Celular com análise de investimentos (Foto: Pixabay)
O ano de 2020 está sendo turbulento para o mercado financeiro. Após a bolsa de valores bater recordes em janeiro, a crise do coronavírus derrubou qualquer otimismo com as perspectivas econômicas e o índice Ibovespa chegou a cair 30% apenas no mês de março.
Entretanto, se engana quem pensa que a volatilidade espantou os investidores. O número de investidores pessoas físicas na B3 subiu 41,8% em abril, em comparação ao mesmo período do ano passado, chegando a 2,3 milhões.
“As pessoas aproveitaram a baixa generalizada nos preços dos ativos para entrar na bolsa”, explicou Walter Poladian, sócio do Fliper, aplicativo gratuito que agrega os investimentos dos usuários.
O que Poladian diz tem fundamento. De acordo com o levantamento feito pelo Fliper com 70 mil carteiras de investimentos, os ativos preferidos dos brasileiros durante a crise (entre 1º de março e 6 de maio) são de renda variável, com destaque para aqueles cujos preços estão em queda livre.
Em primeiro lugar entre os ativos mais procurados no ranking do Fliper está o fundo de ações Bogari Value FIA, da gestora Bogari Capital. O objetivo da aplicação é justamente aproveitar a baixa de ativos para lucrar com as valorizações. “A performance do fundo seguiu a do Ibovespa”, explicou Poladian. “Entretanto, o investidor que quer lucrar com a baixa ainda vê uma oportunidade.”
O segundo ativo com maior demanda foi o Tesouro Selic, muito usado para fazer reservas de emergência. De acordo com Poladian, a saída de investidores dos fundos de crédito privado, que sofreram por conta da crise, também pode ser um dos fatores que elevaram a busca.
“O risco das empresas darem calote se elevou muito durante a crise, fazendo com que as pessoas que tinham reserva de emergência nesses fundos migrassem para o Tesouro”, disse o sócio do Fliper.
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Em terceiro e quinto lugar, respectivamente, estão os papéis da Itausa – holding brasileira que controla o Itaú Unibanco – e da Petrobras. “São empresas fortes, muito conhecidas e que são muito recomendadas pelas corretoras”, disse o especialista.
O Tesouro IPCA+ 2035 aparece em quarto lugar. A rentabilidade desse tipo de título público é valorizada pelas perspectivas de queda nas taxas de juros, o que pode explicar a alta na procura frente aos cortes na Selic, e ainda protege o investidor contra riscos de inflação.
Ranking dos ativos preferidos dos brasileiros na crise (geral)
1º
Bogari Value FIA
Fundo de ações
2º
Tesouro Selic
Renda fixa
3º
ITSA4
Papel da Itausa
4º
Tesouro IPCA+ 2035
Renda fixa
5º
PETR4
Papel da Petrobras
Dólar e ouro também são destaque
Apesar de não aparecerem entre os cinco investimentos preferidos pelos brasileiros durante a crise, os ativos atrelados ao dólar e ao ouro também enfrentaram altas na procura. “Com a turbulência do coronavírus, muitos investidores buscam segurança, e esses ativos são considerados de proteção”. De fato, a moeda americana se valorizou 31% até o dia 1º de maio. Já o metal acumulou alta de 45,8% até o dia 6 do mesmo mês.
Em relação à evolução da busca por investimentos nesses ativos, enquanto no dia 1º de março a procura média por papéis atrelados ao dólar representava 1,41% em relação a outras aplicações, no dia 6 de maio esse percentual saltou para 1,75%. O ouro subiu de 0,39% para 0,51%.
Fundos imobiliários enfrentam queda
Por outro lado, as aplicações que enfrentaram a maior baixa na procura durante a crise foram os fundos imobiliários, que recuaram de 10% para 8,86%.
“Alguns investidores achavam que esses fundos eram mais parecidos com a renda fixa, com baixa volatilidade, mas não é assim”, disse Poladian. “Quando viram as quedas, ficaram decepcionados e saíram da aplicação”, concluiu. Até abril, o IFIX, índice dos fundos imobiliários, acumulou baixa de 15,27%.