- Um estudo realizado pela Consumoteca e encomendado pela 99Pay mostrou que o percentual de controle financeiro das famílias de classe C é menor em comparação às classes A e
- Na avaliação de especialistas em educação financeira, as compras parceladas, a falta de conhecimento sobre o próprio poder de compra e os imprevistos financeiros são os principais fatores que empurram as famílias para o endividamento
- No entanto, há algumas medidas que podem ajudar as famílias a manter todos os débitos em dia e sair do status de descontrole financeiro
Quando se tem pouca margem financeira para além dos gastos essenciais, qualquer imprevisto é o suficiente para deixar muitas famílias no aperto. Conserto de carro, despesas com saúde ou até reformas na casa não programadas são alguns dos problemas mais comuns entre os brasileiros da classe C.
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Essas situações, segundo especialistas, ajudam a empurrar as pessoas desse grupo social para o descontrole financeiro e o endividamento. No entanto, há atitudes simples que podem ajudar as famílias a manter todos os débitos em dia.
Um estudo do Instituto Consumoteca, encomendado pela 99Pay e enviado com exclusividade para o E-Investidor, mostrou que 74% das famílias da classe C afirmaram ter o controle dos próprios gastos. O percentual parece alto, no entanto, ao fazer a comparação com outras classes superiores, a organização financeira desse grupo é menor. A pesquisa mostra que 96% das famílias de classes A possuem controle das suas finanças, enquanto as de classe B o percentual de controle corresponde a 86%.
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Mas essa realidade não é unânime entre as famílias da classe C.
Ao olhar com mais detalhes as particularidades desse grupo, o descontrole financeiro é maior entre as pessoas que estão quase integrando a classe D.
De acordo com o levantamento, quase a metade (46%) dos 13% mais pobres não possuem controle do próprio dinheiro e 76% têm dívidas que não conseguem pagar. Ao contrário dos 11% que estão próximos de integrar a classe B. Para esse subgrupo, o domínio das despesas é de 72% das famílias.
A pesquisa ouviu cerca de 1.200 pessoas de forma on-line com o intuito de entender as “dores” financeiras do grupo social. Neste levantamento, foram considerados classe C as famílias que possuem a soma dos rendimentos entre quatro (R$4.180) e dez (R$ 10.450) salários mínimos.
A realidade da classe C, segundo a Consumoteca
Percentual das famílias da classe C | Nível financeiro |
11% | Confortável |
29% | Organizados – iminência de perda de renda |
40% | Restrições de consumo |
7% | Perigo – com comprometimento da saúde mental |
13% | No vermelho – vulnerabilidade social |
Fonte: Instituto Consumoteca |
Na avaliação de Gustavo Raposo, sócio fundador e CEO da Fintech Leve, aplicativo de bem-estar financeiro, o motivo para esta realidade de descontrole financeiro se deve, principalmente, aos imprevistos que precisam ser resolvidos em um curto período de tempo.
“São pessoas que sempre estão no limite por causa das emergências da vida cotidiana. O carro está quebrado. Para resolver, vai ser preciso pegar um crédito caro. E quando você fala de uma família, você tem ainda mais imprevistos”, ressalta Raposo.
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De acordo com Valter Police, planejador fiduciário da Fiduc e head da Academia Fiduc, com as urgências do “hoje”, fica difícil para essas famílias pensar no amanhã.
“Traz um nível de estresse tão grande que nas horas livres as pessoas não estão dispostas a se planejar para não ter esses problemas daqui a três meses”, explica Police.
Como se organizar financeiramente
Mesmo com uma margem reduzida para as despesas além do essencial, os especialistas financeiros apontam soluções e mudanças de comportamento que podem ajudar as famílias a ter mais controle do próprio dinheiro.
Aline Soaper, educadora financeira e fundadora do Instituto Soaper, recomenda como primeiro passo detalhar todos os gastos mensais para ter uma noção real do próprio custo de vida.
“Para fazer a organização financeira e pessoal, não é necessário usar planilhas e programas complexos, um caderno com todos os registros e planejamento para os meses seguintes já é suficiente para uma pessoa se organizar”, ressalta Soaper.
A partir desse detalhamento de gastos, Police explica que as pessoas vão ter condições de enxergar quais são as categorias de consumo que mais comprometem o orçamento mensal. Com esse exercício, é possível fazer ajustes que podem resultar em economias.
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“Ao retirar os gastos essenciais, você verifica o quanto sobra do seu rendimento. Nessa sobra, é que vem as suas escolhas. O problema é que as pessoas querem fazer essas escolhas (realizar gastos não essenciais) sem saber o quanto podem gastar”, ressalta.
Outra dica é evitar comprar produtos de forma parcelada. Segundo Police, para quem quer aprender como se organizar financeiramente, o ideal é realizar compras à vista. “O hábito de parcelar corrói aquela parte “das escolhas”.
Você começa o mês e a maior parte do dinheiro extra já está consumida”, ressalta o educador financeiro.
Com essa análise, Eduardo Reis Filho, especialista em Educação Financeira e em Investimentos da Ágora, aconselha as famílias a poupar parte da sua renda e potencializar a economia por meio de investimentos.
“Se você incluir no seu orçamento o hábito de poupar recursos e aprender como investir, com o tempo você pode gerar novas rendas que são oriundas de todo investimento”, explica o especialista.
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Além disso, Reis Filho recomenda incluir os filhos no planejamento financeiro.
Segundo ele, esse exercício é fundamental para a educação das crianças. “Se a criança entender essa dinâmica financeira, pode até participar desse plano de economizar”, ressalta.