Educação Financeira

LCA: o que é e como investir?

Saiba tudo sobre esse tipo de título e como você pode investir nele

LCA: o que é e como investir?
Entenda o que é LCA, como investir e se esse investimento se adequa aos seus objetivos. (Foto: Shutterstock)
  • Em termos muito simples, as letras de crédito do agronegócio são um empréstimo que você e outros investidores fazem ao banco para que ele fomente atividades do setor
  • Mesmo no pior dos cenários, que é a quebra do banco no qual você adquiriu o título, você poderá contar com o fundo garantidor de crédito (FGC)
  • Considere também que se trata de um investimento de médio e longo prazos, com baixa solidez. Você encontrará títulos com vários vencimentos, mas em geral eles pedem ao menos dois ou três anos para o resgate

(Carlos Pegurski, Especial para o E-Investidor) – Pode ser que os termos “manejo integrado de pragas”, “escolha de cultivares” e “normas fitossanitárias” soem como grego para você. Mas convenhamos: quando se fala em investir em um mercado de mais de R$ 1 trilhão, esses temas soam mais amistosos.

Essa é a meta da produção bruta do setor para 2021, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). É nesse contexto que entra a letra de crédito do agronegócio (LCA). Fundamental para que o campo produza, ela é uma ótima fonte de retorno financeiro.

Ficou interessado? Então conheça tudo sobre o assunto, entenda se esse tipo de investimento se adequa aos seus objetivos e saiba como incluí-los na sua carteira.

O que é a LCA?

Caminhão passa por terreno agritcultável
A LCA funciona como um empréstimo para as atividades do agronegócio. (Foto: OlegRi/Shutterstock)

Em termos muito simples, as letras de crédito do agronegócio são um empréstimo que você e outros investidores fazem ao banco para que ele fomente atividades do setor. Assim, o produtor rural tem recursos para o seu negócio e, quando ele devolve o valor ao banco, já há acréscimo de juros, e você é recompensado.

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De todos os investimentos, a LCA está entre os mais intimamente ligados às atividades produtivas. Afinal, para uma boa safra, o agricultor precisa preparar a terra, escolher boas sementes, plantar, dispor de defensivos e técnicas adequadas para o manejo correto ao longo do crescimento, colher, armazenar, cuidar da venda, entre outras etapas. E, para isso, precisa de financiamento.

Além do trabalho mais direto na agricultura e na pecuária, há uma série de atividades que envolvem a lida no campo: produção e distribuição de fertilizantes, sementes e defensivos, produção de equipamentos, beneficiamento de produtos agropecuários etc. Essas ações somadas respondem a um terço do PIB brasileiro e são elas que a LCA ajuda a financiar.

Isso é tão importante para o país que o governo federal não tributa o lucro nessa operação. Ganha quem pode dispor desse recurso para produzir e emprestar ao produtor; além disso, ganha o governo, que tem no agronegócio um dos pilares fundamentais da economia.

Quanto a LCA rende?

Trigo e grãos com uma calculadora
O rendimento pode ser prefixado, pós-fixado ou híbrido. (Foto: Africa Studio/Shutterstock)

A rentabilidade desses títulos varia em torno de alguns fatores. O primeiro deles se refere à modalidade de retorno, que pode ser: prefixado, quando você sabe de antemão quanto vai receber no vencimento; pós-fixado, quando o retorno tem lastro em alguma margem que flutua no mercado (em geral, a taxa Selic, o IPCA ou o CDI); ou híbrido, quando se tem uma taxa fixa e outra oscilante.

Além disso, há títulos com mais ou menos liquidez, bem como carência mais ou menos rígida para resgate antecipado, caso haja algum aperto. Mas, para você ter uma ideia do mercado, vale a pena considerar que o rendimento da LCA costuma ser entre 90% e 93% do CDI.

Se você ainda não está familiarizado com essas siglas, fique tranquilo: a gente explica. A taxa Selic é o índice básico de juros, definido pelo Comitê de Políticas Monetárias do Banco Central (Copom) a cada 45 dias. Atualmente, ela está em 3,5% ao ano.

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por sua vez, mede a inflação de um período. O acumulado dos últimos 12 meses está em 6,1%. Por isso, é oportuno buscar títulos que remunerem ao menos essa taxa.

Já o CDI significa certificado de depósito interbancário e regula a taxa de empréstimos entre os bancos. Por determinação do Banco Central, nenhum banco pode terminar o dia com o caixa negativo e, por isso, as instituições financeiras emprestam dinheiro umas às outras diariamente. A taxa que regula esse empréstimo é o CDI, e o rendimento da LCA costuma ter esse índice como lastro.

E quanto vale o CDI? Bom, isso varia muito. Em 2016, por exemplo, ele fechou em 14% ao ano, o que era extremamente atrativo a investidores. A LCA, nesse caso, estava rendendo 12,9% ao ano, aproximadamente. Já em 2019, o CDI fechou em 5,96%, e a LCA rendia próximo a 5,48% ao ano, em termos aproximados.

A LCA é segura?

Mulher opera um tablet dentro de uma estufa
Tecnologia e gestão estão entre as razões da performance do agronegócio. (Foto: Myboysme/Shutterstock)

Sim, é segura. Esse é um dos principais pontos positivos desse tipo de investimento. Mesmo no pior dos cenários, que é a quebra do banco no qual você adquiriu o título, você poderá contar com o fundo garantidor de crédito (FGC).

