Investimentos

LCI e LCA: Entenda quando vale a pena investir mesmo com Selic baixa

Resposta depende do perfil de investidor da pessoas, dizem especialistas

Muitos brasileiros não aplicam no mercado financeiro ou perdem oportunidades por suposições erradas sobre investimentos. Foto: Pixabay
  • Depois do novo corte da Selic para 2% ao ano, rentabilidade dos investimentos em renda fixa fica ainda menor
  • Porém, entre os investimentos em renda fixa, LCI e LCA continuam sendo atrativas para quem tem o perfil de risco conservador
  • Investimento mais é indicado como forma de reserva de emergência dentro da diversificação da carteira

Com os seguidos cortes na Selic, agora em 2% ao ano, os ganhos em aplicações em renda fixa ficam cada vez menores. Isto porque, de uma forma ou de outra, todas elas têm rentabilidade atrelada a taxa básica de juros brasileira. Se o investimento não acompanha diretamente a taxa, ao menos está ligado ao CDI, que tem a Selic como referência.

Então, mesmo que não sejam idênticas, ambas seguem a mesma tendência e direção. O Certificado de Depósito Interbancário (CDI) é a taxa que bancos e instituições financeira utilizam como base para emprestar dinheiro entre si.

Dentre os diversos investimentos que são indexados ao CDI, dois dos mais conhecidos são a Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). A única diferença significativa entre as duas aplicações é que no primeiro caso o dinheiro é emprestado para o setor imobiliário e no segundo para o agronegócio.

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Com a mesma previsibilidade e segurança dos outros produtos de renda fixa, essas aplicações se destacam pelo fato de serem isentas do Imposto de Renda. Porém, em momentos de juros baixo será que ainda vale a pena ter o investimento no portfólio?

Para especialistas consultados pelo E-Investidor, a resposta varia de acordo com o perfil da pessoa. Caso o investidor esteja disposto a correr mais riscos devido ao cenário da Selic no menor patamar da história, a aplicação não é indicada. “Ela está ficando cada vez menos atrativa para quem busca maiores rentabilidades”, diz Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos.

Para o investidor que não quer correr riscos, no entanto, o investimento é altamente recomendado dentro da renda fixa. “Sempre vai ser interessante ter esse tipo de papel na carteira”, afirma Alexandre Marques, especialista de investimentos da Ágora Investimentos.

No mínimo 3 meses

Mesmo sendo indicado entre os produtos de renda fixa, é importante os investidores ficarem atentos à sua liquidez. Diferente de outros produtos, LCILCA não estão acessíveis a qualquer momento e têm um prazo mínimo de tempo investido de 90 dias.

“Isso precisa ser considerado, pois se a pessoa for precisar do dinheiro antes disso existem outros produtos mais interessantes”, diz Marques.

O especialista da Ágora ressalta, no entanto, que se o investidor tiver o tempo para deixar o valor aplicado, a LCI ou LCA são produtos mais interessantes do que um CDB, por exemplo. “Nelas não há tributação e no CDB é cobrado 22,5% de IR sobre o lucro nos três primeiros meses”, explica Marques.

Ou seja, se o investidor não estiver disposto a correr riscos e tiver disponibilidade para deixar o dinheiro investido durante um período tempo, a aplicação é recomendada. “A LCI e a LCA são um dos carros-chefes da renda fixa devido a essa atratividade”, afirma Bertotti.

Confira o rendimento das aplicações:

Investimento Retorno em 3 meses (100% do CDI) Retorno em 6 meses (103% do CDI) Retorno em 1 ano (105% do CDI)
R$ 1 mil R$ 1.004,71 R$ 1.009,74 R$ 1.019,95

Fonte: Ágora Investimentos *rentabilidades considerando que a Selic se manterá em 2% ao ano até 12 de agosto de 2021

Segundos Marques, 100% do CDI tem uma rentabilidade em torno de 1,90% a.a atualmente. Neste cenário, ele ressalta que se o investidor buscar prazos mais longos para a LCI ou LCA ele consegue retornos acima desse valor. “Se a pessoa pode ficar sem mexer no dinheiro por um tempo vale bem mais a pena que um CDB que tem tributação e paga a mesma coisa do CDI”, afirma o especialista da Ágora.

Além disso, Marques lembra que existem LCAs que não são atreladas ao CDI, e sim ao IPCA. Com isso, o investidor tem como retorno a inflação do período mais uma taxa pré-determinada. “É uma forma de garantir um ganho real em relação à inflação”, diz ele, ressaltando que alguns investimentos em renda fixa, como a poupança, já apresentam retorno real negativo.

Reserva de emergência

Apesar da indicação, é importante salientar que a rentabilidade dos ativos já diminuiu muito nos últimos tempos com os cortes da Selic e pode cair ainda mais no futuro, uma vez que o BC deixou claro que ainda deve haver mais cortes. “Não temos possibilidade nenhuma de a Selic voltar a subir no curto prazo e deixar o produto mais atrativo”, afirma Bertotti.

Ou seja, o investimento é mais indicado como uma forma de diversificação. “São produtos seguros e recomendados para investidores conservadores, mas temos que ter ciência de que são indexados ao CDI e vêm caindo com a Selic”, diz o economista chefe da Messem.

LCI e LCA também podem ser usados para garantir uma reserva de emergência, já que as aplicações têm vantagens com relação a outros investimentos de renda fixa mesmo com baixa rentabilidade. “O investidor pode ganhar prêmios ainda maiores se esticar o prazo da LCI ou LCA”, comenta Marques.