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Quer investir em renda fixa? Veja o que rende mais no curto prazo

Mesmo com a tendência de queda de juros, permanece um cenário favorável para os investimentos em renda fixa

Quer investir em renda fixa? Veja o que rende mais no curto prazo
Mesmo com o início do ciclo de afrouxamento monetário, opções de renda fixa seguem rentáveis. Foto: Envato Elements

Mesmo com a tendência de queda de juros, permanece um cenário favorável para os investimentos em renda fixa, com bons retornos lastreados pela taxa Selic atual, em 13,25% ao ano. Mas você sabe por onde começar a investir até o fim de 2023? 

A sócia da plataforma InvestAI e especialista em renda fixa Jaqueline Benevides explica que o cenário atual está bem diferente do que era há três meses, quando a queda da taxa Selic apontava investimentos prefixados como as melhores opções. Em 16 de junho, a expectativa da Selic para o fim deste ano era de 12,25%, segundo o relatório Focus. Na divulgação mais recente, da última segunda-feira (11), o Banco Central (BC) já projeta 11,75%. 

“Essa premissa era verdadeira devido ao estresse na curva de juros. O mercado se acalmou e a curva diminuiu os prêmios, o que fez com que as taxas prefixadas dos ativos também caíssem e que a diferença nesse ganho parasse”, afirma. Veja por que especialistas falam em fim da janela para prefixados.

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Para Marília Fontes, fundadora da Nord Research, a queda da taxa Selic, que deve ter um novo anúncio na próxima semana, cria um ambiente propício aos investimentos pós-fixados, atrelados a indexadores como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, que mede a inflação oficial do País) e a própria Selic. “O investidor não tem muito o que ganhar com o dinheiro aplicado em pré-fixado. Nesse cenário, minha sugestão é o IPCA+“, aponta.

Na visão da especialista, este tipo de investimento híbrido, remunerando uma parte pós-fixada em inflação e outra prefixada, tem dois pontos a seu favor: as chances de ganhos maiores e a segurança. “Se houver algum fato que aumente a inflação ou até gastos um pouco maiores do governo, podemos ver uma proteção maior no IPCA+. Se os juros caírem você tem o benefício de ter ganhos com marcação a mercado. Por outro lado, se os juros subirem ou a inflação subir, você tem o benefício de estar protegido em um título IPCA+”, justifica Fontes.

Na prática, marcação a mercado significa dizer que o investidor irá acompanhar pela corretora o desempenho dos ativos diariamente, podendo ter acesso a quanto receberia hoje caso resolvesse vender os títulos antes da data de vencimento. A negociação de títulos anterior ao prazo de vencimento, com repasse para outros investidores, acontece no chamado mercado secundário.

Benevides, por sua vez, enxerga boas oportunidades no mercado primário de renda fixa. “Ainda há espaço para os investidores pegarem taxas elevadas no Tesouro Direto e terem ganhos significativos na carteira”, diz.

Outros títulos de renda fixa

Para quem mantém o investimento até o vencimento, a sugestão é olhar para Certificado de Depósito Bancário (CDB), Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), mas com uma atenção para a liquidez e para o porcentual de rentabilidade. No caso de um investidor que quer investir hoje e retirar o valor daqui 12 meses, a diferença entre um pré e pós-fixado não é significativa. Em um prazo curto, a rentabilidade é quase nula.

Para um investimento com 110% do CDI no mercado primário (onde a negociação se dá diretamente com a companhia), ou seja, com rendimento de 110% em cima do Certificado de Depósito Interbancário (que é o juro praticado nos negócios realizados entre os bancos), o retorno estimado em 12 meses é de 12,10%. Se o valor investido for de R$ 1.000, por exemplo, o retorno estimado fica em R$ 1.120,62 (rendimento + principal). Na outra ponta, um investimento prefixado renderia 12% ao ano, ou seja R$ 1.119,50 – diferença de pouco mais de R$ 1.

No caso do mercado secundário, a história muda. Um ativo rendendo 123% do CDI, também em um período de 12 meses, teria retorno estimado de 13,63%. Nesse caso, R$ 1 mil retornaria R$ 1.135,81. Um prefixado no mercado secundário, contudo, possibilitaria um ganho percentual maior, de 15,20%. O mesmo valor principal daria um retorno total de R$ 1.151,35 – diferença de R$ 15,54.

Simulação de retorno em um ano

Prazo Taxas
Retirar o valor Aplicado em 1 ano (10 de setembro de 2024) Mercado Primário Mercado Secundário
Valor  Aplicado Pós- Fixado Prefixado Pós- Fixado Prefixado
110% do CDI 12,00%a.a. 123% do CDI 15,20%a.a.
R$ 1.000,00  R$        1.120,62  R$        1.119,50  R$        1.135,81  R$       1.151,35
R$ 5.000,00  R$        5.603,12  R$        5.600,00  R$        5.679,03  R$       5.760,00
R$ 10.000,00  R$     11.206,25  R$     11.200,00  R$     11.358,06  R$     11.520,00
R$ 15.000,00  R$     16.809,37  R$     16.800,00  R$     17.037,08  R$     17.280,00

 

Em um cenário mais longo, com investimentos com vencimento em janeiro de 2025, R$ 1 mil renderia R$ 154,38 se aplicados em um pós-fixado rendendo 110,50% do CDI.  O mesmo valor renderia  R$ 154,06 para um prefixado com juros de 11,60% a.a.. No mercado secundário, contudo, o mesmo montante de mil reais chegaria a R$ 173,28 em um pós-fixado e a R$ 202,90 no pré.  

Simulação de retorno em 2025

Prazo Taxas
Retirar o valor Aplicado em Janeiro de 2025 Mercado Primário Mercado Secundário
Valor  Aplicado Pós- Fixado Prefixado Pós- Fixado Prefixado
110,50% do CDI 11,60%a.a. 123% do CDI 15,20%a.a.
R$ 1.000,00  R$        1.154,38  R$        1.154,06  R$        1.173,28  R$       1.202,90
R$ 5.000,00  R$        5.771,90  R$        5.770,30  R$        5.866,38  R$       6.014,50
R$ 10.000,00  R$      11.543,81  R$     11.540,60  R$     11.732,77  R$     12.029,00
R$ 15.000,00  R$      17.315,71  R$     17.310,89  R$     17.599,15  R$     18.043,50

 

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“No final das contas, o que se resume a renda fixa? O que importa é o indexador que o investidor vai escolher olhando o cenário macro. Não importa a sopa de letrinhas, se é CDB, LCI, LCA”, orienta Benevides.

Para o professor de finanças William Eid, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), a recomendação para quem nunca investiu na vida é básica: “O certo é começar pelos produtos mais simples da renda fixa, como o Tesouro Direto ou um CDB, produtos para você começar a aprender o que é o mercado, como se investe, quais documentos são necessários”, sugere.