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Crise no varejo: Lojas Renner (LREN3) pode ser a resiliente do setor?

As ações das varejistas tombam em bloco no acumulado de setembro

Crise no varejo: Lojas Renner (LREN3) pode ser a resiliente do setor?
Unidade da Lojas Renner na Avenida Paulista, em São Paulo. (Foto: Alex Silva/Estadão)
O que este conteúdo fez por você?
  • No acumulado do mês, os papéis derreteram 20,5% e acompanham o desempenho de outras varejistas, como Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3)
  • Mas ao olhar para o seu histórico, a empresa já entregou uma rentabilidade média acima de 20% em outras crises econômicas no país, segundo dados do TradeMap
  • A performance do passado e a capacidade de distribuir dividendos aos acionistas podem sinalizar ao investidor que a empresa pode ser uma alternativa interessante no varejo

As ações das Lojas Renner (LREN3) devem terminar setembro entre as maiores quedas do Ibovespa, o principal índice da B3. Segundo dados do Broadcast, os papéis acumulam uma desvalorização de 15% neste mês. O desempenho negativo só fica atrás das ações da Magazine Luiza (MGLU3), do GPA (PCAR3) e das Casas Bahia (BHIA3) que lideram, até as negociações desta quinta-feira (27), o ranking das maiores perdas do IBOV no mês.

Os motivos para o pessimismo do mercado têm relação com a crise que o setor do varejo enfrenta. Segundo analistas, embora o Brasil esteja vivenciando um ciclo de queda nos juros, a Selic ainda permanece em patamares elevados, o que pressiona os resultados das companhias. O poder de compra dos brasileiros também segue comprometido diante dos altos níveis de inadimplência da população.

Segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o nível de inadimplência encerrou agosto em 12,7%, representando um recorde em 13 anos. Para piorar, a crise do Grupo Casas Bahia (BHIA) após a operação mal sucedida de um follow on aumentou ainda mais o pessimismo do mercado para o setor.

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+Leia Mais: Casas Bahia: até quando o mercado ficará pessimista com as ações?

A boa notícia é que, mesmo em um cenário de crise, a empresa costuma remunerar os acionistas. No dia 21 deste mês, por exemplo, a companhia aprovou a distribuição de R$ 171,7 milhões de juros sobre capital próprio (JCP), o que equivale a um pagamento de R$ 0,17 por ação ordinária. Além disso, o dividend yield (DY) da varejista em 2023 permanece no patamar de 2,52%, até o momento. O porcentual é maior do que o DY registrado nos três últimos anos antes da pandemia.

Esse não é o único dado que chama a atenção da empresa. Ainda conforme o levantamento do TradeMap, nos anos de 2010 a 2020, a varejista conseguiu entregar um retorno sobre patrimônio líquido (ROE) médio anual, indicador que mede a capacidade da companhia em gerar lucro aos acionistas, acima de 20%. O retorno seguiu elevado mesmo nos anos de 2015 e 2016, quando a Selic estava cravada no patamar de 14,25% ao ano.

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Na avaliação de Rafael Meyer, gestor no Solutions MFO, que faz parte do Grupo SWM, a gestão da companhia buscou evitar se alavancar em cenários de juros elevados e, por essa razão, conseguiu manter margens atrativas para uma varejista em um cenário desafiador. “A empresa sempre foi muito capitalizada com caixa líquido em posições importantes”, diz Meyer.

A característica despertou a atenção de investidores estrangeiros, que decidiram manter posição na varejista. “Blackrock, Schröeder e Vanguard e JP Morgan possuem as três maiores posições em Lojas Renner”, acrescentou Meyer. O problema é que o cenário atual possui fatores ainda mais desafiadores em comparação ao da década passada. A chegada ao Brasil de players internacionais do setor de vestuário, como a Shein, trouxe mais uma concorrência para esse nicho de mercado.

A realidade foi alvo até de inúmeras críticas do setor, sendo a principal dela a do CEO da Marisa, João Nogueira Batista. Segundo ele, as companhias varejistas do setor de vestuários enfrentam uma concorrência “desleal”. “Eles (Shein) têm que pagar os mesmos impostos que a gente paga”, afirmou Batista em entrevista ao E-Investidor no dia 21 de setembro. Veja os detalhes nesta reportagem.

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+Leia Mais: Shein e Shopee: O que muda para o consumidor com a nova regra de impostos

Em julho, o governo federal criou o programa Programa Remessa Conforme (PRC), no qual garante a isenção do imposto federal para compras feitas por e-commerces estrangeiros, como Shein e Shopee, para produtos avaliados em até US$ 50. No entanto, as empresas que aderirem ao PRC deverão se comprometer a pagar tributos estaduais, como o Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS).

Por essa razão, Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, acredita que será difícil a companhia conseguir entregar novamente um ROE acima de 20% nos próximos anos. Na avaliação dela, os custos com insumos e funcionários se encontram em patamares elevados em comparação aos anos de 2010 a 2020. “Para retomar a mesma rentabilidade, a companhia precisaria elevar um pouco os preços, o que não enxergamos espaço para fazer no curto prazo”, afirma Quaresma.

Vale o investimento?

O histórico das Lojas Renner traz um voto de confiança para alguns analistas de mercado. Segundo Renato Chanes, analista da Ágora Investimentos, em termos de valuation (preço), o papel da varejista segue atrativo, mas o cenário desafiador para o setor no curto prazo impede que as ações tenham um desempenho de ganhos. Por isso, a recomendação para o papel é de compra para os investidores com perspectivas de longo prazo.

“Para horizontes de tempo mais alongados, pode fazer muito sentido, mas é possível que o investidor encontre um melhor ponto de entrada à frente”, afirma Chanes. A Toro Investimentos também possui recomendação de compra para o papel com o foco no longo prazo. “Acreditamos que dentre as companhias brasileiras listadas com foco no mesmo público-alvo, a Renner tem vantagens competitivas”, ressalta Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos.

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Já a Empiricus orienta ao investidor ficar de fora do papel para os investidores que não estão posicionados na companhia diante dos desafios para o setor varejista.

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