- Apesar de preço baixo não significar ação barata, existem papéis negociados por menos de R$ 5 na Bolsa que podem ser oportunidades
- Entre as mais negociadas por menos de R$ 5, estão Via (VIIA3), Méliuz (CASH3) e Oi (OIBR3)
Na Bolsa de Valores, nem sempre preço baixo significa ação barata. Pelo contrário, pode significar que a empresa esteja passando por problemas ou que o mercado não enxergue boas perspectivas para aquele negócio, o conhecido “mico”. Por outro lado, alguns papéis mais acessíveis chamam a atenção dos investidores, que anseiam descobrir um novo case ‘Magazine Luiza’.
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Vamos relembrar o caso. Até junho de 2017, a MGLU3 valia poucos centavos. Em novembro de 2020, cerca de três anos depois, o ativo chegou aos R$ 28,28 – máxima histórica. Mesmo com a atual queda dos papéis para o patamar de R$ 6,9, as ações da Magalu acumulam uma valorização de mais de 1.200% desde a estreia na B3. Em poucas palavras, quem investiu desde o início e segurou o papel, conseguir obter altos retornos.
Segundo levantamento feito pela Economatica, atualmente existem mais de 70 ações cujo preço é inferior a R$ 5 na Bolsa. Entre essas, o E-Investidor selecionou as 10 mais negociadas diariamente pelos investidores.
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1 -Via Varejo (VIIA3): ainda há percalços
Em primeiro lugar no ranking, aparece a varejista Via (VIIA3), que fechou o pregão da última sexta-feira (11) aos R$ 4,12.O volume médio diário de negociações com os papéis de companhia de e-commerce excede os R$ 200 milhões.
É importante lembrar que em junho de 2020 a VIIA3 chegou aos R$ 22,36, na esteira do boom de compras on-line em função do isolamento social. Agora, as ações caem 21,52% desde o início do ano, depois de já terem desabado 67,51% em 2021.
“Em função do salto no varejo on-line durante a pandemia e da crença de que a demanda no varejo físico voltaria com mais força após a vacinação e reabertura econômica, os investidores precificaram as empresas de varejo quase que à perfeição, sem olhar para os múltiplos esticados. Contudo, como as vendas acabaram não saindo como esperado (2020 e 2021) e somado aos resultados fracos no varejo, as companhias desabaram ao frustrar as expectativas do mercado”, afirmou a Nord Research, em relatório.
Um dos principais ‘culpados’ é o avanço da inflação e dos juros, que afetam diretamente o bolso dos consumidores. Por consequência, as empresas varejistas tendem a performar pior. Para completar, o último balanço da Via surpreendeu negativamente, com uma alta substancial de provisões para processos trabalhistas.
“Em vista dos resultados ruins, nos preços atuais, Via não é um bom investimento no momento”, explica a Nord. “O provisionamento trabalhista não só reflete nos resultados como também cria um sério problema de confiabilidade na governança corporativa da companhia.”
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Já para Felipe Vella, analista de renda variável da Ativa Investimentos, pode ser que o preço do papel tenha chegado a seu ‘piso’. “O VIIA3 parece ter marcado um fundo bem interessante no gráfico semanal, mostrando uma possível reversão pelo ponto de vista técnico”, explica.
O fim do ciclo de alta dos juros no Brasil também deve acontecer muito mais rápido do que no resto do mundo. É esperado que ainda em 2022, o Banco Central encerre a alta na Selic. “Um pedaço desse fluxo estrangeiro pode vir para o Brasil (na realidade, ja está vindo) e papeis que estão descontados podem ser alvo desse capital”, afirma Vella.
2 - Méliuz (CASH3): perspectivas de curto prazo
A medalha de prata do ranking é o papel de empresa de tecnologia e cashback Méliuz (CASH3), que na sessão anterior estava negociado a R$ 2,76. Desde o IPO, feito no final de 2020, o ponto máximo das ações foi a R$ 12,81, registrados em julho de 2021. A partir de então, o ativo segue em queda, mas mantém o volume de negociação diário de R$ 138,1 milhões.
