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- Luciano Telo, chief investment officer para a América Latina do Credit Suisse, detalha pontos do relatório Investment Outlook 2023
- No Brasil, o executivo aponta que o primeiro ano de mandato de um presidente tende a ser positivo para a Bolsa
- Por conta da distância geográfica da América Latina entre o centro de tensão causado pela Guerra da Ucrânia e a crise de abastecimento na Europa, o bloco de países no qual o Brasil faz parte deve ter maior atratividade entre os emergentes
O ano de 2022 foi a certificação de que o choque causado pela pandemia deixou de ser algo temporário e se transformou em uma preocupação permanente. A avaliação, indicada pelo Credit Suisse, destaca que os aprendizados e a consciência de um novo ciclo geopolítico serão essenciais para a definição de estratégias no mercado em 2023.
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De acordo com o relatório Investment Outlook 2023, divulgado pelo Credit Suisse no Brasil em primeira mão para o E-Investidor, uma mudança de regime no ciclo econômico é reflexo do tom persistente da inflação com uma inércia mais forte do que esperado. Nesse sentido, a renda fixa deve continuar tomando espaço mais significativo nos portfólios.
“Para o primeiro semestre de 2023, o grande tema é o combate à inflação americana. O mercado está subestimando o trabalho que o Fed tem pela frente, explica Luciano Telo, chief investment officer para a América Latina do Credit Suisse. Para o executivo, o crescimento econômico global em 2023 é calculado em 1,6%, valor significativamente menor do que o ‘mundo estava acostumado’. Ainda segundo Telo, é aguardada uma menor alocação para aguardar os juros acomodarem e, eventualmente, novas posições podem ser alocadas no segundo semestre.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve já indicou o sexto aumento consecutivo dos juros com o intuito de barrar a inflação, chegando à faixa de 3,75% a 4%. Por outro lado, na economia nacional o processo foi antecipado, a Selic foi de 2% a 13,75% entre janeiro de 2021 e junho de 2022. Para o Credit Suisse, a ação atencipada no Brasil indica a capacidade do País de ter menor influência das decisões de médio prazo na economia global.
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Na prática, o que esses números mostram para o investidor é que o juro real, valor da subtração entre os ganhos com juros e perda com a inflação, na renda fixa está dando retornos seguros em ativos atrelados à inflação ou juros, como por exemplo Certificado de Depósito Interbancário (CDI), Tesouro Selic, além de LCI (Letra de Crédito Imobiliário), LCA (Letra de Crédito do Agronegócio).
Desse modo, os ativos de renda variável ficam menos atrativos, o que é possível observar pelo índice S&P 500 ultrapassando perdas de 15% no acumulado anual. No Brasil, o Ibovespa consegue um breve crescimento na faixa de 4%, ainda longe dos ganhos atrelado aos 13,75% da Selic.
Uma justificativa para a queda significativa no mercado acionário norte-americano, segundo explica Telo, é exatamente um novo regime observado na geopolítica. Por conta contínua percepção das mudanças, o retorno ao crescimento deve levar tempo. “O que era um choque temporário, mostra-se uma situação permanente. Um fator que exemplifica isso é a discussão geopolítica entre Estados Unidos e China. A relação em que maior cooperação deveria ser mais esperada, apresenta muito mais competição, especialmente com forte presença de sanções táticas para acesso à tecnologia”, aposta Telo.
Temas que devem estar no radar do investidor em 2023
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Para os investidores brasileiros que buscam ter a volatilidade como aliada, o CIO sugere uma carteira recheada de renda fixa indexada para amortecer a flutuação do mercado. Espera-se que o Banco Central mantenha a Selic no atual patamar, mas os caminhos do novo governo devem ser acompanhados de perto para identificar possíveis recuos.
“O que vemos na história do Brasil é que o primeiro ano de mandato de um presidente, seja reeleito ou não, é positivo para a Bolsa. Isso acontece por conta da renovação das bases políticas e do respaldo eleitoral”, destaca Telo. Pontualmente, ele ilustra o recente rally das empresas do setor de educação como uma possível consequência política. Apesar disso, como complementa o executivo, ainda não houve ‘gatilhos’ para impulsionar a Bolsa.
Para os investidores que buscam uma parcela de risco, Telo sugere os fundos multimercado como opção, já que o gestor consegue realizar alterações mais rapidamente para responder às oportunidades.
Cenário positivo para o bloco latinoamericano
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Enquanto o crescimento médio global está abaixo dos último anos, o banco suíço também avalia que o grupo de países emergentes têm fatores para atratividade de investidores em 2023, cenário que deve atrair capital estrangeiro para o mercado nacional. Por conta da distância geográfica da América Latina e o centro de tensão causado pela Guerra da Ucrânia e a crise de abastecimento na Europa, o bloco de países no qual o Brasil faz parte pode ter maior evidência no próximo ano.
“Enquanto os países asiáticos colocam suas forças prioritariamente na manufatura para exportações, a menor dependência global da América Latina, adicionada à força das commodities, faz com que o grupo possa sofrer menos impacto do freio de crescimento global”, diz Telo.
Especialmente no Brasil, a autossuficiência de petróleo deve ser levada como um ponto positivo. Já que, segundo o Credit Suisse, a guerra no Leste europeu deve continuar mantendo o preço alto do petróleo. Além disso, por conta da relação comercial com a China, que tem crescimento para 2023 calculado entre 3% e 4%, maior que a média, o país deve contrastar com pares, como no caso do México, que tem maior dependência dos EUA.
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