O que este conteúdo fez por você?
- Segundo especialistas, devido ao ciclo de alta das commodities, as companhias desses dois setores têm apresentado uma geração de caixa robusta
- No entanto, o investidor precisa analisar se a distribuição vista nos últimos meses costuma ser recorrente ou pontual conforme o ciclo econômico antes de incluir no portfólio
- O pagamento de dividendos e de juros sobre capital próprio (JCP) ajuda os investidores a aumentar o próprio patrimônio no mercado financeiro
A distribuição de dividendos ou de juros sobre capital próprio (JCP) costuma arrancar sorrisos dos investidores ao ver um dinheiro a mais sendo depositado na conta bancária. E ao longo de 2023, as mineradoras e siderúrgicas foram as principais companhias que conseguiram alegrar os investidores com o pagamento de proventos.
Segundo dados da Economatica, os dois setores da Bolsa brasileira foram responsáveis por um dividend yield (DY) de 24% neste ano. O levantamento considerou a mediana dos dividendos das companhias de capital aberto de cada setor econômico no acumulado de janeiro até o pregão desta terça-feira (12).
Leia também
Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, explica que as companhias desses setores fizeram um “bom trabalho” nos últimos anos ao tornarem as suas atividades operacionais mais eficientes e, consequentemente, conseguiram entregar bons resultados que garantiram a distribuição de proventos. “São empresas também que se beneficiaram com as recentes altas de preço das commodities ao ponto de gerarem muito caixa e deixarem de ser alavancadas”, diz Ferrer.
Publicidade
De todas as companhias que compõem os dois grupos, o analista da Empiricus destaca duas que devem estar no radar dos investidores focados no pagamento de proventos: Vale (VALE3) e Gerdau (GGBR4). “Esperamos um pagamento de dividendos de 10% para a Vale e de 15% para a Gerdau”, acrescenta o especialista. Além do ciclo econômico favorável, as companhias possuem um capex (investimento) baixo em comparação a sua geração de caixa.
Renato Chanes, analista da Ágora Investimentos, também avalia a Gerdau (GGBR4) como uma protagonista importante, no atual momento, quando o assunto é dividendos. Segundo ele, a empresa produtora de aços longos tem se beneficiado com a retomada da construção civil no Brasil e das obras de infraestrutura dos Estados Unidos. Outro fator que contribui para a atratividade do papel é que a empresa não pretende comprar concorrentes.
“Vemos um dividend yield entre 16% a 18% para a Gerdau neste ano se considerarmos a distribuição de dividendos e recompra de ações. Essa característica pode mudar nos próximos anos? Vai mudar porque os ciclos econômicos vão alterar”, diz Chanes.
Como montar uma carteira focada em dividendos?
O bom momento dos setores econômicos que seguem como os maiores pagadores de dividendos em 2023 não deve durar para sempre. A distribuição, no caso desses grupos, vai depender dos ciclos econômicos que alteram no curto e médio prazo. Por isso, Lucas de Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital, sugere ao investidor buscar companhias que possuam uma previsão de receita e com um perfil considerado pelo mercado mais defensivo.
“O setor de utilities (em particular o segmento de energia, com ênfase para as transmissoras) é um setor muito mais constante e perene em distribuição de proventos”, exemplifica Caumont. A outra orientação dos analistas é evitar adotar decisões de investimento com base no dividend yield acumulado dos últimos 12 meses. Isso porque não há garantia de que a companhia irá remunerar os seus acionistas na mesma proporção. “É aquele investidor que sempre está olhando para trás sem entender o contexto. Isso costuma ser o maior problema”, diz Ferrer, da Empiricus.
Publicidade