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- Com a queda da Selic, os títulos prefixados ganham notoriedade entre os investidores
- Segundo levantamento da Elos Ayta Consultoria, as Letras do Tesouro Nacional (LTN) estão negociadas com retornos de até 20,98%
- Apesar da alta rentabilidade, não há um consenso no mercado sobre as janelas de oportunidades nesses ativos
O avanço no movimento de diminuição da Selic e as expectativas para o fim do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos jogaram novamente os holofotes do mercado para os ativos de renda fixa prefixada. Na Bolsa de Valores, há títulos negociados com taxas de dois dígitos, enquanto as estimativas do Boletim Focus apontam para uma Selic de 9% ao ano no fim de 2024.
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A diferença entre as oportunidades encontradas no mercado e a previsão da Selic dos agentes financeiros chama a atenção do investidor e sinaliza oportunidades de ganhos que podem elevar a rentabilidade do portfólio. O problema é que não há unanimidade entre os analistas sobre os investimentos com retornos prefixados serem boas opções para o cenário atual.
Segundo um levantamento de Einar Rivero, colunista do E-Investidor e diretor da Elos Ayta Consultoria, as Letras do Tesouro Nacional (LTN) – conhecidas como Tesouro Prefixado – , que são títulos públicos prefixados, estavam sendo negociadas no mercado secundário com retornos de até 20,9% no acumulado dos últimos 12 meses. Ao comparar com o patamar atual da Selic, que está a 11,75%, a rentabilidade das LTNs chega a 9,23 pontos porcentuais.
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Vale lembrar ainda que as projeções do Boletim Focus apontam para uma queda de mais 2,75 pontos porcentuais da taxa básica de juros até dezembro. Um dos cortes deve acontecer ainda nesta quarta-feira (31) após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC). Com essa perspectiva, Larissa Frias, planejadora financeira do C6 Bank, acredita que o momento abre uma janela de oportunidades os esses ativos prefixados à medida que o cenário mostra uma redução de riscos.
Veja a rentabilidade das Letras do Tesouro Nacional (LTN)
Vencimento | Retorno em 12 meses* |
01/07/2026 | 20,98% |
01/01/2026 | 19,28% |
01/07/2025 | 17,32% |
01/04/2025 | 16,46% |
01/01/2025 | 15,56% |
01/10/2024 | 14,81% |
01/07/2024 | 14,16% |
01/04/2024 | 13,64% |
CDI | 12,88% |
Fonte: Einar Rivero, colunista do E-Investidor e diretor da Elos Ayta Consultoria/*Dados referentes até o pregão do dia 29/01/2024 |
“Nas últimas reuniões, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) sinalizou um possível início das discussões sobre o corte de juros. Então, temos uma redução do risco porque uma vez que os juros lá fora ganham espaço para um possível corte, garantimos no Brasil mais espaço para dar continuidade ao ritmo de queda da Selic”, diz Frias.
O mercado tenta antecipar esse movimento e espera que o Fed faça uma redução dos juros já em março. Enquanto isso, a carteira recomendada do C6 Bank para janeiro decidiu ampliar a exposição a títulos prefixados em virtude dos prêmios que esses ativos podem oferecer. Veja os detalhes nesta reportagem.
Riscos dos títulos prefixados
A percepção não é unânime entre os analistas de mercado. Simone Albertoni, analista de renda fixa na Ágora Investimentos, avalia que as oportunidades de ganhos elevados vão depender do perfil de risco de cada investidor. Isso porque, com a previsão de queda dos juros, os títulos públicos ou papéis de bancos de primeira linha, considerados perfis mais defensivos, já precificaram taxas menores do que a Selic.
Ou seja, o investidor terá dificuldades de encontrar ativos que possam oferecer retornos elevados. “É possível encontrar taxas acima de 12% ao ano em CDBs (Certificados de Depósito Bancário) prefixados de bancos com piores ratings ou créditos privados no mercado”, afirma Albertoni.
Outro risco apontado pela especialista é que o título prefixado não protegm o patrimônio da inflação. Se os preços voltarem a subir, poderá “roubar” a rentabilidade dos títulos prefixados. “O ideal é diversificar os indexadores, para não ficar exposto apenas em um único risco”, orienta a analista de renda fixa da Ágora.
A cautela não se resume apenas para a exposição ao risco, mas também para o período em que o investidor deseja manter o título na sua carteira. Caso escolha os papéis com vencimentos mais longos, está sujeito às mudanças dos ciclos econômicos que podem elevar mais uma vez a taxa de juros no Brasil.
“Temos um risco fiscal no radar e o governo atual possui uma política expansionista. Uma piora nas contas públicas no longo prazo eleva as perspectivas de juros futuro”, avalia Christopher Galvão, analista de Fundos da Nord Research. Por essa razão, Galvão enxerga mais oportunidades nos títulos atrelados à inflação e aos ativos isentos de Imposto de Renda (IR), como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e os Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRAs), do que os ativos de renda fixa prefixados.
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