram e deixaram os investidores “na mão”.
1. Cryptocity
A Cryptocity era uma plataforma que oferecia três games NFT com dinâmicas similares: CryptoCar, CryptoPlanes e CryptoGuards. Os usuários tinham de comprar tokens de carros, por exemplo, para participar de corridas.
Em resposta à insatisfação dos jogadores com a desvalorização dos ativos, os desenvolvedores anunciaram férias em janeiro, surpreendendo a todos. A história ganhou contornos de um golpe chamado de Rug Pull (“puxada de tapete”).
Os donos do ecossistema tinham esvaziado as carteiras, vendendo os ativos digitais quando as cotações estavam altas. A comunidade percebeu e tentou se livrar dos tokens, provocando um derretimento brutal, com uma queda de mais de 99%.
2. BlockVerse
O Blockverse era essencialmente uma disputa entre jogadores similar ao Minecraft, com acesso restrito para quem possui os NFTs do jogo. A ideia chamou a atenção de muitos investidores e usuários que buscavam um novo game para ganhar dinheiro.
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A primeira rodada de 10 mil NFTs com preço de 0.05 ETH (cerca de R$ 500) foi esgotada em apenas oito minutos em janeiro, demonstrando o grande entusiasmo com o projeto, e os desenvolvedores comemoraram o sucesso da sua venda inicial no Twitter.
Em seguida, a plataforma e todas as redes sociais do jogo ficaram offline. A empresa reapareceu depois de três dias explicando que houve uma enxurrada de críticas que tiraram os serviços do ar, mas garantiu que o projeto continuava “de pé”. Mas, já era tarde: os R$ 6 milhões investidos na plataforma tinham virado pó.
3. F1 Delta Time
O F1 Delta Time foi lançado em 2019, muito antes da onda de jogos NFT. A Animoca Brand, responsável pelo game, era avaliada em mais de US$ 5 bilhões e tinha o licenciamento da Fórmula 1 para utilizar as imagens dos carros da competição.
Tudo parecia correr bem em um ambiente seguro, com o game rendendo ótimos resultados. No ano passado, o jogo conseguiu vender o carro virtual mais caro do mundo por um valor de US$ 288 mil.
A situação mudou depois que a licença não foi renovada pela F1. A Animoca decretou o fim do jogo e recompensou os jogadores com a participação no ecossistema REVV Motorsport. Na prática, porém, os tokens viraram apenas itens decorativos sem valor.
4. Squid Game
Na esteira do sucesso da série Round 6, cujo título original é Squid Game, o jogo permitia que os compradores de NFT participassem de versões on-line das competições retratadas na obra audiovisual sul-coreana.
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O whitepaper do projeto prometia um bônus para o último vencedor entre 456 competidores. Em menos de uma semana, a criptomoeda utilizada no jogo disparou, saindo de poucos centavos de dólar para US$ 2.861,80.
Os criadores anônimos aproveitaram a alta para retirar das carteiras US$ 3,3 milhões em tokens em uma única operação, derrubando a zero o valor da criptomoeda. Depois, escreveram no canal do Telegram que a equipe estava “deprimida por golpistas” e resolveu descontinuar o projeto.