Esse fundo é operado por uma empresa privada, sem fins lucrativos, autorizada pelo Banco Central, que funciona como um seguro. Cada investimento feito no Brasil contribui com um pequeno valor para o FGC, que dá solidez ao mercado na medida em que garante as atividades financeiras até R$ 250 mil por CPF.

Além disso, caso a safra tenha problemas, você não é penalizado. O seu contrato é feito exclusivamente com a financeira e é ela que se resolve com o produtor rural se houver inadimplência.

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Mas continua valendo a regra de escolher uma boa financeira. Uma forma inteligente de se assegurar sobre isso é consultar o Índice de Basileia, que ranqueia as instituições de acordo com o risco que elas apresentam para o investidor.

Como saber se a LCA é um bom negócio para mim?

Homem usando máscara frente a vacas num estábulo
O empréstimo ao setor agrícola é vantajoso, mas tem baixa liquidez e o resgate costuma ocorrer a médio e longo prazo. (Foto: Syda Productions/Shutterstock)

Vale a pena considerar seriamente o investimento na LCA, pois há vários pontos positivos, por exemplo o de não ter qualquer tipo de tributação para pessoa física. Você precisa declará-lo no seu imposto de renda, mas nada será debitado, já que você está financiando uma atividade estratégica para o País.

É por isso que muitas pessoas optam por essa modalidade mesmo havendo rendimentos que pagam mais. Há títulos de outras naturezas (CDBs, por exemplo) que rendem 110%, 120% e até 130% do CDI, mas sofrem tributação. Então, é importante pesar cada opção e “por na ponta do lápis” para ver qual é a mais vantajosa.

Mas algumas características do LCA precisam ser ponderadas. A primeira delas é que o aporte inicial costuma ser um pouco mais alto do que outras formas de investimento. Enquanto no Tesouro Direto há títulos a partir de R$ 30, os títulos que financiam o campo partem de R$ 500 e as opções mais rentáveis têm como partida valores de R$ 5 mil a R$ 30 mil.

Considere também que se trata de um investimento de médio e longo prazos, com baixa liquidez. Você encontrará títulos com vários vencimentos, mas em geral eles pedem ao menos dois ou três anos para o resgate.

Caso você precise sacar antes, seu rendimento cairá significativamente. E algumas instituições financeiras costumam ter um período de carência (em geral, de 90 dias) em que, faça chuva ou sol, você não poderá sacar o aporte.

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Por isso, a LCA é interessante para quem já tem uma boa reserva de emergência e investimentos com boa liquidez. Assim, se surgir algum imprevisto, o LCA poderá ficar rendendo, sem problemas. Esse é aquele investimento que você esquece e coloca um alarme no celular para tocar daqui três anos.

Ah, outro detalhe: diferente de outros títulos, a LCA não serve como garantia na Bolsa de Valores. Se esse for seu objetivo, é bacana ver outro tipo de crédito.

Como faço para investir na LCA?

Mão empilha moedas
A LCA é um investimento seguro e pode fazer parte da sua carteira de investimento. (Foto: Singkham/Shutterstock)

O primeiro passo para incluir a LCA na sua carteira de investimentos é se informar. Leia, pesquise e converse com outros investidores. Isso é fundamental para tomar boas decisões. Por exemplo, se você deseja liquidez, a LCA não é a melhor opção. Mas se você deseja fugir da tributação e ter um retorno seguro, ainda que ele demore um pouco, então é uma ótima pedida.

É importante saber de antemão também se você deseja adquirir seus títulos com retorno prefixado, pós-fixado ou híbrido. Não é você que deve se adequar ao investimento, mas o contrário. Por isso, tenha cautela e paciência até achar o destino ideal para as suas economias, considerando que não há certo ou errado, mas decisões que se aproximam ou não do seu objetivo.

Lembre ainda que, além de diversificar entre LCA e outras formas de investimento, você pode ter mais de uma forma de retorno dentro desse mesmo tipo de título. Assim, você cria um sistema de “peso e contrapeso” que reduz perdas.

Por exemplo: se você deseja ter um investimento seguro, mas sem correr o risco de que ele desidrate com a inflação, pode combinar a compra de prefixados e híbridos com o IPCA. Os primeiros vão garantir que parte do investimento se mantenha elevado caso a inflação caia, e os segundos, por sua vez, que o retorno acompanhe uma alta no índice.

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Outro ponto importante se refere à escolha da operadora financeira onde você vai adquirir a LCA. Você deve ser correntista de alguma instituição financeira, certo? Bom, o seu banco tem uma série de títulos de investimento e provavelmente encontrará opções de LCA nele. Mas o seu gerente somente indicará as opções vendidas por essa instituição, que podem não ser tão atrativas.

Por essa razão, quem deseja investir nessa modalidade pode abrir uma conta em uma corretora financeira. Assim, pode-se investir em diferentes títulos, dos mais variados bancos e instituições. E aqui vale uma dica: além do retorno, veja quais delas isentam você da taxa de custódia, uma espécie de taxa administrativa.

E aí, gostou das dicas? Já sabe tudo sobre LCA? Então é hora de colocar a mão na massa. Selecione uma boa operadora e faça simulações. Certamente, algumas vão entrar direitinho nos seus planos e ainda te levar para o campo e as férias merecidas!

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