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Renda fixa: 60% dos fundos perdem para o CDI. Ainda vale a pena investir?

Especialistas ainda defendem a alocação, mas pontuam cuidados para escolher os fundos

Renda fixa: 60% dos fundos perdem para o CDI. Ainda vale a pena investir?
Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) garantem crédito para micro e pequenas empresas. (Foto: Envato)
  • Um levantamento feito pela Economatica mostra que, no geral, 60% dos fundos de renda fixa perdem para o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) em janelas de 2 a 10 anos
  • Ainda assim, especialistas defendem o espaço desses ativos na carteira
  • É preciso escolher bem em qual investir, analisando o retorno em comparação ao benchmark em diferentes janelas de tempo, além das taxas cobradas

Os fundos de renda fixa são opções de investimento bastante populares no mercado brasileiro. Boa parte dos ativos disponíveis oferece aos cotistas certa previsibilidade, com liquidez e o acesso a uma diversidade de títulos maior do que a que um investidor sozinho conseguiria investir diretamente. Mas o retorno nem sempre é o esperado.

Um levantamento feito pela Terra Investimentos, com dados da Economatica, mostra que, no geral, 60% dos fundos de renda fixa perdem para o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) em janelas de 2 a 10 anos. Mostramos aqui quais são eles.

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O desempenho da classe em relação ao seu índice de referência também é o mais fraco entre os fundos de ações e multimercados, que têm maior facilidade do que os fundos de renda fixa para superar o benchmark. Para Eduardo Montalban, diretor de gestão de recursos da Terra Gestora, isso acontece porque a maioria dos fundos são conservadores e têm pouca flexibilidade para buscar estratégias que rendam mais. "Em geral, a classe de renda fixa busca mais estabilidade nos rendimentos e por isso não conseguem ter estratégias que paguem a taxa de administração e superem o seu benchmark (CDI)", explica.

Com a taxa de juros ainda em dois dígitos, títulos de renda fixa conservadores como o Tesouro Selic, que seguem o CDI e não exigem muito esforço por parte do investidor, se colocavam como "concorrentes" fortes dos fundos da classe que, além de não estarem superando o benchmark, podem cobrar taxas de administração, o que reduz ainda mais o retorno do ativo. Ainda assim, especialistas defendem o espaço dos fundos de renda fixa na carteira.

O entendimento é que a análise de ativos pode ser feita de forma mais qualificada por um gestor profissional. Assim, mesmo que o investidor tenha retornos na linha do benchmark, faça isso com exposição a uma carteira mais diversificada em diferentes ativos e níveis de risco de crédito, por exemplo.

"Investir em ativos que envolvem risco de crédito é uma tarefa extremamente complexa para se fazer diretamente, sendo sempre sugerido o investimento através de um fundo ou com auxílio de um profissional bem qualificado", diz Guilherme Sá, sócio da Grão Investimentos.

Como escolher

Para não correr o risco de ficar muito atrás do CDI, a escolha do fundo é um processo importante e deve levar alguns pontos em consideração. O histórico de rentabilidade, mostrado no levantamento da Economatica, é um deles. Afinal, ainda que 425 ativos não tenham superado o índice de referência em 10 anos, outros 288 conseguiram desempenhos superiores. Como mostramos aqui, em 2023, alguns fundos de renda fixa superaram o CDI em mais de 400%.

"De qualquer maneira é muito importante ficar atento em o quão longe este fundo está do CDI e qual o motivo de não superar o benchmark. Fundos de investimentos, apesar de não possuírem um prazo de vencimento, devem ser renovados periodicamente, para garantir um retorno consistente ao longo dos anos e não atrapalhar os juros compostos", diz Caio Canez de Castro, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital.

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A dica é acompanhar o histórico do fundo em relação ao CDI em diferentes janelas de tempo, optando pelas opções e gestores que tenham conseguido entregar retornos consistentes ao longo dos anos. As taxas praticadas também são importantes, pois, se muito elevadas, podem reduzir consideravelmente o retorno do investidor. Uma taxa de administração "justa" vai depender do nível de retorno, mas também da complexidade de cada ativo; afinal, um fundo DI simples exige menos do time de gestão do que um de crédito privado, por exemplo.

"Fundos com menos volatilidade sofrem um impacto maior da taxa de administração. Nesse caso, é ainda mais importante avaliar as taxas e custos do fundo para aumentar a chance de bater o benchmark", ressalta Guilherme Sá, da Grão.

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