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Capitalização de empresas não deve superar recorde histórico neste ano

Segundo a Anbima, as companhias brasileiras capitalizaram R$ 596 bilhões em 2021. O volume é recorde histórico

Capitalização de empresas não deve superar recorde histórico neste ano
O volume das emissões em renda fixa e em renda variável foi de R$596 bilhões (Foto: Envato Elements)
  • Segundo os analistas, a taxa Selic a 2% contribuiu para essa capitalização histórica para as empresas brasileiras
  • No entanto, as emissões em renda variável e em renda fixa pelas companhias brasileiras em 2022 não devem ultrapassar o volume de 2021
  • Perspectiva de aumento da taxa Selic e o período eleitoral são os principais fatores que tornam o cenário menos promissor em relação ao ano passado

A taxa Selic a 2%, menor patamar da história, contribuiu para o volume recorde de ofertas no mercado de capitais no Brasil em 2021. De acordo com os dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), as emissões de renda variável e de renda fixa pelas empresas somaram R$ 596 bilhões no ano passado. O volume foi considerado o maior da série histórica da associação, que iniciou em 2012. No entanto, na avaliação de analistas, a capitalização de recursos neste ano pode não superar a marca alcançada no ano passado.

As ofertas das companhias brasileiras em renda fixa responderam à maior parte do total de ofertas. Segundo a Anbima, a soma do montante nesta classe de ativos foi de R$ 467,9 bilhões. As debêntures e os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) foram os maiores destaques, com volumes de R$ 253,4 bilhões e R$ 85,3 bilhões, respectivamente. Os números representam mais do que o dobro do que foi levantado em 2020.

De acordo com Hernani Raga, especialista em Renda Fixa e Corporate da EWZ, com a taxa básica de juros no seu menor patamar, as emissões de capital em renda fixa tornaram-se ainda mais atrativas para as companhias brasileiras devido ao seu menor custo. “A emissão de crédito privado ainda assim é uma forma barata de uma empresa captar dinheiro, mas o aumento da taxa de juros faz com que essa tomada de dinheiro fique mais cara para a companhia”, explica Raga.

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Além disso, a taxa de juros em um baixo patamar também atraiu os investidores para as debêntures. Segundo Jaqueline Benevides, analista de renda fixa do TC, devido a queda na rentabilidade dos investimentos em emissões de bancos, esses tipos de títulos de crédito privado se tornaram meios de boas rentabilidades sem a necessidade do investidor recorrer à bolsa de valores.

“Em uma ponta, você tinha emissões bancárias a uma taxa Selic de 2% e esse tipo de crédito privado (debêntures) é atrelado ao IPCA+ (índice da inflação). Então, como você tinha 2% numa ponta (emissões bancárias) e na outra uma inflação alta mais o pagamento de uma taxa (debêntures), os investidores optaram pelo crédito privado”, explica Benevides.

No entanto, a Selic encerrou o ano de 2021 a 9,25% e a expectativa do mercado é que o Banco Central (BC) realize novos aumentos, podendo a chegar a 11,75% no fim de 2022, de acordo com a última projeção do Boletim Focus. Mesmo assim, Benevides acredita que as emissões em renda fixa devem seguir crescendo porque o acesso ao crédito por meio de instituições financeiras se torna mais caro para as empresas com o aumento da taxa de juros. No entanto, o volume de capitalização pode não superar a marca de 2021.

“Pode ser que os investidores continuem consumindo as emissões de crédito privado atrelados ao IPCA. No entanto, com o aumento da taxa de juros, a inflação diminui. Então, a demanda para as debêntures deve reduzir”, avalia a analista da TC.

Renda variável

As emissões em renda variável somaram R$ 128,1 bilhões, representando 21,4% do volume total de ofertas. As Ofertas Públicas Iniciais de Ações (IPOs) foram os principais destaques nesta classe de ativos ao movimentar R$ 63,6 bilhões no mercado brasileiro com 46 operações, segundo a Anbima. O montante é quase 47% maior do que o registrado em 2020.

“Quando a gente pega o histórico, 2021 foi o segundo ano com maior número de IPOs, perdendo apenas para 2007 quando a gente estava no auge do superciclo das commodities”, explica João Daronco, analista da Suno Research. Um dos fatores apontados por Daronco para esse alto volume é a “popularização” dos investimentos em renda variável nos últimos anos.

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“Houve uma disseminação massiva de informação sobre o mercado financeiro por meio de educadores financeiros que ajudaram no desenvolvimento desse mercado, desmistificando a ideia que se tinha sobre a bolsa de valores”, acrescenta o analista da Suno.

Mas esse não foi o único fator. Segundo João Gabriel Abdouni, analista da Inversa Publicações, da mesma forma que beneficiou as emissões em renda fixa, a taxa Selic a 2% trouxe um cenário promissor para as ofertas em renda variável. Além disso, o Ibovespa chegou aos 130 mil pontos no primeiro semestre do ano passado, o que significava para as companhias brasileiras um bom momento de emissão de capital no mercado acionário.

No entanto, Abdouni ressalta que esse movimento não deve se repetir neste ano. “Com uma taxa de juros a 9,25% que temos agora, será muito difícil que a gente veja esse mesmo volume de IPOs”, acredita.

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