O que este conteúdo fez por você?
- Apesar de parecer algo distante e complicado, existem soluções um pouco mais práticas para aplicar nos Brazilian Depositary Receipts (BDRs)
- Desde outubro, as negociações dos BDRs foram liberadas para qualquer investidor pessoa física na B3. Até então, o acesso ao produto era restrito para investidores profissionais ou qualificados, ou seja, com mais de R$ 1 milhão em patrimônio investido
- Na Live E-Investidor desta quarta-feira (4), Rodrigo Pereira, da Ágora Investimentos, e Roberto Indech, estrategista-chefe da Clear Corretora, esclareceram as dúvidas sobre os BDRs relativas à variação cambial, aos dividendos, cenário pós-eleições nos EUA, dentre outras
Investir em ações estrangeiras é um assunto que sempre chama a atenção, já que muitos ainda têm dificuldade. Apesar de parecer algo distante e complicado, existem soluções um pouco mais práticas para aplicar nesses ativos: os Brazilian Depositary Receipts (BDRs), uma alternativa que se tornou mais acessível para os investidores em geral.
Leia também
Desde outubro, as negociações dos BDRs foram liberadas para qualquer investidor pessoa física na B3. Até então, o acesso ao produto era restrito para investidores profissionais ou qualificados, ou seja, com mais de R$ 1 milhão em patrimônio investido.
Na prática, o BDR consiste em um certificado que espelha um valor mobiliário negociado no exterior, como uma ação ou um ETF. A vantagem é que os investidores podem melhorar a diversificação na carteira e investir em empresas negociadas em outros países, sem a necessidade de abrir conta em corretoras estrangeiras.
Publicidade
“A nossa Bolsa representa 0,8% do mercado de capitais. Essa é uma amostra muito reduzida do que o investidor pode percorrer. Com a mudança, o BDR torna esse canal mais largo e amplia as perspectivas para o investidor”, diz Rodrigo Pereira, da Ágora Investimentos.
Durante a Live E-Investidor desta quarta-feira (4), o especialista reforçou que a democratização do produto no Brasil traz grandes oportunidades para os investidores, principalmente no setor de tecnologia. “Esse é um segmento muito limitado no mercado doméstico. Agora o investidor tem tudo para aportar capital no Facebook e Microsoft, por exemplo, que são ações que subiram muito este ano”, diz Pereira.
Leia também: Coca-Cola, Facebook e mais 5 BDRs com melhor oportunidade de retorno
Para Roberto Indech, estrategista-chefe da Clear Corretora, que também participou do bate-papo de hoje, o potencial de crescimento dos BDRs é certo. “Essa é uma evolução fantástica em termos de acessibilidade”, diz. “Nos próximos cinco anos [o cenário] vai mudar ainda mais e para melhor.”
Eleições americanas
A disputa entre Joe Biden e o presidente republicano, Donald Trump, pela presidência dos Estados Unidos tem sido o centro das atenções dos investidores ao redor do mundo. E como esses ativos são negociados no exterior, os especialistas comentaram os efeitos do resultado nas urnas para os BDRs.
Publicidade
Na visão de Pereira, da Ágora, a vitória de Biden provoca um certo receio nas empresas por conta da taxação. “Trump seguiu um abatimento tributário de forma muito agressiva. Por uma questão de alinhamento com o partido, Biden seguiria um plano fiscal diferente, com possibilidade de taxação”, afirma.
Nesta toada, Indech, da Clear, recorda que no momento em que as pesquisas mostravam Trump na liderança, houve alta expressiva no índice de tecnologia de futuros do Nasdaq, o que indica que Trump é consideado mais liberal no mercado. “A entrada de Biden pode significar uma nova regulamentação no segmento de Big Techs”, diz.
Dividendos
Entre as dúvidas que acabam tirando o sono de alguns investidores está a menina dos olhos dos brasileiros: os dividendos. Ao investir em um BDR, você não está aplicando direto na empresa, mas em um recibo. Mas isso não quer dizer que não há pagamento dos lucros aos acionistas.
O que acontece é que o mercado americano funciona de forma diferente do brasileiro. Nos Estados Unidos não há obrigatoriedade legal de distribuir parte dos lucros, como no Brasil. Por lá, esse é um movimento natural, tanto que, 8 das 25 maiores empresas (avaliadas por seu valor de mercado) dos EUA não pagam dividendos há dez anos. Como há uma tributação em 30% no país norte-americano, a empresa costuma usar o dinheiro para reinvestir no crescimento do negócio, comprar outras empresas, quitar dívidas ou fazer a recompra de ações.
“O investidor sempre teve o dividendo como um norte na carteira, mas a empresa pode usar o dinheiro para rentabilizar o próprio negócio e evoluir cada vez mais”, diz Pereira, da Ágora. Não receber esse valor extra, segundo o analista, não representa um ponto negativo, já que a companhia vai entregar resultados de outras formas para o investidor.
Dólar
Investir em empresas no exterior significa lidar com a variação cambial. “Aderir aos BDRs significa lidar com investimento fora do Brasil. Então, nada mais justo do que ter o fator cambial no investimento”, ressalta Pereira.
Publicidade
O especialista afirma que sempre haverá janelas de oportunidades mais propícias para os BDRS, dependendo do cenário com o real mais fraco ou o dólar mais forte. De qualquer maneira, segundo ele, ter exposição em ativos no exterior é muito importante para a diversificação. “O investidor investe em um ativo descorrelacionado com a nossa Bolsa”, diz.
Roberto Indech, da Clear, lembra que em 2020, com a forte desvalorização do real devido à crise, muitos BDRs mostram uma rentabilidade anual fantástica. “Alguns performaram duas vezes mais o que a ação apresenta por conta da desvalorização do real. Muitas vezes pode ser uma oportunidade”, afirma.
Confira a live completa abaixo:
Publicidade