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Juro alto é oportunidade na renda fixa global? Corretora desconfia

Relatório da XP mostra mudança na avaliação da classe de ativos frente a cenário de incertezas

Juro alto é oportunidade na renda fixa global? Corretora desconfia
Time de research da XP mudou a avaliação para renda fixa global. (Foto: Matheus Lombardi/XP/Divulgação)
  • Desde o início do ano, especialistas do mercado comentam que alta das taxas de juros nas principais economias do mundo abriu uma oportunidade para investidores alocarem em ativos de renda fixa no exterior
  • Mas a XP Investimentos não está tão confiante nessa classe de ativos nem mesmo com a rentabilidade mais elevada
  • Em relatório enviado em primeira mão ao E-Investidor, time de research da corretora defende cautela frente a juros ainda altos e possibilidade de crise bancária

Desde o início do ano, especialistas do mercado comentam que alta das taxas de juros nas principais economias do mundo abriu uma oportunidade para investidores alocarem em ativos de renda fixa no exterior. Mas a XP Investimentos não está tão confiante nessa classe de ativos nem mesmo com a rentabilidade mais elevada.

Em relatório enviado em primeira mão ao E-Investidor, o time de research da corretora explica o que levou a essa atualização na avaliação da renda fixa global. Os motivos são vários: possibilidade de uma crise bancária, inflação ainda persistente nos Estados Unidos e volatilidade maior em ativos cujo perfil é majoritariamente prefixado.

O documento mostra que o principal índice de volatilidade implícita do mercado de títulos de renda fixa americano, o índice ICE BofA MOVE, atingiu níveis superiores ao do início da pandemia no começo de 2020, chegando próximo aos patamares da crise financeira de 2008. A diferença em relação aos dois períodos, no entanto, é que a solução à época foi reduzir a taxa de juros a zero, já que não havia em ambos os casos maiores riscos inflacionários.

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O cenário atual já é diferente – por isso, faz os especialistas Rodrigo Sgavioli, Camilla Dolle, Francisco Nobre e Clara Sodré, autores do relatório, acreditarem em juros mais altos por mais tempo.

O relatório mostra que a remuneração média dos títulos corporativos americanos no “yield to worst” – que seria o rendimento do ativo no pior cenário sem considerar o caso de default – está em 6,4%. Muito acima da média dos últimos 10 anos, de 1,7%.

Ainda que a alta nas taxas de juros signifique um retorno mais expressivo, o patamar dos yields representa também um risco proporcional.

E é por isso que a XP defende a cautela no momento. “Importante salientar que, quando o mercado precifica os ativos com preços muito baixos, ou seja, com taxas mais elevadas, é porque há aumento de riscos que podem ser de prazo, liquidez e de crédito. Como todos esses riscos não estão nada óbvios no momento atual, sugerimos ainda cautela nas alocações.”

As recomendações da XP

Com o call de cautela para a renda fixa global, o relatório da XP traz algumas recomendações para investidores que quiserem investir nesses ativos. São estratégias para melhorar a eficiência nas alocações durante esse momento de incertezas.

A primeira delas é dar preferência a títulos de baixo risco, como os treasuries ou títulos privados considerados investment grade. Para quem for escolher os bonds, é importante ser seletivo na hora de escolher a empresa emissora e o setor em que ela se encontra, evitando aqueles que dependam de ciclos econômicos favoráveis.

Diversificar ao máximo a exposição para não concentrar a carteira em apenas um ou dois títulos ou fundos de renda fixa global também pode ser uma estratégia, segundo a XP. Para quem optar pela alocação via fundos, a preferência do time da corretora são aqueles com características de multiestratégia, que não estejam obrigatoriamente mais alocados em títulos high yield e de mercados emergentes.

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Em relação a prazos de vencimento, a recomendação da corretora é evitar os “riscos desnecessários” de ativos com duração mais longa, especialmente tendo em vista que títulos de prazos mais curtos podem estar pagando a mesma rentabilidade.

Alocação via fundos

O relatório da XP reforça ainda um outro ponto: a alocação via fundos de renda fixa no lugar de comprar separadamente os títulos. Com gestão ativa, essa classe de ativos consegue apresentar maior eficiência e relação risco versus retorno se comparado ao investimento passivo ou via índice.

A corretora dá destaque a 5 ativos:

  • Axa WF US High Yield Bonds Advisory

CNPJ: 35142453000137
Tipo de estratégia: Renda Fixa High Yield
Retorno: 3,83%

  • Morgan Stanley Global Fixed Income Advisory

CNPJ: 32756019000159
Tipo de estratégia: Renda Fixa Aggregate
Retorno: 3,62%

  • Oaktree Global Credit FIC FIM IE

CNPJ: 29853005000149
Tipo de estratégia: Renda Fixa High Yield
Retorno: 7,09%

  • PIMCO Income

CNPJ: 23729512000199
Tipo de estratégia: Renda Fixa Flexible Bonds
Retorno: 5,13%

  • Wellington Opportunistic Fixed Income Advisory

CNPJ: 45018274000146
Tipo de estratégia: Renda Fixa High Yield
Retorno: 9,62%

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