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Apesar da crise, 28% investem mais ou o mesmo valor, aponta pesquisa

No total, 17% dos entrevistados estão investindo mais e 11% guarda a mesma quantia

Apesar da crise, 28% investem mais ou o mesmo valor, aponta pesquisa
(Foto: Evanto Elements)
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  • Pesquisa do C6 Bank em parceria com o Datafolha, enviada com exclusividade ao E-Investidor, comparou o hábito de investir, poupar ou guardar dinheiro de antes e depois da pandemia da covid-19
  • 17% dos entrevistados disseram que estão investindo mais dinheiro do que antes da crise sanitária, e 11% afirmaram estar guardando a mesma quantia de dinheiro, somando 28%
  • Aproximadamente metade dos entrevistados, 48%, disse que não investia antes da crise e continua não guardando dinheiro

De cada dez brasileiros, quase três estão investindo mais dinheiro ou pelo menos a mesma quantia que já aplicavam antes da pandemia do novo coronavírus. É o que revela uma pesquisa encomendada pelo C6 Bank ao Datafolha, enviado com exclusividade ao E-Investidor, que comparou o hábito de investir, poupar ou guardar dinheiro antes e depois da pandemia da covid-19.

Ao todo, 17% dos entrevistados disseram que estão investindo mais dinheiro do que antes da crise sanitária e 11% afirmaram estar guardando a mesma quantia, somando 28%.

Na direção oposta, 7% responderam que estão investindo menos do que antes da pandemia e 15% disseram que pararam de guardar dinheiro, somando 22% neste caso. Aproximadamente metade dos entrevistados (48%) informou que não investia antes da crise e que não mudou o hábito.

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O estudo ouviu 1.536 homens e mulheres a partir dos 16 anos de idade, entre os dias 21 e 31 de agosto de 2020, nas cinco regiões do País.

Mulheres investindo menos

A pesquisa também mostra os resultados por sexo, faixa etária, escolaridade, classe econômica e cor declarada. Tomando por base a diferença entre os sexos, as mulheres são maioria quando a resposta é investir menos ou até nem aplicar dinheiro, seja antes da pandemia ou no momento atual.

Por exemplo, separando por sexo, 34% dos homens passaram a investir mais ou continuaram a aplicar a mesma quantia. No caso das mulheres, o número cai para 24%.

Já para quem não investia antes da crise e continua não guardando dinheiro, entre os homens, essa taxa é de 40%. Entre as mulheres é de 54%.

“Isso é um tanto revelador sobre a situação da diferença de gênero no Brasil. As mulheres têm mais dificuldade de encontrar trabalho. Muitas vezes estão até com mais dificuldade de sair de casa e de um modo geral elas ganham menos do que os homens nas ocupações que exercem”, explica Paulo Alves, gerente de pesquisa de mercado do Datafolha.

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Ou seja, com menos dinheiro, as mulheres têm menos capacidade financeira para guardar ou investir. “Com o dinheiro que tem, a mulher precisa usá-lo na sobrevivência, na manutenção da casa e da família”, completa Alves.

Desafio da educação e da renda nos investimentos

Em seus resultados, a pesquisa indica que a pandemia parece não ter afetado tanto a parcela da população que já tinha o costume de poupar ou investir, uma vez que a maior parte dessas pessoas manteve ou aumentou a quantia que guarda habitualmente.

“No entanto, a situação se agrava quanto mais baixa é a escolaridade e poder aquisitivo da população, indicando um possível efeito de aumento na desigualdade – os menos favorecidos já compunham a maioria que não tem condições de poupar ou investir e, entre os poucos que conseguiam, boa parte perdeu a possibilidade”, diz o estudo.

Liao Yu Chieh, professor e head de Educação do C6 Bank, destaca que o nível de educação, em seu sentido amplo, pode aumentar as chances de êxito de quem consegue investir, dada a consciência dessas pessoas sobre a importância de poupar dinheiro.

“Quem tem mais educação, não necessariamente financeira, acaba conseguindo guardar mais e vendo a importância de investir. Se não reconhece a importância do investimento, ela também não guarda. Então precisa juntar as duas coisas”, frisa Chieh.

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De acordo com a pesquisa, entre os 17% que conseguiram investir mais na crise, 28% possuem ensino superior contra 8% que têm ensino fundamental, enquanto 26% são das classes A e B e 11% das classes D e E.

Já entre os 48% que não investiam e continuam sem investir, 28% possuem ensino superior contra 66% que têm apenas ensino fundamental. Desse grupo, 28% são das classes A e B e 68% pertencem às classes D e E.

Neste caso, Chieh avalia que existe um peso da educação financeira, já que se trata das pessoas que não tinham o hábito de guardar dinheiro mesmo antes da pandemia, independentemente do nível de escolaridade.

“Financeiramente isso tende a dar problema no futuro. Essa pessoa que já não investia antes da pandemia e continua sem poupar pode se dar mal no futuro, porque ela só vai ter o benefício do INSS”, alerta Chieh.

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O professor explica que quem sobrevive atualmente com renda próxima de um salário mínimo, mesmo que não planeje uma renda extra para a aposentadoria, conseguirá viver com o benefício do governo futuramente. Contudo, as pessoas de classes mais elevadas que não têm o hábito de investir não conseguirão manter a mesma qualidade de vida apenas com o que receberão da previdência social.

“A pessoa pode até ter educação superior, mas se não tem educação financeira muitas vezes ela não vê os benefícios e a importância de investir, para no futuro não ter que depender só do governo para viver”, reforça o head de educação do C6 Bank.

Poupança ainda tem adesão

A pesquisa também pediu a opinião dos entrevistados sobre os investimentos. Mais da metade dos entrevistados (52%) reconhece que a poupança rende menos que a inflação. E para 33%, mesmo reconhecendo que essa rentabilidade é desfavorável, a poupança é considerada um bom investimento.

Além da facilidade dessa aplicação, Chieh explica que essa noção de “bom investimento” está relacionada a uma errônea percepção cultural de que a poupança é mais segura do que outros investimentos.

“Do Brasil Império para cá tem essa percepção de que a poupança é super segura, protegida, mas na verdade hoje ela tem a mesma garantia que alguns outros produtos. Ela é garantida pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), assim como o CDB, LCI”, conclui Chieh.

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