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Além do Tesouro IPCA+6%: os títulos de renda fixa pública e privada para investir em junho

Cenário global de aperto monetário e de inflação doméstica exigem proteção. Confira as recomendações dos analistas

Além do Tesouro IPCA+6%: os títulos de renda fixa pública e privada para investir em junho
Especialistas indicam as melhores opções da renda fixa. (Imagem: alphaspirit em Adobe Stock)
  • XP Investimentos continua acreditando que os títulos IPCA + são a bola da vez
  • Com mudança no cenário externo, no curto prazo, quem ganharia mais seriam os títulos prefixados
  • Papéis de crédito privado também trazem oportunidades com os títulos isentos de imposto de renda

Os ativos atrelados à inflação dominam a recomendação dos especialistas para o investidor manter na carteira de renda fixa em junho. Esses são os papeis que dão maior proteção diante de um cenário global de aperto monetário, com os Estados Unidos liderando os juros mais altos por mais tempo e, no Brasil, de projeções apontando para um inflação distante da meta de 3%.

“A gente continua acreditando que os títulos IPCA + são a bola da vez“, diz Mayara Rodrigues, analista de Renda Fixa no Research da XP Investimentos. Visão semelhante tem Fernando Siqueira, head de Research da Guide Investimentos. “As NTN-Bs são a melhor opção de risco/retorno”, completa. As Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-Bs) são títulos públicos que rendem a variação do IPCA mais uma taxa fixa, conhecidas popularmente como Tesouro IPCA +.

Siqueira chama atenção para os dados de inflação dos EUA. Nesta sexta (31), o Departamento de Comércio americano divulgou que o núcleo da inflação do consumo (PCE) subiu 0,2% em abril, abaixo do esperado pelo mercado. Este índice tem o maior peso nas decisões de política monetária do Fed, o banco central americano.  Com esse dado vindo melhor do que o esperado, “é provável que as taxas (de juros) dos EUA comecem a cair este ano. Este cenário seria positivo para Brasil, dando espaço para ganhos nos títulos prefixados”, comenta o especialista.

Para os prefixados, a recomendação dos especialistas aponta para uma exposição a títulos de curto prazo, de dois a três anos no máximo. Esses produtos são menos sensíveis a oscilações nas taxas de juros.

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Em um cenário em que ainda há expectativa de queda da taxa Selic, tais produtos são menos propensos a grandes variações de preço, pois o investidor fica menos exposto a possíveis mudanças no ambiente econômico. “Com mudança no cenário externo, no curto prazo, quem ganharia mais seriam as LTNs prefixadas”, diz Siqueira.

Se os juros caem, quem fica com uma taxa prefixada mais alta vê seu título valorizar no mercado secundário. As Letras do Tesouro Nacional (LTNs) têm sua rentabilidade definida no momento da compra e pagamento no vencimento do título, são conhecidas como Tesouro Prefixado.

Renda fixa privada também traz oportunidades

Os papéis de crédito privado também trazem oportunidades com os títulos isentos de Imposto de Renda, a exemplo dos Certificados de Recebíveis Imobiliários e Agrários (CRIs e CRAs) e as debêntures. Em fevereiro, o Conselho Monetário Nacional (CMN) restringiu os emissores desses papeis, mas “ainda é possível encontrar boas opções de empresas com boa qualidade de crédito”, diz Rodrigues.

Em relação a prazo, o time da XP indica papéis com duration (tempo para recuperar o investimento) de até cinco anos. Essa questão leva a outro ponto: a menor liquidez, ou seja, a rapidez com que o investimento pode ser revertido em dinheiro novamente sem perda de valor.  Por isso, é importante aplicar no papéis mais longos apenas aquele dinheiro que não vai fazer falta no curto prazo.

Para as reservas de emergência, no atual patamar de juros básicos a 10,5% ao ano e com o mercado precificando o fim dos cortes em apenas 0,25 ponto porcentual na próxima decisão do Banco Central (BC), as aplicações do Tesouro Selic se mostram a melhor opção. Aliam segurança do risco soberano, ou seja, são ativos livres de risco, sem marcação a mercado. “Mesmo emissões bancárias atreladas ao CDI, como CDBs, LCIs e LCAs, são opções atrativas”, diz Rodrigues.

Os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e as Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs) são títulos emitidos pelos bancos com a diferença que os dois últimos são isentos de Imposto de Renda. Neste caso, CDBs pagando 110% do CDI e LCIs e LCAs em 90% do CDI têm o mesmo efeito na rentabilidade – confira mais nesta reportagem.

Cooperativas de crédito estão no jogo

Luana Farias, especialista em Investimentos do Sistema Ailos, lembra das cooperativas de crédito, que  também oferecem opções parecidas de renda fixa. “Ativos indexados ao CDI garantem uma carteira equilibrada e com a flexibilidade de acompanhar as tendências da taxa de juros do mercado. Neste caso, temos o RDC Pós Fixado”, diz.

Os Recibos de Depósito Cooperativo (RDC) são uma modalidade de investimento de renda fixa que existe somente nas cooperativas de crédito e, modalidade pós-fixada, pode pagar 102% do CDI. As cooperativas de crédito também trabalham com seus títulos equivalentes prefixados e os híbridos, IPCA +. “A seleção dos ativos deve respeitar o perfil de investidor do cooperado, prazos e objetivos”, diz.

FIDCs rentabilidade alta com maiores riscos

Para quem quer um pouco mais de pimenta na carteira, Sidney Lima analista da Ouro Preto Investimentos recomenda os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC). “Principalmente agora, em um ambiente onde a taxa Selic tem experimentado cortes mais moderados.”

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Ele diz que esses fundos oferecem uma rentabilidade significativamente superior à de muitos outros instrumentos de renda fixa, alcançando até 200% do CDI, devido à natureza dos direitos creditórios que compõem seus ativos. “Esses direitos estão associados a operações comerciais e financeiras, permitindo que os FIDCs gerem altos retornos independentemente das flutuações da taxa Selic.”

Sidney aponta que recentes mudanças regulatórias facilitaram o acesso dos investidores de varejo a esses fundos, aumentando sua popularidade e liquidez no mercado. “A gestão de risco desses fundos também é um ponto forte, já que, uma gestão rigorosa dos créditos e a diversificação dos recebíveis ajudam a mitigar o risco de inadimplência.”

Apesar da animação do analista, o investidor que não conhece o produto precisar entender bem os riscos antes de aplicar. Os FIDCs são veículos de investimento que aplicam em recebíveis, como duplicatas, exportações, aluguéis e crédito consignado. Os FIDCs podem ser abertos ou fechados, com os abertos permitindo aplicações e resgates contínuos, e os fechados apenas na liquidação do fundo.

Entre os principais riscos estão o crédito, que dependendo da qualidade dos recebíveis pode haver inadimplência e a liquidez. Em FIDCs fechados, o investidor pode ter dificuldade em resgatar as cotas antes do vencimento. Há ainda risco de mercado, com a variação de juros afetando a rentabilidade e o de concentração, no caso de o fundo ter muitos recebíveis de um único cedente.

Nesta conversa com o E-Investidor, Bruno Lund, gestor da Ecoagro, aponta que existem tipos de FIDCs com risco mais baixo. “O investidor tem que conhecer a tese e o gestor, se aquele profissional tem tradição na gestão de ativos de crédito”, diz Lund.

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