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Atualização da Cardano abre espaço para atuar em mercado de US$ 132 bi

Terceira maior blockchain do mundo por capitalização de mercado passou por uma atualização no domingo (12)

Atualização da Cardano abre espaço para atuar em mercado de US$ 132 bi
Representação de criptomoedas (FOTO: Envato Elements - ArtRachen)
  • Nesta quarta-feira (15), às 9h35, a ADA, criptomoeda nativa da rede, está em alta de 1,26%, cotada a US$ 2,41.
  • Os contratos inteligentes são a base para as aplicações de finanças descentralizadas (DeFi), um mercado que, segundo informações da plataforma Coinmaketcap, está avaliado em US$ 132,56 bilhões.
  • Segundo Samir Kerbage, CTO da Hashdex, a atualização permite que a rede passe a ter casos de uso, deixando de ser um ativo puramente de promessa/venture, para a possibilidade de ter aplicações práticas

A Cardano, terceira maior plataforma blockchain por capitalização de mercado, passou por uma atualização importante no domingo (12), apelidada de “Alonzo Hard Fork”. O update inaugurou a era dos contratos inteligentes na rede, prometidos pelo time de desenvolvedores desde o lançamento da rede em 2017.

Nesta quarta-feira (15), às 9h35, a ADA, criptomoeda nativa da rede, está em alta de 1,26%, cotada a US$ 2,41.

Os contratos inteligentes, conhecidos também como “smart contracts”, são contratos eletrônicos cuja execução é autônoma, ou seja, independente de qualquer parte. Na prática eles possibilitam uma série de aplicações que reproduzem serviços do mercado financeiro de forma descentralizada, como empréstimos, seguros e até bolsas de valores, tudo sem a interferência de terceiros.

Os contratos inteligentes são a base para as aplicações de finanças descentralizadas (DeFi), um mercado que, segundo informações da plataforma Coinmaketcap, está avaliado em US$ 132,56 bilhões.

Orlando Telles, diretor de research da Mercurius Crypto, explica que o propósito da Cardano desde sempre foi ser uma plataforma de contratos inteligentes escaláveis, assim como acontece na Ethereum. “Só que a Cardano, desde que foi lançada, não tinha atingido esse objetivo e não tinha liberado ao mercado essa funcionalidade. Então a blockchain acabava por ter as suas funcionalidades de forma restrita”, diz.

Entendendo a atualização

O “Hard Fork” é uma expressão utilizada pelos desenvolvedores para atualizações que são incompatíveis com as versões anteriores. Ou seja, após o Alonzo, se um desenvolvedor quiser permanecer conectado à rede, precisará baixar essa nova versão, basicamente como se fosse uma atualização de software.

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A atualização é uma referência ao matemático americano Alonzo Church, que foi um dos antepassados ​​da ciência da computação. Além dos “smart contacts”, a atualização irá permitir a introdução de novas funcionalidades, como os dApps (aplicativos descentralizados) e funcionalidades de DeFi.

Outro ponto importante é que a atualização foi dividida em três partes principais, identificadas por cores:

  • Alonzo Blue – Introduz a funcionalidade dos contratos inteligentes, com 50 participantes técnicos que poderão desenvolver aplicações;
  • Alonzo White – adiciona mais recursos e uma gama mais ampla de participantes ao Alonzo Blue. As centenas de novos usuários passarão por uma espécie de “campo de treinamento de exercícios” que testará os recursos da rede;
  • Alonzo Purple – Nessa fase a rede de testes se tornará totalmente pública e integrará milhares de participantes à ela

Há também duas fases menores, que acontecerão após o Alonzo Purple, apelidadas de “Alonzo Red” e “Alonzo Black”. Cada uma delas essencialmente adiciona mais usuários ao testnet (rede de testes) e identifica bugs que podem precisar de correção.

Segundo Samir Kerbage, CTO da Hashdex, a atualização vai permitir que diversas aplicações, especialmente de DeFi e stablecoins – as criptomoedas lastreadas em ativos reais, como o dólar – sejam implementadas na rede. “Ou seja, agora permite que a rede passe a ter casos de uso, deixando de ser um ativo puramente de promessa/venture, para a possibilidade de ter aplicações práticas”, diz.

Na visão do CTO, começaremos agora a ver uma verdadeira corrida pela liderança nas plataformas de smart contracts entre Ethereum, Cardano, Solana, Polkadot e outras.

Perspectivas para o futuro

A antecipação pela atualização fez com que o preço da criptomoeda nativa da rede, a ADA, disparasse no início deste mês. O ativo digital atingiu um recorde histórico de US$ 3,09 no dia 2 de setembro, quando o desenvolvedor da Cardano lançou a rede de testes do Alonzo.

Kerbage explica que o desenvolvimento de todo esse ecossistema leva tempo. “Cardano vai começar esse processo agora, mas é uma blockchain que está muito longe de estar pronta. Diferente do caso da Ethereum, que recebe várias críticas, mas está pronta, já vem sendo utilizada e tem aplicação real”, diz.

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Em termos de preço, o CTO conta que, comparando métricas fundamentalistas de uso, Cardano está operando com múltiplos bem mais alto que a Ethereum, ou seja, está com um prêmio maior que a rede comparado com o uso. “Tudo indica que, provavelmente, ela está cara. A Cardano precisa entregar muito resultado e valor para de fato justificar o preço que está sendo negociado hoje”, diz.

Por sua vez, Telles explica que a Cardano de fato entrega sua funcionalidade, e que se essa funcionalidade foi escalável, sobreviver a testes de estresse e se provar uma linguagem interessante para atrair desenvolvedores, pode ser que tenhamos uma utilidade muito grande no token, uma demanda e, por consequência, uma destrava valor muito válida.

“No curto prazo, eu acredito que precisamos de pelo menos seis meses para certificar de que de fato esse cenário vai acontecer na Cardano. Eu vejo que existe um hype muito grande. Esse fenômeno atraiu o investidor do varejo, que investiu muito acreditando que, a partir do momento que a gente tivesse o Alonzo Fork, a Cardano seria modificada de forma completa”, diz.

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