Enquanto algumas ações aproveitaram a alta recente do Ibovespa e até conseguiram dobrar seu crescimento em relação ao índice, outros papéis foram na contramão deste movimento. Desde seu patamar mais baixo, no dia 23 de março, aos 63.569 mil pontos, o Ibovespa já valorizou 57,36% e encerrou a última sexta-feira (10) aos 100.031 mil pontos.
Apesar disso, das 75 ações que compõem o Ibovespa, 42 delas tem o desempenho inferior ao índice no mesmo período. Dessas, três têm variação negativa ou praticamente zerada: Atacadão (CRFB3), Raia Drogasil (RADL3) e Pão de Açúcar (PCAR3). Outras duas – Vivo (VIVT4) e Embraer (EMBR3) – subiram só 5%. (Confira o ranking no final da reportagem)
O E-Investidor conversou com especialistas para explicar por que os papéis tiveram o desempenho tão abaixo do Ibovespa no período. A maioria, na verdade, não subiu agora porque não foi tão abalada pela crise. Ou seja, esses papéis não haviam se desvalorizado na depressão de março.
“São empresas que não foram tão impactadas e como não caíram muito, também não subiram”, diz José Francisco Cataldo, head de research da Ágora Investimentos.
Ações desvalorizadas ou zeradas
Desde o dia 23 de março são a do Atacadão (CRFB3), Raia Drogasil (RADL3) e Pão de Açúcar (PCAR3), são as ações com o pior desempenho.
Os especialistas explicam que os negócios destas empresas foram menos impactados durante o pico da pandemia. Assim, os papéis não tinham o que recuperar e, por isso, estão com o desempenho ruim mesmo com o bom momento do Ibovespa. “Enquanto a Bolsa derretia eles caíram muito pouco ou até estavam positivos”, diz Rafael Cota Maciel, gestor de renda variável da AF Invest.
Segundo Cataldo, da Ágora, quando o mercado se deu conta de que a crise iria passar antes do previsto e voltou a subir, essas ações ficaram para trás, pois não tinham o que recuperar. “Elas ficaram travadas sem um grande motivo”, afirma Cataldo.
Portanto, o desempenho dessas ações nos últimos meses não significa que estejam em um mau momento. “A grande recuperação aconteceu nos papéis que caíram com mais intensidade”, diz Maciel.
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Enquanto o Ibovespa tinha queda 45,03% do começo do ano até o dia 23 de março, o Atacadão (CRFB3) tinha baixa de -2,36%, a Raia Drogasil (RADL3) alta de 2,92% e o Pão de Açúcar (PCAR3) desvalorização de -17,38.
O desempenho delas desde então até a sexta-feira (10) era, respectivamente, de -9,86% (CRFB3), -3,57% (RADL3) e -0,77% (PCAR3).
Papéis com baixa valorização
Entre as ações que subiram menos de 5%, a avaliação é parecida. Em relação à Vivo (VIVT4), os especialistas afirmam que a empresa sofreu bem menos no auge da crise em comparação com a maioria das ações listadas no Ibovespa. Além disso, a companhia de telefonia atua em um setor muito previsível e dificilmente terá grandes altas sem informações muito positivas.
“A ação da Vivo não tem muito volatilidade e só sobe ou desce muito com uma notícia muito importante”, afirma Maciel.
Com isso, o gerente da AF Invest lembra que a Vivo também é uma empresa que deu continuidade ao seu serviço durante a pandemia e acabou virando menos que o índice. “Ela tem um negócio muito sólido e sua variação é mais previsível que o índice no geral”.
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Enquanto o Ibovespa caía 45,03% até o dia 23 de março, a queda das ações da Vivo (VIVIT4) eram apenas de 15,37%. Desde então seu papel tem o valorização de 3,56%.
No caso da Embraer (EMBR3), o baixo desempenho é puxado pelo cancelamento do acordo com a Boeing, de acordo com os especialistas. “Por causa da perspectiva pior, sem o acordo, ela ficou para trás e não conseguiu acompanhar a grande retomada das outras empresas do setor aéreo”, diz Maciel, da AF Invest.
“A falha de negociação deixou a Embraer em uma situação mais complicada e impediu o crescimento”, concorda Cataldo, da Ágora.
Desde o dia 23 de março até a sexta-feira (10), as ações da Embraer (EMBR3) tinham alta de 4,13%.
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