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- O dólar americano teve mais um pregão positivo frente ao real, encerrando esta segunda-feira (7) cotado a R$ 4,89 depois de flertar com patamares superiores a R$ 4,90 ao longo do dia
- Muito dessa alta recente tem a ver com a decisão do Copom de cortar a Selic em 0,5 ponto percentual. Especialistas explicam que a queda de juros pode levar a uma saída de curto prazo de capital do País
- Agora, para que o real volte a se valorizar, o cenário dependerá muito dos Estados Unidos
O dólar americano teve mais um pregão positivo frente ao real, encerrando esta segunda-feira (7) cotado a R$ 4,89 depois de flertar com patamares superiores a R$ 4,90 ao longo do dia. Trata-se de uma alta relevante, acima de 3% no período de uma semana, dado que na última segunda-feira (31) a moeda americana era cotada a R$ 4,73.
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Como explicamos nesta reportagem, muito dessa desvalorização recente do real tem a ver com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em reduzir a taxa de juros brasileira em 0,5 ponto percentual na última quarta-feira (2), acima das expectativas do mercado. Apesar da queda da Selic ser positiva para os investimentos de renda variável no geral, o ciclo de política monetária expansionista do Banco Central leva a uma tendência de alta da cotação do dólar.
Isso porque, quanto mais os juros caírem no Brasil, menor fica o diferencial entre a taxa brasileira e as praticadas pelas economias desenvolvidas no exterior, o que torna o País menos atraente para as operações de carry trade – que costuma atrair capital estrangeiro para o mercado brasileiro e valorizar o câmbio.
Na prática, o carry trade é uma aplicação financeira que consiste em tomar dinheiro a uma taxa de juros em um país e aplicá-lo em outra moeda, onde as taxas de juros são maiores e, assim, lucrar com a diferença.
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Como o BC sinalizou que deve manter o ritmo de cortes na Selic em 0,5 p.p até o final do ano, a tendência é que o diferencial entre a taxa de juros brasileira e a dos Estados Unidos, por exemplo, vá diminuindo até o fim do ano. O que pode levar a uma saída de capital do País de volta para a maior economia do mundo.
“Em um primeiro momento, a queda mais acentuada dos juros vai gerar uma fuga de capitais de curto prazo daqui, pressionando a nossa moeda”, explica Simone Stolar, head em câmbio da Acqua Vero Investimentos. “Por isso observamos os dias de pressão no real antes e após a decisão do Copom.”
O dólar pode voltar a cair?
Não dá para prever o que vai acontecer com a cotação do dólar nas próximas semanas, especialmente devido a grande quantidade de eventos no radar que podem influenciar o mercado. Nesta semana, o câmbio deve reagir a algumas divulgações de dados econômicos pelo mundo: por aqui, a Ata da reunião do Copom, nesta terça-feira (8). Lá fora, dados de inflação em alguns países, com foco especial para o CPI (sigla em inglês para índice de preços ao consumidor) nos EUA, a ser divulgado na quinta (10).
“Como o mercado trabalha com sinalização, um dado mais fraco nos EUA pode trazer uma percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) esteja de fato acabando seu ciclo de aperto monetário”, afirma Stolar. Um cenário que, se concretizado, pode ser positivo para o real.
Bruno Perottoni, diretor de tesouraria do banco brasileiro de câmbio Braza Bank, destaca que a trajetória dos juros nos EUA será fundamental para a continuidade ou não das altas do dólar. Na última reunião monetária realizada pelo Fed, a instituição comunicou que projetava ao menos uma pausa nos ajustes para a próxima reunião, marcada para setembro, mas não fechou a porta para a necessidade de novas altas futuras.
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Se o BC dos EUA precisar ir além do precificado com os juros americanos, a tendência é mais negativa para o real. “Para imaginar o dólar voltando para R$ 4,70, é preciso entender como que vai se comportar a economia americana e até onde vão os aumentos de taxa de juros lá”, explica.
Para quem pretende comprar
Quem tem uma viagem internacional programada e não comprou dólar quando a cotação estava perto de R$ 4,70 pode estar olhando o atual patamar de R$ 4,90 com certo pesar, como se a janela de oportunidade do câmbio “barato” já tivesse passado. Com a alta recente, o dólar turismo passou a R$ 5,08.
Nesta outra reportagem, listamos as melhores opções de cartão para levar em viagens ao exterior e pagar a cotação do dólar comercial.
Haryne Campos, especialista em câmbio na WIT Exchange, destaca que, em comparação com a cotação do início do ano, o momento atual ainda parece atrativo. Um indicativo de como pode ser difícil acertar a hora exata de fazer a troca de real, seja para dólar, seja para euro. “O conselho para quem tem viagem marcada é não esperar uma data tão próxima e ir comprando aos poucos”, diz.
É o que os especialistas em câmbio chamam de “fazer um preço médio”: ir comprando moeda estrangeira aos poucos, em diferentes ocasiões e cotações. Assim, quem vai viajar pode se planejar com mais antecedência, sem precisar ficar preso às oscilações praticamente imprevisíveis da moeda.
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“Se uma pessoa comprou o dólar a R$ 4,80 antes, mas daqui a pouco ela vai comprar mais a R$ 4,60, tudo bem, ela está construindo um preço médio de R$ 4,70, digamos assim”, explica Bruno Perottoni, do Braza Bank. “Se tiver a possibilidade de fazer essas compras aos poucos, é sempre recomendável.”