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O garimpeiro chega à bolsa: tudo sobre o IPO do Grupo Mateus

Varejista pode captar até R$ 6,2 bilhões na abertura de capital

O garimpeiro chega à bolsa: tudo sobre o IPO do Grupo Mateus
Fachada de supermercado do Grupo Mateus (Foto: Divulgação/ Grupo Mateus)
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  • O Grupo Mateus, um dos maiores atacadistas do País, começou com uma pequena mercearia na cidade de Balsas, no Maranhão. Seu fundador é Ilson Mateus, ex-garimpeiro de Serra Pelada (PA)
  • A varejista tem atuação forte nas regiões Norte e Nordeste, além de números consolidados. Somente no primeiro semestre de 2020, a receita líquida da companhia foi de R$ 5 bilhões
  • Segundo especialistas, as ações têm grande potencial de valorização e o IPO é oportunidade para o investidor

Em 1986, existia uma pequena mercearia na cidade de Balsas, no estado do Maranhão, que vendia principalmente cachaça. O dono era um adolescente, ex-garimpeiro, que havia desistido de ficar rico por meio das pepitas em Serra Pelada. O negócio fundado por Ilson Mateus na década de 80 fez sucesso, se tornou um supermercado e depois o maior atacadista das Norte Nordeste do País. Mas não parou por aí.

No dia 8 de outubro, o chamado Grupo Mateus irá à Bolsa de Valores realizar o IPO que promete ser o maior do ano até agora. Se os papéis forem precificados no topo da faixa indicativa, que vai de R$ 8,97 e R$ 11,66, a empresa deve captar R$ 6,2 bilhões se considerados os lotes suplementares. Os recursos devem ser 100% destinados à expansão orgânica das operações.

Atualmente, a rede varejista tem 137 lojas físicas, 29 atacarejos, 23 supermercados, 2 hipermercados, 67 lojas de eletroeletrônicos e 16 lojas de vizinhança distribuídos pelo Maranhão, Pará e Piauí. O conglomerado também trabalha com atendimento por entrega no Tocantins, Bahia e Ceará.

Consolidada no mercado

O Grupo Mateus já é consolidado nos estados em que está presente. No primeiro semestre de 2020, a rede registrou lucro líquido de R$ 297 milhões, uma alta de 77,8% em comparação ao mesmo período de 2019. A receita líquida também saltou 26,7% na primeira metade do ano, passando dos R$ 4,4 bilhões, entre janeiro e junho de 2019, para os atuais R$ 5,1 bilhões.

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Na visão de Ana Paula Tozzi, CEO e head comercial da AGR Consultores, a diversificação de negócios é um dos fatores que protege as varejistas contra solavancos da economia. “A empresa cresceu de acordo com o potencial regional. O fato de ter um mix de lojas de conveniência, com atacarejo, supermercado, entre outros, possibilita compensar os altos e baixos de cada operação”, diz.

O fato de atuar nas regiões Norte e Nordeste, ainda não visadas por outras grandes varejistas, também contribui para os bons resultados. “O Grupo Mateus está em mercados que os outros players ainda não chegaram”, diz Tozzi. “Eles estão consolidados de uma forma que é mais fácil receberem proposta de compra, do que um Assai, por exemplo, que pretende começar do zero e competir com eles.”

Além da barreira competitiva, que é uma importante vantagem para a perpetuidade do negócio, a varejista tem a tecnologia como aliada na questão logística. Para organizar as entregas e os produtos destinados aos estabelecimentos, o Grupo Mateus conta com nove centros de distribuição. “No Brasil, são poucos os que realmente investem em projetos de transformação digital, expansão e centros de distribuição. Os executivos do Grupo Mateus estão entre eles”, afirma Tozzi.

Faz sentido. No prospecto preliminar da empresa, uma das estratégias de expansão foca em oferecer múltiplos canais de venda, entre eles ampliar a presença digital por meio de três plataformas de e-commerce: Mateus Online, focado em produtos não-alimentares e que faturou R$4,5 milhões só no mês de junho, a Canto do Chef, voltada para restaurantes, e a App Super – Mercado do Futuro, focada em delivery e drive-thru.

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Contudo, ainda há desafios pelo caminho. Entre eles, a Governança Corporativa, que tem estrutura familiar. Além de Ilson Mateus, os outros três acionistas controladores da companhia são Maria Barros Pinheiro, Ilson Mateus Rodrigues Junior e Denilson Pinheiro Rodrigues. “Eles precisam provar para o mercado que é possível ter uma governança e processos de compliance bem definidos, além de estrutura contábil e fiscal sólida”, afirma Tozzi.

IPO deve ser oportunidade

Para Tozzi, o potencial de valorização das ações do Grupo Mateus é grande, além do IPO em uma época favorável à captação de dinheiro. A especialista explica ainda que o mercado brasileiro é muito regionalizado, o que pode fazer grandes negócios como esse passarem despercebidos pelos investidores.

“O cara que é de São Paulo conhece a operação só de São Paulo, o de Minas conhece só de Minas e assim por diante”, diz Tozzi. “O Grupo Mateus, que ninguém conhecia até então, vai faturar bilhões esse ano, é surreal”, afirma. Na última segunda-feira (21), Ilson Mateus foi considerado pela Forbes a nona pessoa mais rica do Brasil, com uma fortuna avaliada em R$ 20 bilhões.

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