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- Juros ainda estão no campo restritivo
- Títulos de vencimento mais longos são mais sensíveis às variações da economia
- Bolsa poderá experimentar novos ciclos positivos
Com o Banco Central direcionando as expectativas de manter o ritmo de corte dos juros básicos da economia em 0,5 ponto porcentual (p.p.), as carteiras de investimentos migram para um novo ambiente de alocação de risco. Os títulos de renda fixa permanecem com bons rendimentos reais, mas com tendência de queda da taxa básica de juros, os investidores terão de estar dispostos a tomar mais risco.
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A ata da última reunião em que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic de 13,75% ao ano para 13,25% ao ano foi publicada nesta quarta-feira (8). Apesar da redução, os juros ainda estão no campo restritivo, o que segura o passo da economia, reduzindo a pressão inflacionária. Com isso, a renda fixa ainda continua a pagar retornos atrativos, com papeis NTN-B dando rendimentos acima de 5% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Para ter esse ganho, no entanto, o investidor precisa estar mais disposto a tomar riscos. Os melhores títulos de renda fixa são aqueles de duração mais longa. “A decisão do Copom muda o perfil dos investidores para retomada de ativos de maior risco, como renda fixa de longo prazo, ações e fundos imobiliários”, diz o sócio da Finacap Investimentos, Alexandre Brito.
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Para quem não pretende levar o papel até o fim do contrato, os títulos de vencimento mais longos são mais sensíveis às variações da economia, se assemelhando em risco à renda variável. “Existe uma expectativa que os juros fechem ainda mais. Com essa alocação, é possível ganhar com o fechamento da curva de juros”, diz.
Para o gestor da Multinvest, Oswaldo Moraes, os títulos de médio prazo e os pré-fixados também aparecem como boas opções. “Sabendo que a taxa vai cair, é uma boa aquisição”, diz.
Risco da inflação ainda existe
O risco nesse movimento tático estaria em um eventual repique da inflação. “Temos a expectativa do fenômeno climático el niño, por exemplo, que pode ter repercussão na agricultura. Temos de ter isso no radar”, diz Moraes.
O mercado precifica uma Selic de 11,75% ao ano no final de 2023 e uma taxa de um dígito no final de 2024, para convergir a inflação até o centro da meta de 3% ao ano até 2025. “Apesar das incertezas, restam poucas dúvidas que uma maior sofisticação nos portfólios voltará a entrar no radar de muitos investidores”, afirma Danilo Igliori economista chefe da Nomad.
Brasileiro deverá voltar para a Bolsa
Com uma valorização acima dos 12% no ano, puxada principalmente pelo investimento dos estrangeiros, a Bolsa poderá experimentar novos ciclos positivos com a entrada do investidor local. “O investidor institucional estava aguardando a chancela do Banco Central formalizando a trajetória de queda na taxa de juros”, diz Brito, da Finacap.
Apesar de o governo ainda ter o desafio de provar que vai manter o equilíbrio fiscal na ponta da arrecadação, o foco de maior incerteza no curto prazo ainda é a economia dos Estados Unidos, com o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sinalizando novos aumentos nos juros para frear a inflação. O chamado “hard landing”, ou recessão na maior economia do mundo, ainda é um fator de risco para o investidor.
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