Apesar da desvalorização de 77,8% desde o topo, as ações CASH3 estão na carteira recomendada da Toro para fevereiro. Para a corretora, os ativos sinalizaram um enfraquecimento da tendência de baixa. “Os papéis começam a apresentar uma movimentação de topos e fundos ascendentes, rompendo a média de 20 dias, o que pode sinalizar, no curto prazo, uma recuperação do sell-off (de venda) do segundo semestre de 2021”, explica a casa.
3 - Oi (OIBR3): nova fase, novo fôlego
As ações da Oi (OIBR3) completam o pódio das mais negociadas por menos de R$ 5, com um volume médio diário de R$ 123,3 milhões. No fechamento da última sexta, os papéis da empresa de telecomunicações estavam cotados a R$ 0,91.
Depois de toda a novela da venda da parte móvel da Oi para as concorrentes Tim, Vivo e Claro, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a operação na última quarta-feira (9). O imbróglio se arrastava desde o final de 2020 e imputava volatilidade aos papéis.
Com as expectativas em torno da aprovação, os ativos subirem 19,74% desde o início do ano. Depois da venda da parte móvel, a empresa deve focar na divisão de fibra ótica. Na visão de Fabiano Vaz, analista da Nord Research, investir menos de R$ 1 na nova Oi poderá se tornar um bom investimento no futuro.
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“Com uma estrutura de capital mais saudável, a Oi ficará, enfim, próxima de encerrar sua recuperação judicial, prevista para acontecer no meio de 2022”, afirma Vaz, em relatório. “Os riscos ainda existem e os desafios são grandes para a Nova Oi, por isso sugerimos uma alocação baixa.”
O BTG Pactual tem recomendação de compra para OIBR3, com preço-alvo de R$ 2,30. A instituição ressalta os resultados do terceiro trimestre como mistos. “A implantação de fibra continuou em um ritmo muito rápido no 3T. As vendas de FTTH (fibra ótica) atingiram R$ 751 milhões ( 96% a/a) e a Oi encerrou o trimestre com 13,5 milhões de casas passadas e 3,2 milhões de casas conectadas (taxa de aceitação de 23,5%)”, explica o banco, em relatório.
Cielo, Cogna e IRB: divisão de opiniões
Entre os papéis da lista que dividem opiniões no mercado, estão Cielo (CIEL3), Cogna (COGN3) e IRB (IRBR3). As ações da empresa de serviços financeiros estão cotadas a R$ 2,32. Para Vella, da Ativa, a tendência técnica é que os ativos atinjam o patamar de R$ 3,50.
“Cielo tem se reinventado, diminuído seu tamanho (custo) e fomentado desenvolvimento tecnológico nos últimos meses/anos. A expectativa é que oferecendo essas melhoras, ela passe a gerar mais resultado e assim destravar valor para médio prazo a seus acionistas”, explica o analista.
Já a COGN3, negociada a R$ 2,33, deve sofrer mais. O Bradesco BBI tem recomendação de venda para as ações, com preço-alvo de R$ 2,10. Como fundamentos para a recomendação, o banco ressalta os fracos fundamentos de crescimento de receita no principal negócio de ensino superior e resultados operacionais fracos em 2022.
Por último, o ressegurador IRB (IRBR3) segue em uma conjuntura desafiadora. Após a Squadra Investimentos publicar um relatório apontando inconsistências nos balanços da empresa no início de 2020, fraudes foram descobertas e os papéis desabaram. Hoje, estão negociados a R$ 3,18, bem longe dos R$ 39 de outrora.
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Desde então, as perspectivas para a companhia não são totalmente claras. O respeitado investidor Luiz Barsi é um dos que aposta na recuperação da empresa. Somente no último dia 4 de fevereiro, o maior investidor pessoa física da B3 comprou 1,5 milhões de ações do IRB, aproveitando uma queda nos papéis. A informação foi revelada ao Infomoney.
Entretanto, a visão positiva de Barsi não é unanimidade no mercado. No fim de janeiro, a Nord Research recomendou não entrar em IRBR3. “No nosso entendimento, a grande dificuldade da nova diretoria é fazer com que a empresa volte a ser rentável. No momento, acreditamos que os papéis do IRB devem continuar com forte volatilidade e seguir em tendência de queda”, explicou a research.