O que este conteúdo fez por você?
- Com cortes nos juros e queda da inflação, títulos pós-fixados devem render menos em 2024.
- Analistas recomendam papeis prefixados para garantir taxas atuais e ganhar rentabilidade ano que vem.
O cenário de queda da taxa básica de juros tem exigido dos investidores uma revisão de suas carteiras de ativos. Com títulos indexados à Selic oferecendo retornos mais baixos, analistas apostam na diversificação para garantir rentabilidades mais robustas, com destaque para os títulos prefixados, que garantem as taxas atuais.
Leia também
“Enquanto os prefixados estabelecem a remuneração no momento da contratação, os pós-fixados têm sua rentabilidade vinculada a um indexador, com a informação sobre ganhos disponível somente no vencimento da aplicação”, explica Gabriel Redivo, Diretor de Gestão da Aware Investments.
Hoje, o Tesouro Prefixado 2026 oferece uma rentabilidade anual de 9,69%, enquanto o papel com prazo para 2029 remunera o investidor com 10,27%. Quem compra o título neste momento garante esse retorno até o vencimento. A Selic está hoje em 11,75%, mas segundo as projeções do último Boletim Focus pode cair para 9,5% até o fim de 2024.
Publicidade
O gestor de portfólio da B. Side Wealth Management Jonas Chen afirma que já existem gestoras projetando uma queda ainda maior para a Selic, chegando a 8,5%, após membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve, anunciarem nesta quarta-feira (13) que esperam reduzir as taxas de juros em 0,75 pontos percentuais no próximo ano.
- Saiba mais: Onde investir na renda fixa em 2024?
“Nesse cenário, vemos os papeis pós-fixados perdendo um pouco da atratividade. Claro que eles continuam importantes para a parte conservadora da carteira, mas, em termos de rentabilidade estamos otimistas com os prefixados e os títulos indexados à inflação”, afirma Chen.
Os títulos do Tesouro indexados à inflação pagam o equivalente ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mais um percentual de ganho real, o que torna essa opção atrativa. O Tesouro IPCA+ 2029, por exemplo, oferece uma rentabilidade de IPCA + 5,23%. Com a inflação dos últimos meses acumulada em 4,68%, isso significa um rendimento total de 9,91% neste momento.
Analistas de mercado ouvidos pelo Boletim Focus esperam que o IPCA caia em 2024, encerrando o ano que vem a 3,93%, o que para Gabriel Redivo, da Aware, torna ainda mais positivo o investimento em ativos que ofereçam patamares elevados de ganhos reais.
“Ativos indexados ao IPCA são recomendados para investidores que buscam rentabilidade real acima da inflação. Em períodos em que o mercado oferece uma remuneração em torno de IPCA+5% ou 6%, surgem oportunidades excelentes para investidores em busca de juros reais. E quando há expectativas de redução da inflação, a taxa prefixada do Tesouro IPCA+ ganha ainda mais destaque”, avalia.
Um investimento para cada prazo
Antes de optar por uma aplicação, porém, o investidor deve ter em mente qual o objetivo da aplicação. Para a formação de reserva de emergência, por exemplo, o ideal é permanecer com o Tesouro Selic ou com Certificados de Depósito Bancário (CDBs) que tenham liquidez diária, para que o investidor consiga sacar os recursos a qualquer momento sem perdas.
Publicidade
Os títulos prefixados são mais indicados para os objetivos de curto ou médio prazos, afirma Simone Albertoni, especialista em renda fixa na Ágora Investimentos. Para prazos mais longos, eles não são recomendados, pois não protegem o patrimônio contra a inflação.
“No momento, sugerimos prefixados para prazos curtos, de até dois ou três anos. Além de proteger o investidor contra o cenário de corte de juros, esses títulos também são bons para quem quer ter mais previsibilidade, já que o cliente conseguirá calcular quanto vai receber no vencimento do ativo, independente da oscilação de outras variáveis no mercado, como CDI e o IPCA”, acrescenta Simone.