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Renda fixa: as carteiras dos 4 fundos mais rentáveis para você se inspirar

Veja como os fundos estão posicionados para bater o CDI com ativos de renda fixa

Renda fixa: as carteiras dos 4 fundos mais rentáveis para você se inspirar
Abrimos as carteiras dos fundos que superaram o CDI em 2023. (Foto: Envato)
  • O ciclo de ganhos fáceis na renda fixa está chegando ao fim à medida que a queda da taxa de juros torna o rendimento dos ativos menor
  • Mapeamos as carteiras de alguns dos principais fundos de renda fixa para entender como gestores profissionais estão se posicionando para bater o CDI
  • Títulos públicos, operações compromissadas e mais; veja as principais posições de 4 fundos da XP, da Órama e da BNP Paribas

O ciclo de ganhos fáceis na renda fixa está chegando ao fim à medida que a queda da taxa de juros torna o rendimento dos ativos, que no ano passado chegavam a 1% ao mês, cada vez menores. Isso tem levado investidores a rodar as posições das carteiras em busca de alternativas para superar o Certificados de Depósitos Interbancários (CDI) – um movimento que também acontece nos fundos de investimentos que têm título como benchmark.

Pensando nisso, o E-Investidor foi atrás das carteiras de alguns dos fundos de renda fixa que mais renderam em 2023 para entender como os gestores profissionais estão se posicionando e quais ativos veem como oportunidade no atual cenário.

Um levantamento feito por Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, mapeou entre os fundos de renda fixa com mais de 100 mil cotistas as carteiras daqueles que tiveram o melhor desempenho acumulado em 2023 – último dado disponível. Todos os 4 ativos analisados renderam mais de 13% no ano passado, acima do CDI de 12,94% no período. São eles:

Estratégia de renda fixa dos fundos de investimento

A ideia do levantamento consiste em entender como alguns dos principais fundos de renda fixa do País estão alocados e quais as estratégias estão sendo adotadas para manter a rentabilidade das carteiras mesmo em um momento de queda da Selic. Operações compromissadas em títulos públicos, depósitos a prazo em instituições financeiras e os próprios títulos públicos foram as maiores posições encontradas. Veja:

Mercado Pago Órama Segurança FI

O fundo de crédito privado administrado pela Órama tem como principal posição da carteira as operações compromissadas em LFT (Letra Financeira Nacional, também conhecida como Tesouro Selic). Uma com vencimento em setembro de 2028, que representa 22,24% da carteira do fundo; e outra com vencimento em março de 2025, uma alocação de 13,96% da carteira. O fundo também tem alocação em depósitos a prazo – um produto de investimento – pulverizada em diferentes instituições financeiras.

Bnpp Match DI FI RF Ref Cred Priv

O fundo gerido pela BNP Paribas investe sobretudo em depósitos a prazo em instituições financeiras. Ao todo, cerca de 75% do fundo está pulverizado em cerca de 30 instituições. O ativo também tem uma posição importante (cerca de 28%) em operações compromissadas – transação em que uma parte vende títulos para outra com a promessa de recomprá-los no futuro – de NTN-B (Tesouro IPCA), com vencimentos em agosto de 2026, agosto de 2028 e maio de 2035.

Trend Inb Fc FI RF Simples e Trend DI Fc de FI RF Simples

Os dois fundos de renda fixa simples da XP têm carteiras bastante semelhantes. Cerca de 93% dos ativos estão alocados em títulos públicos LFT (Tesouro Selic), com vencimentos entre setembro de 2024 e setembro de 2029. Uma parcela pequena (5%) está em operações compromissadas de NTN-B.

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As informações de composição dos fundos são de dezembro de 2023, um "atraso" de três meses autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para evitar que a divulgação das carteiras atrapalhe as estratégias de investimento. Perguntamos à XP, à Órama e à BNP Paribas se houve alguma modificação relevante em 2024 – apenas a última gestora respondeu, destacando que investe exclusivamente em ativos emitidos por instituições financeiras, de acordo com o seu regulamento.

"O fundo é de liquidez, permite aplicação e saque em D+ 0 (retirada imediata), por isto a estratégia do fundo tem sido manter a carteira líquida com prazo médio dos títulos em torno de seis meses e alocação em caixa (papel público e compromissada) na faixa de 20%. A alocação tem se concentrado em dívida sênior – Letras Financeiras (LF), Certificado de Depósito Bancário (CDB) e, em menor escala, Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE) –", explica Fabio Oliveira, responsável pelas Estratégias de Crédito da BNP Paribas Asset.

A carteira dos fundos vale para o investidor pessoa física?

As estratégias de gestores profissionais podem dar ideias de como agentes do mercado estão capturando as oportunidades dentro da renda fixa. Mas, ainda que os ativos na carteira dos fundos sejam conhecidos dos investidores – Tesouro Selic, Tesouro IPCA, operações compromissadas –, é preciso tomar cuidado antes de "se inspirar" nessas carteiras.

"Um fundo de crédito, por exemplo, tem uma baita equipe por trás, trabalhando para conhecer as companhias, sua capacidade de pagamento, fazer uma análise dos spreads (diferença entre preços de compra e venda) oferecidos, com até mais de 100 nomes no portfólio. A pessoa física muitas vezes não vai ter tempo para acompanhar todas essas teses", ressalta Christopher Galvão, analista de Fundos da Nord Research.

Uma alternativa, portanto, seria optar pela gestão profissional e investir na renda fixa via fundos. Mas é preciso ficar atento ao momento de mercado: com a continuidade do ciclo de queda nos juros e os spreads se fechando, o cenário para esse mercado pode ficar mais difícil daqui para frente.

“Não adianta olhar para esses últimos meses, com esse fechamento de spread que fez os fundos renderem muito bem, e basear essa rentabilidade como algo que vai se perpetuar daqui para frente, porque não vai. Os ganhos no mercado vão ser mais marginais daqui para frente”, diz Galvão.

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