- A reforma tributária, no Brasil, visa simplificar o sistema tributário brasileiro.
- A proposta é de que haja uma alíquota única de imposto.
- Há divergências entre as demadas dp governo e o que o mercado quer.
Depois de 40 anos de espera, a reforma tributária brasileira parece ter engatado a marcha certa e começa a avançar com velocidade nos corredores de Brasília. Isso porque na última quinta-feira (8) o Senado aprovou o que virá a ser o novo sistema de cobrança de tributos: o Imposto Sobre Valores Agregados (IVA).
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A expectativa, inclusive, é que o Projeto de Emenda à Constituição (PEC) seja promulgado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ainda este ano, porém, ela volta, agora, à Câmara dos Deputados, cujo presidente Arthur Lira (PP-AL) confirmou que pretende concluir a votação ainda neste ano.
Acontece que o texto recebeu atualizações no Senado e agora faz o caminho de volta, de maneira a ser apreciado pelos deputados. Neste contexto, os parlamentares cogitam fatiar o texto, ou seja, promulgar o que for consenso entre as duas Casas e discutir de forma separada o que for divergente.
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Vale lembrar que o modelo vigente foi instituído em 1960 e o modelo prestes a vigorar deverá unificar os tributos, o que beneficia o País de um lado, mas, ao mesmo tempo, cria o maior imposto do mundo, na casa dos 28%, conforme projeções.
“Esta reforma tributária deixa o País menos competitivo”, afirma Volnei Eyng, economista e CEO da Multiplike, para quem muitos setores foram beneficiados, o que deixa o Brasil “atrasado” frente a seus pares globais. Isso por conta do patamar do imposto, segundo ele.
“O Brasil precisa paralisar a desindustrialização que está ocorrendo no País e a reforma vem para ajudar. Em relação à indústria, ganharemos fôlego, mas, no cenário geral, o País sai com uma carga tributária muito alta, ficando pouco competitivo internacionalmente”, frisa.
Reportagem do Estadão mostra exatamente o que mudou na proposta aprovada no Senado em relação ao texto da Câmara. Isso porque o relator da reforma na Casa, senador Eduardo Braga (MDB-AM), teve de ceder em vários pontos, como novas exceções e aporte extra para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional.
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Anteriormente, o E-Investidor mostrou que a proposta era de uma alíquota única de imposto. Além disso, alguns grupos específicos de bens e serviços pagariam 50% do total:
- Serviços de transporte público coletivo urbano, semiurbano ou metropolitano;
- Medicamentos;
- Dispositivos médicos;
- Serviços de saúde;
- Serviços de educação;
- Produtos agropecuários, pesqueiros, florestais e extrativistas vegetais in natura;
- Insumos agropecuários, alimentos destinados ao consumo humano e produtos de higiene pessoal;
- Atividades artísticas e culturais nacionais.
Alguns tipos de medicamentos, bem como serviços de educação de ensino superior do Programa Universidade para Todos (Prouni), devem ser isentos de tributação.
- Veja também: Confira as novas exceções da reforma tributária
O que o mercado quer?
Para André Sandri, o gestor de Family office e idealizador da plataforma Educa$, de educação financeira, o que pode ficar na reforma tributária diverge do que o mercado deseja devido às tensões entre as necessidades fiscais do governo e as expectativas do setor privado.
Segundo o especialista, o mercado financeiro busca uma reforma que reduza a complexidade do sistema, diminua a carga tributária sobre investimentos e negócios e aumente a transparência e a previsibilidade fiscal. “Ou seja, os investidores buscam algo que priorize a eficiência econômica e o crescimento”, diz.
Porém, o que pode restar tende a ser um compromisso entre diferentes interesses políticos e sociais, o que pode resultar na manutenção de algumas exceções fiscais e regimes especiais que complicam o sistema tributário e podem levar a um aumento da carga tributária em alguns setores, visto que o governo não colocará na balança apenas o equilíbrio fiscal como também os objetivos da política econômica do governo.
“Como gestor patrimonial e investidor profissional, eu diria que a prioridade para a reforma tributária seria a simplificação do sistema tributário, a redução da carga sobre investimentos e produção e o incentivo à competitividade internacional”, destaca, complementando que a simplificação pode reduzir os custos de conformidade e aumentar a eficiência das empresas, enquanto a redução de impostos sobre investimentos poderia estimular o fluxo de capital e o crescimento econômico.
Incentivos para a competitividade
Sandri também diz que incentivos para a competitividade ajudariam as empresas brasileiras no mercado global. “Em teoria, isso criaria um ambiente mais favorável aos investimentos, ao crescimento econômico sustentável e à geração de empregos”, ressalta.
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Ele pontua que um “movimento errado” na reforma, do ponto de vista do mercado financeiro, pode ser o aumento da complexidade tributária ou a elevação da carga fiscal sobre investimentos e empresas, o que pode desestimular o investimento produtivo e a competitividade das companhias brasileiras. “Se a reforma resultar em alíquotas mais altas ou em um sistema ainda mais burocrático, isso poderia aumentar o custo Brasil e reduzir a atratividade do País para investidores internos e externos”, frisa.
Em relação aos impactos no mercado financeiro, indica que uma reforma tributária malconduzida incluiria potencial redução da atividade econômica, diminuição dos investimentos estrangeiros diretos, volatilidade nos mercados de ações e títulos e possível desvalorização da moeda nacional frente a outras moedas.
Em contrapartida, os especialistas reforçam que uma reforma bem estruturada poderia impulsionar o crescimento, aumentar a eficiência econômica e melhorar a percepção de risco-país, com efeitos positivos sobre os mercados financeiros.
Tratamento “vantajoso”
Aristóteles de Queiroz Câmara, sócio do Serur Advogados, explica que alguns setores conseguiram obter um tratamento mais vantajoso e outros estarão sujeitos ao regime geral. Portanto, é uma questão de quais setores da economia conseguem fazer prevalecer seus interesses. “A reforma tributária deveria focar em neutralidade e mais justiça na repartição da carga tributária”, diz.
Para Câmara, um movimento errado está no número crescente de exceções ao regime geral da reforma tributária, o que leva a quebra da neutralidade, mais complexidade e talvez a um futuro contencioso. “É difícil estimar o impacto no mercado financeiro. A tributação dos serviços financeiros está caminhando para ocorrer como um regime especial, o que não necessariamente significa uma carga fiscal menor, a ser definida em futura lei complementar”, frisa.
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