

(Silla Brush/WP Bloomberg) – Os bancos enfrentarão os mais duros requerimentos de capital para ativos em bitcoin e outros criptoativos, segundo planos de agências de regulação globais para afastar ameaças à estabilidade financeira por parte desse volátil mercado.
O Comitê de Supervisão Bancária da Basileia afirmou na quinta-feira que o setor bancário encara crescentes riscos em razão dos criptoativos, por causa de seu potencial uso em lavagem de dinheiro, dos desafios relativos à sua reputação e de suas mudanças drásticas de preço, que poderiam ocasionar calotes.
O painel propôs que um índice ponderador de risco de 1.250% seja aplicado sobre a exposição do banco a bitcoins e outras criptomoedas. Na prática, isso significa que talvez o banco tenha que manter um dólar em capital para cada dólar em bitcoin que mantiver, com base num requerimento de capital mínimo de 8%. Outros ativos com fatores de risco mais altos possível incluem produtos securitizados, dos quais os bancos possuem pouca informação a respeito de riscos estruturais.
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“O crescimento de criptoativos e serviços relacionados tem o potencial de aumentar as preocupações a respeito de estabilidade financeira e aumenta os riscos encarados pelos bancos”, afirmou o relatório do Comitê da Basileia, que inclui o Federal Reserve e o Banco Central Europeu. “O capital será suficiente para absorver a liquidação completa das exposições do criptoativo, sem expor depositantes e outros credores dos bancos a uma perda.”
O Bitcoin valorizou cerca de 5%, chegando a US$ 38.226 às 11h43 em Londres.
A proposta está aberta para comentários públicos antes de começar a valer, e o comitê afirmou que essas políticas iniciais deverão mudar várias vezes, conforme a evolução do mercado. Nenhum cronograma foi detalhado no relatório, mas o processo de aprovação e implementação de regras da Basileia em todo o mundo normalmente pode levar anos.
Alguns ativos, como tokens com valores atrelados a ativos concretos e stablecoins, precisarão de requerimentos de capital mais baixos.
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As criptomoedas explodiram em popularidade este ano, com investidores iniciantes e profissionais caçando lucros em bitcoin, assim como nichos mais obscuros do mercado. Entusiasmo a respeito da adoção institucional das criptomoedas, a ideia de que elas são um depósito de valor semelhante a um “ouro digital” e endossos de grandes investidores como Paul Tudor Jones e Stan Druckenmiller atiçaram o mercado em alta.
O valor do bitcoin saltou de aproximadamente US$ 10 mil em setembro para até US$ 63 mil em meados de abril. Contudo, no mês passado a cotação despencou, recuando para US$ 37 mil, na esteira de um escrutínio regulatório mais rígido aplicado na China e de críticas de Elon Musk a respeito do elevado custo energético do bitcoin.
Enquanto muitos bancos estão cautelosos a respeito de sua entrada nos criptonegócios, o aumento do interesse dos clientes está fazendo com que firmas financeiras, incluindo o Interactive Brokers Group e a Robinhood Markets, se expandam para esse mercado. O Standard Chartered afirmou este mês que formará um consórcio para negociar bitcoin.
(Tradução de Augusto Calil)
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